Tomás de Noronha

Fénix Renascida


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ás de Noronha

      FÉNIX RENASCIDA

      Pragas se orar mais por uma dama cruel

      Não sossegue eu mais, que um bonifrate,

      De urina sobre mim se vaze um pote,

      As galas, que eu vestir, sejam picote,

      Com sede me dêem água em açafate.

      Se jogar o xadrez, me dêem um mate,

      E jogando às trezentas um capote,

      Faltem-me consoantes para um mote,

      E sem o ser me tenham por orate.

      Os licores que beba, sejam mornos,

      Os manjares, que coma, sejam frios,

      Não passeie mais rua, que a dos fornos.

      E para minhas chagas faltem fios,

      Na cabeça por plumas traga cornos,

      Se meus olhos por ti mais forem rios.

      Às poesias que se fizeram a uma queimadura da mão de uma senhora

      Ó mão não de cristal, não mão nevada,

      Mão de relógio sim, pois que pudeste

      Nesta mísera terra em que naceste

      Fazer dar tanta infinda badalada.

      Que mão de almofariz enxovalhada

      Foi tal, como tu foste, ó mão celeste,

      Pois foste, quando mais resplandeceste,

      Em tantas de papel tão mal louvada.

      Nem de Cévola a mão negra e grosseira,

      Queimada entre morrões publicamente,

      Merecia tão míseras poesias.

      Mas louvo-as de subtis em grã maneira,

      Pois que para apagar a flama ardente

      Se fizeram de indústria assi mo frias.

      A uns noivos que se foram receber, levando ele os vestidos emprestados, e indo ela muito doente e chagada

      Saiu a noiva muito bem trajada,

      Saiu o noivo muito bem trajado,

      O noivo em tudo muito conchegado,

      A noiva em tudo muito conchagada.

      Ela uma anágoa muito bem bordada,

      Ele um capote muito bem bordado;

      Do mais do noivo tudo de emprestado,

      Do mais da noiva tudo de emprastrada.

      Folgámos todos os amigos seus

      De ver o noivo assim com tanto brio,

      De ver a noiva assim com tantos brios.

      Disse-lhe o cura então: – Confia em Deus.

      E respondeu o noivo: – E eu confio.

      E respondeu a noiva: – E eu com fios.

      A uma Dama com quem andava de amores

      Jogando com Paulinha o toque-emboque,

      Porque me punha em ré, usou de treta;

      Um cabe me armou, coube a palheta,

      Morre ela que de ilharga só lhe toque.

      Eu disse: «– Cabe peço, toque-emboque.»

      Mas antes que co' as bocas arremeta,

      Por me falar à mão, diz: «– Não se meta,

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