Блейк Пирс

Abatidos


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      Ela olhou para Riley com um sorriso amplo.

      “Mas depois ficaste,” Acrescentou. “Eu sei que adiaste a viagem pela peça. Sabes o quanto isso significa para nós?”

      Riley sentiu-se comovida. Encostou-se para a frente e as duas abraçaram-se.

      “Então, não faz mal se eu for?” Perguntou Riley.

      “Claro que não. A Jilly disse-me que esperava que apanhasses uns maus da fita. Ela tem muito orgulho no que fazes, mãe. E eu também.”

      Riley ficou emocionada. Ambas as filhas estavam a crescer tão depressa. E estavam a tornar-se umas jovens extraordinárias.

      Riley beijou APril na testa.

      “Amo-te querida,” Disse ela.

      “Eu também te amo,” Disse April.

      “O que é que estás a fazer a pé?” Disse Riley a April. “Desliga a luz e vai dormir. Amanhã é dia de escola.”

      April deu uma risadinha e desligou a luz. Riley foi para o seu quarto para pegar na mala.

      Já passava da meia-noite e tinha que ir até DC para apanhar um voo comercial a tempo.

      Ia ser uma longa noite.

      CAPÍTULO SEIS

      O lobo estava deitado sobre a barriga no duro solo do deserto.

      Era assim que o homem se via a si próprio – um animal a perseguir a sua próxima vítima.

      Tinha uma excelente vista de Fort Nash Mowat do seu posto bem situado e o ar noturno era agradável e fresco. Espreitou a vítima daquela noite através da espingarda com visão noturna.

      Pensou nas suas vítimas odiadas.

      Há três semanas tinha sido Rolsky.

      Depois fora Fraser.

      E por fim Worthing.

      Abatera-os com grande destreza, com tiros na cabeça tão limpos que nem se haviam apercebido do que lhes sucedera.

      Naquela noite seria a vez de Barton.

      O lobo observou Barton a andar num caminho sem iluminação. Apesar da imagem noturna ser granulosa e monótona, o alvo estava suficientemente visível para poder alcançar o seu objetivo.

      Mas ainda não atingiria a presa daquela noite – ainda não.

      Ele não estava muito longe. Alguém próximo poderia descobrir a sua localização, apesar de ter colocado um silenciador à sua M110. Ele não iria cometer o erro de amador de subestimar os soldados daquela base.

      Seguindo Barton através da mira, o lobo apreciou a sensação de ter a M110 nas mãos. Por aqueles dias o Exército estava a começar a utilizar a Heckler & Kock G28 como espingarda de sniper padrão. Apesar do lobo saber que a G28 era mais leve e mais compacta, ainda assim preferia a M110. Era mais certeira, apesar de ser mais longa e mais difícil de esconder.

      Tinha vinte balas, mas apenas tencionava utilizar uma quando chegasse o momento de disparar.

      Ia eliminar Barton com um tiro ou com nenhum.

      O homem conseguia sentir a energia da matilha, como se o estivessem a observar, como se o estivessem a apoiar.

      Viu Barton a chegar finalmente ao seu destino – um dos courts de ténis ao ar livre da base. Vários outros jogadores o cumprimentaram quando ele entrou no court e começou a retirar do saco o seu equipamento.

      Agora que Barton estava numa área bem iluminada, o lobo já não tinha necessidade de utilizar a mira noturna. Retirou-a para utilizar a mira diurna. Depois apontou diretamente à cabeça de Barton. A imagem já não era granulosa, mas sim nítida e colorida.

      Barton encontrava-se a noventa metros de distância naquele momento.

      Àquela distância, o lobo podia depender da precisão da espingarda até uma polegada.

      Dependia dele manter-se dentro dessa polegada.

      E ele sabia que o faria.

      Basta apenas apertar ligeiramente o gatilho, Pensou.

      Era tudo aquilo de que necessitava naquele momento.

      O lobo deliciou-se naquele momento misterioso e suspenso no tempo.

      Havia algo quase religioso nesses segundos que antecediam o apertar do gatilho, quando ele aguardava pelo disparo, quando aguardava decidir-se a pressionar o gatilho com o dedo. Nesses momentos, A vida e a morte pareciam estranhamente distantes da sua vontade. O movimento irrevogável sucederia na completude de um instante.

      A decisão seria sua – e no entanto, seria tudo menos sua.

      Então, a decisão era de quem?

      Ele imaginava que havia um animal, um verdadeiro lobo, a insinuar-se dentro de si, uma criatura sem remorsos que assumia o real comando sob aquele momento e movimento fatal.

      Aquele animal era tanto seu amigo como seu inimigo. E ele adorava-o com um amor estranho que apenas podia sentir por um inimigo mortal. Aquele animal interior era o que despoletava o melhor de si.

      O lobo ficou deitado à espera que o animal atacasse.

      Mas o animal não o fez.

      O lobo não pressionou o gatilho.

      Interrogou-se porquê.

      Algo parece errado, Pensou.

      Rapidamente lhe ocorreu o que seria.

      A vista do alvo do court de ténis luminoso através da mira regular era simplesmente demasiado clara.

      Não lhe custaria nada.

      Não haveria qualquer desafio.

      Não seria digno de um verdadeiro lobo.

      E também era demasiado cedo em relação à última morte. Os outros tinham sido espaçados para despoletar alguma ansiedade e incerteza entre os homens que abominava. Matar Barton agora iria interromper o impacto ritmado psicológico do seu trabalho.

      Sorriu perante a sua tomada de consciência. Levantou-se com a arma e começou a caminhar de onde viera.

      Sentiu que deixar a sua presa por agora era a atitude certa.

      Ninguém sabia quando é que ele voltaria a atacar.

      Nem ele próprio.

      CAPÍTULO SETE

      Ainda estava escuro quando o avião de Riley levantou voo. Mas mesmo com a mudança de hora, ela sabia que seria de dia em San Diego quando lá chegasse. Estaria a voar durante mais de cinco horas e já se sentia cansada. Amanhã de manhã tinha que estar completamente operacional quando se juntasse a Bill e Lucy para a investigação. Haveria muito trabalho a fazer e ela precisava de estar pronta para o concretizar.

      O melhor é dormir um pouco, Pensou Riley. A mulher sentada a seu lado já parecia estar a dormitar.

      Riley recostou a cadeira para trás e fechou os olhos. Mas em vez de adormecer, deu por si a lembrar-se na peça de Jilly.

      Sorriu ao recordar-se de como a Perséfone de Jilly tinha batido na cabeça de Hades e fugido do submundo para viver a vida segundo as suas regras.

      Emocionou-se ao lembrar-se da primeira vez que encontrara Jilly. Era de noite numa paragem de camiões em Phoenix. Jilly fugira da miserável vida que tinha em casa com um pai agressivo e subiu para a cabine de um camião estacionado. Iria vender o seu corpo ao condutor quando ele regressasse.

      Riley estremeceu.

      O que seria de Jilly se ela não tivesse aparecido naquela noite?

      Amigos e colegas muitas