Melinda pegou calorosamente na mão de Riley.
Disse, “Mais uma vez, não sabemos como lhe agradecer por estar com o Liam quando ele mais precisou.”
Riley limitou-se a anuir e Melinda seguiu o marido até ao exterior.
Depois Riley viu-se frente a frente com Liam.
Tinha os olhos muito abertos e olhou para Riley como se só agora se apercebesse que se ia embora.
“Riley,” Disse ele com a voz trémula, “nunca tivémos a oportunidade de jogar um jogo de xadrez.”
Riley sentiu uma pontada de arrependimento. Liam estava a ensinar o jogo a April, mas de alguma forma Riley nunca jogara com ele.
Agora sentia que nunca fizera muitas outras coisas.
“Não te preocupes,” Disse ela. “Podemos jogar online. Quero dizer, vais manter o contacto, não vais? Queremos ouvir notícias tuas. Muito. Se não disseres nada, vou a Omaha. Acho que não vais querer que o FBI te apareça à porta.”
Liam riu.
“Não se preocupe,” Disse ele. “Eu dou notícias. E vamos jogar xadrez de certeza.”
Depois acrescentou com um sorriso endiabrado, “Vou dar-lhe uma coça, sabe.”
Riley riu-se e abraçou-se a ele.
“Nos teus sonhos,” Disse ela.
Mas é claro que ela sabia que ele tinha razão. Ela era uma boa jogadora de xadrez, mas não tão boa para ganhar a um miúdo brilhante como Liam.
À beira das lágrimas, Liam saiu porta fora. Entrou no carro com Scott e Melinda, e começaram a viagem para casa.
Enquanto Riley ficou a observá-los a afastarem-se, ouviu Jilly e Gabriela a limpar a cozinha.
Depois sentiu alguém a apertar-lhe a mão. Virou-se e viu que era April, olhando para ela com um ar preocupado.
“Estás bem mãe?”
Riley mal conseguia acreditar que era April a fazer aquele papel. Afinal de contas, Liam fora seu namorado quando se mudara para ali. Mas desde essa altura que o namoro ficara pendente. Tinham que ser “hermanos solamente” como dissera Gabriela – apenas irmão e irmã.
April lidara com a mudança com graça e maturidade.
“Estou bem,” Disse Riley. “E tu?”
April piscou os olhos, mas parecia estar a controlar as emoções de forma notável.
“Estou bem,” Disse ela.
Riley lembrou-se de algo que April planeara fazer com Liam quando a escola terminasse.
Disse, “Ainda planeias ir para o campo de xadrez este verão?”
April abanou a cabeça.
“Não seria o mesmo sem o Liam.”
“Eu compreendo,” Disse Riley.
April apertou a mão de Riley com mais força e disse, “Fizemos uma coisa muito boa, não foi? Quero dizer, ter ajudado o Liam.”
“Sem dúvida que fizemos,” Disse Riley, apertando a mão de April.
Então ficou a olhar para a filha por um momento. Parecia tão incrivelmente adulta naquele instante e Riley sentiu um orgulho profundo dela.
É claro que como qualquer mãe se preocupava com o futuro de April.
Ficara especialmente preocupada recentemente quando April lhe anunciara que queria ser agente do FBI.
Era aquele tipo de vida que queria para a sua filha?
Lembrou-se mais uma vez…
Não importa o que eu quero.
A sua função enquanto mãe era fazer os possíveis para realizar os sonhos da filha.
April começava a sentir-se inquieta sob o olhar intenso e repleto de amor de Riley.
“Um, passa-se alguma coisa mãe?” Perguntou April.
Riley limitou-se a sorrir. Esperara pelo momento certo para dar algo especial a April. E se aquele não era o momento certo, não sabia quando seria.
“Vamos até lá acima,” Disse Riley a April. “Tenho uma surpresa para ti.”
CAPÍTULO DOIS
Enquanto Riley acompanhava April pelas escadas, deu por si a pensar se tinha realmente tomado a decisão certa. Mas ela conseguia sentir que April estava entusiasmada com o conteúdo da “surpresa”.
Pareceu-lhe que April também estava um pouco nervosa.
Não mais nervosa do que eu, Apercebeu-se Riley. Mas sabia que não podia mudar de ideias agora.
Entraram no quarto de Riley.
Um relance da expressão no rosto da filha convenceu Riley a não avançar com explicações. Foi ao seu armário onde se encontrava um pequeno cofre preto na prateleira. Digitou o código, retirou algo do seu interior e colocou o objeto em cima da cama.
Os olhos de April arregalaram-se com o que viu.
“Uma arma!” Disse ela. “É…?”
“Tua?” Disse Riley. “Bem, legalmente ainda é minha. A lei da Virginia diz que só podes possuir uma arma aos dezoito anos. Mas podes aprender com esta até lá. Vamos andar devagar, mas se te habituares a ela, será tua.”
April estava estupefacta.
“Queres?” Perguntou Riley.
April parecia não saber o que dizer.
Será que cometi um erro? Perguntou-se Riley. Talvez April não se sentisse prepararada para aquilo.
Riley disse, “Disseste que querias ser uma agente do FBI.”
April anuiu avidamente.
Riley disse, “Então – eu pensei que seria boa ideia iniciar-te no treino de armas. Não te parece bem?”
“Sim – oh, sim,” Disse April. “Isto é fantástico. Mesmo, mesmo fantástico. Obrigada mãe. Estou só um bocado espantada. Não esperava isto.”
“Eu também não,” Disse Riley. “Quero dizer, não esperava fazer isto nesta altura. Possuir uma arma é uma grande responsabilidade com que muitos adultos não conseguem arcar.”
Riley tirou a arma da caixa e mostrou-a a April.
Disse, “É uma Ruger SR22 – uma arma semiautomática de calibre .22.”
“.22?” Perguntou April.
“Acredita em mim, isto não é um brinquedo. Ainda não te quero treinar com um calibre mais elevado. Uma .22 pode ser tão perigosa como qualquer outra arma – ou até mais. Há mais pessoas a morrerem com este calibre do que com outro qualquer. Trata-a com cuidado e respeito. Só a vais manipular para treinar. O resto do tempo fica no meu armário. Vai ficar num cofre que só pode ser aberto com um código. Por agora, só eu terei acesso a ele.”
“Claro,” Disse April. “Não a ia querer por aí à toa.”
Riley acrescentou, “E preferia que não falasses disto à Jilly.”
“E a Gabriella?”
Riley sabia que a pergunta era pertinente. No que dizia respeito a Jilly, tratava-se de uma simples questão de maturidade. Ela poderia ter ciúmes e querer uma arma para ela, algo que estava fora de questão. Quanto a Gabriela, Riley suspeitava que ela ficaria assustada com a ideia de April estar a aprender a usar uma arma.
“Hei-de dizer-lhe,” Disse Riley. “Mas ainda não.”
Riley