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Capítulo 1. O que é a Bitcoin?
Se abriu este livro, é provável que já tenha ouvido falar na bitcoin.
● É possível que tenha ouvido falar nos círculos financeiros uma vez que o valor desta moeda aumentou rapidamente.
● Possivelmente, deparou-se com este assunto num contexto tecnológico, pois a bitcoin é construída sobre uma nova tecnologia designada por cadeia de blocos.
● Ou então, leu algo sobre a bitcoin na comunicação social, devido à quantidade de novos utilizadores, famosas celebridades e empresários de sucesso que começaram a utilizar esta moeda há alguns anos.
Nos últimos anos, a bitcoin passou de algo conhecido apenas por alguns nerds das tecnologias a uma moeda revolucionária que mudou rapidamente a forma como pensamos o conceito de dinheiro.
Aqui está uma sinopse muito básica: A bitcoin é uma moeda digital. De muitas formas, funciona como o dólar, o euro ou o iene, permitindo a transferência de valor. No entanto, a força da bitcoin está na sua rede. A tecnologia de cadeia de blocos permite que esta moeda seja descentralizada, o que significa que qualquer pessoa pode aceder e negociar no registo público da bitcoin. A sua utilização permite enviar fundos para qualquer pessoa no mundo, sem a necessidade de recorrer a grandes instituições, como bancos, conversores de moedas ou processadores de pagamentos.
Tudo ocorre na rede pública da bitcoin.
Além dos pagamentos pessoa a pessoa, os pagamentos nesta moeda são agora aceites em todo o tipo de negócios. Há uns anos, encontrar sítios que permitissem efetuar pagamentos em bitcoin era um desafio. Para sermos sinceros, nos seus primeiros dias, poderíamos ter preenchido esta página com todos os sítios onde era aceite. Agora a sua aceitação disparou.
A bitcoin tem de momento outra utilidade: o investimento. À medida que as pessoas começaram a usar cada vez mais a bitcoin, o seu preço aumentou drasticamente. Como veremos mais adiante neste livro, muitas pessoas estão a comprar esta moeda como um ativo, à espera que valorize com o tempo.
Claro, a bitcoin ainda tem os seus problemas e desafios para o seu futuro. Iremos dar uma vista de olhos em alguns destes desafios nas próximas páginas.
Neste livro, abordaremos tudo o que precisa de saber para começar a utilizar a bitcoin. Começaremos pela sua origem.
Passemos ao que interessa!
O Início
Relembremos o que se passou há uns anos. Em 2008, a crise financeira estava em pleno andamento, e pessoas de todo o mundo sentiam os efeitos do desastre económico dos Estados Unidos.
Este foi um daqueles momentos da história em que os problemas das moedas nacionais revelaram a sua força. A crise financeira americana desvalorizou o dólar e os desafios económicos do país afetaram o mundo inteiro.
Em certos momentos, parecia provável dar-se um colapso económico completo. Onde estavam aqueles que deveriam ter garantido que nada disto pudesse ter acontecido? Dizer que foram incompetentes é uma forma ligeira de caracterizar o que aconteceu.
Os grandes “conhecedores” da área decidiram que a resposta poderia apenas ser dada pelo banco central. Com o intuito de combater o colapso rápido dos mercados financeiros, os governos de todo o mundo decidiram adotar uma medida designada por “flexibilização quantitativa”, em que imprimiam mais dinheiro para ser injetado nas suas economias, de forma a que os seus cidadãos tivessem fundos, evitando assim outra Grande Depressão.
Este género de mudanças rápidas gerou “guerras monetárias” e os governos, de imediato, começaram a competir para serem os que praticavam os preços mais baixos, de forma a permanecerem competitivos. Quando os bancos enfrentaram problemas face ao baixo valor da moeda e cortes nas taxas de juro, os governos foram forçados a resgatá-los com dinheiro dos contribuintes. Obviamente, isto apenas desvalorizou, ainda mais, a oferta de moeda existente.
Apesar de esta ser uma visão bastante simplificada de um momento histórico complexo, a lição permanece. A manipulação da oferta de moeda pelos bancos centrais desvalorizou moedas em todo o mundo.
No final, com as taxas de juro baixas e com os regates dos contribuintes, os próprios bancos inicialmente responsáveis pelo problema financeiro, foram aqueles que beneficiaram com a economia quase em colapso. Foi nesta época que se inspirou um senhor conhecido por Satoshi Nakamoto.
Antes de explicar precisamente como surgiu a bitcoin, vale a pena entender quem é Satoshi Nakamoto. A sua história e a história da sua moeda são misteriosas.
A verdadeira identidade de Satoshi permanece desconhecida até hoje. De acordo com declarações suas de 2012, tinha 37 anos e morava algures no Japão. No entanto existem muitas dúvidas sobre estes dados. Escreve em inglês fluente e o software bitcoin não está documentado em japonês, levando muitos a pensar que não seja, de facto, nipónico, embora possa lá ter morado naquela época.
Com um pouco de trabalho de detetive, um codificador suíço descobriu que Satoshi poderia estar a residir na América do Norte, tendo em consideração as alturas do dia em que fazia publicações nos fóruns da bitcoin. O codificador analisou os momentos das publicações mais comuns e constatou que estavam alinhadas com o horário médio de sono de alguém que residia no continente.
Saberemos algum dia quem é o criador desta moeda? Será um grupo de pessoas? Talvez nunca se descubra, mas uma coisa é garantida, esta pessoa, ou equipa, controla aproximadamente um milhão de bitcoins. Em junho de 2017 este valor equivalia a quase 3 biliões de dólares americanos. Com uma fortuna destas, poderiam comprar o direito à privacidade.
Este codificador anónimo analisou o estado do mundo financeiro e detetou bastantes problemas. As formas tradicionais para a resolução da crise tinham sido tentadas e, embora tivessem funcionado, reparou que, até àquele momento, pouco tinha sido feito para prevenir futuros desastres. O que poderia ser feito? Algum tipo de solução centralizada resolveria de vez problemas como este?
Decidiu que era necessária uma força disruptiva. Algo que pudesse modificar a forma de como a moeda é pensada. A resposta foi criar um tipo de moeda completamente descentralizada e aberta a todos, sem ter bancos centrais a controlar, nem uma cadeia de transferências com um supervisor. Nenhuma elite tomaria decisões que pudessem afetar os utilizadores da sua moeda.
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Descentralização: movimentação de departamentos de uma grande organização com um único centro administrativo, para outros locais.
Esta descentralização foi a força motriz que impulsionou o trabalho de Satoshi. Basicamente, a descentralização significa que todos fazem parte da economia bitcoin e que todos estamos a contribuir de algum modo. NÓS somos a força motriz, e não um banco central que controla o valor da nossa moeda e quanto desta temos disponível na nossa economia. Ainda melhor, ao mesmo tempo, ninguém tem o seu controlo.
Nenhum governo, banco ou intermediário pode dizer como deve ser usada a bitcoin, uma vez que esta pertence, literalmente, a todos aqueles