Блейк Пирс

Razão Para Matar


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O que eles estão fazendo aqui? - Perguntou.

      - A sede deles fica aqui na rua.

      Ramirez estacionou próximo a uma fila de carros de polícia. Uma fita amarela havia isolado uma boa parte do terreno. Vans de imprensa, repórteres, câmeras e populares se aglomeravam atrás da fita para tentar ver o que estava acontecendo.

      - Ninguém passa daqui - disse um policial.

      - Esquadrão de Homicídios – disse Black. Foi a primeira vez em que ela se deu conta de seu novo cargo, e se sentiu orgulhosa por isso.

      - Onde está Connelly? – Perguntou Ramirez.

      Um oficial apontou em direção às árvores.

      Eles caminharam pela grama, um pedaço de um campo de beisebol, à esquerda. Encontraram mais fita amarela antes de chegar às árvores. Debaixo da folhagem espessa havia um caminho que ladeava o rio Charles. Um policial, um perito e uma fotógrafa estavam em pé, ao redor de um banco.

      Avery evitou contato com aqueles que já estavam no local. Com o passar dos anos, ela havia aprendido que interações sociais atrapalhavam seu foco, e muitas perguntas e formalidades com outras pessoas atrapalhavam seu ponto de vista. Infelizmente, essa era outra de suas características que tinha despertado o desprezo de todos no departamento.

      A vítima era uma jovem colocada no banco em posição diagonal. Obviamente ela estava morta, mas não fosse a cor da pele, a posição e a expressão facial poderiam ter feito a maioria das pessoas que passaram por ali ter que olhar duas vezes para perceberem que algo estava errado.

      Como uma apaixonada esperando seu amado, as mãos da garota estavam na parte de trás do banco. Seu queixo descansava em suas mãos. Um sorriso malicioso nos lábios. Seu corpo estava virado, como se ela estivesse sentada e se movido para olhar para alguém ou para respirar fundo. Ela vestia um vestido de verão amarelo e sandálias brancas, com um lindo cabelo ruivo caindo sobre seu ombro esquerdo. Suas pernas estavam cruzadas e os dedos dos pés descansavam sutilmente no chão.

      Apenas o olhar de vítima entregava seu tormento. Eles emanavam dor e descrença. Avery ouviu uma voz em sua mente, a voz do velho homem que assombrava suas noites e seus dias também. Sobre suas próprias vítimas, certa vez ele a havia perguntado: O que elas são? Coisas sem nome, sem face, poucas em meio a bilhões, esperando para encontrar suas razões.

      Seu corpo se encheu de raiva. Raiva por ter sido exposta e humilhada e, acima de tudo, por ter tido toda sua vida destruída.

      Ela se aproximou do corpo.

      Como advogada, ela havia sido obrigada a examinar incontáveis perícias e fotos de legistas e qualquer coisa relacionada a seus casos. Como policial, seu conhecimento havia aumentado muito, já que rotineiramente analisava vítimas de assassinato pessoalmente, podendo fazer avaliações muito mais precisas.

      O vestido, notou, tinha sido lavado, assim como o cabelo da vítima. As unhas dos pés e das mãos estavam bem feitas, e quando chegou bem perto da pele, sentiu cheiro de coco e mel, com apenas um leve toque de formol.

      - Você vai beijá-la ou o que? – Alguém disse.

      Avery estava inclinada sobre o corpo da vítima, com as mãos em suas costas. No banco, um letreiro amarelo com o número 4. Além disso, na cintura da garota, havia cabelos crespos e alaranjados, quase imperceptíveis pelo vestido amarelo.

      O Supervisor de Homicídios Dylan Connelly estava em pé, com as mãos no quadril, esperando por uma resposta. Ele era áspero e durão, com cabelos loiros ondulados e olhos azuis penetrantes. Seu peito e seus braços quase saíam de sua camiseta azul. Suas calças eram de linho, marrom, e os sapatos pretos e grossos. Avery já tinha o visto várias vezes no escritório. Ele não era exatamente o tipo dela, mas tinha uma ferocidade animal que ela admirava.

      - Esta é a cena de um crime, Black. Da próxima vez, veja por onde você está andando. Você tem sorte que nós já buscamos as pegadas e impressões digitais.

      Ela olhou para baixo, confusa. Havia tomado cuidado por onde pisara. Black olhou para os Connelly, viu seu olhar determinado e percebeu que ele estava apenas encontrando uma desculpa para reprová-la.

      - Eu não sabia que isso era a cena de um crime – ela disse. – Obrigada por me lembrar.

      Ramirez riu em silêncio.

      Connelly mordeu a língua e deu um passo a frente.

      - Você sabe por que as pessoas não te suportam, Black? Não é apenas porque você veio do outro lado. É porque quando você estava do outro lado, você não respeitava os policiais, e agora que você está aqui dentro, você respeita menos ainda. Vou ser bem claro: eu não gosto de você, eu não confio em você, e com toda certeza eu não queria você na minha equipe.

      Ele virou-se para Ramirez.

      - Diga a ela o que nós sabemos. Estou indo pra casa tomar um banho. Estou cansado – disse. Retirou as luvas e as jogou no chão. Para Avery, acrescentou. – Espero um relatório completo até o fim do dia. Cinco em ponto. Sala de conferências. Você me escutou? Não se atrase. E limpe essa bagunça antes de sair também. Os agentes do estado foram gentis o suficiente para nos deixar trabalhar aqui. Seja gentil o suficiente para ao menos ser cortês com eles.

      Connelly saiu, com raiva.

      - Você sabe lidar com as pessoas – comentou Ramirez.

      Avery deu de ombros.

      A legista naquele caso era uma americana de origem africana, jovem e em forma, chamada Randy Johnson. Ela tinha olhos grandes e seu cabelo curto e com dreadlocks estava coberto apenas parcialmente pelo boné branco.

      Avery já havia trabalhado com ela antes. Elas tiveram um contato rápido durante um caso de violência doméstica. A última vez em que tinham visto uma a outra tinha sido após alguns drinks.

      Animada por estar em mais um caso com Avery, Randy estendeu a mão, se deu conta de que estava de luva e, envergonhada, aos risos, disse:

      - Oops! Eu posso estar contaminada.

      - Bom te ver, Randy.

      - Parabéns por entrar no Esquadrão de Homicídios – Randy disse. – Subindo na vida.

      - Uma coisa por vez. O que nós temos?

      - Eu diria que alguém estava apaixonado – respondeu Randy. – Limparam ela muito bem. Abriram pelas costas, drenaram o corpo, colocaram formol para não apodrecer e costuraram novamente. Roupas novas. Manicure. Cuidado total. Sem impressões digitais por enquanto. Não posso dizer muita coisa até chegar ao laboratório. Só consegui encontrar dois ferimentos. Consegue ver a boca? Você pode fazer isso por dentro, ou usar um gel para fazer um cadáver sorrir assim. Por esse ferimento de perfuração aqui – ela apontou para o canto do lábio – eu diria injeção. Tem outro aqui. – Apontou para o pescoço. – Pela coloração, esse foi feito primeiro, talvez na hora da abdução. Esse corpo está morto por aproximadamente 48 horas. Encontrei alguns cabelos intrigantes.

      - Há quanto tempo ela está aqui?

      - Ciclistas a encontraram às seis. – Ramirez respondeu. – O parque é vigiado todas as noites por volta da meia-noite e três da manhã. Ninguém viu nada.

      Avery não conseguiu parar de olhar os olhos da garota morta. Eles pareciam olhar para algo distante, mas ainda assim perto da costa, daquele lado do rio. Ela cuidadosamente foi até atrás do banco e tentou seguir a linha do olhar. Após o rio, havia muitos prédios de tijolo. Um deles era pequeno, com uma cúpula branca no topo.

      - Que prédio é aquele? – Perguntou. – O grande com a cúpula?

      Ramirez analisou.

      - Talvez o Cinema Omni?

      - Podemos descobrir o que está em cartaz?

      - Por que?

      - Não sei. Só um pressentimento.

      Avery se