Dawn Brower

Como Beijar Uma Debutante


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que fôssemos… amigos. Acho que é essa palavra que estou buscando. Se vamos ser amigos, então você pode me chamar pelo meu nome e então poderei chamá-lo pelo seu.

      – Isso me parece justo – disse ele. Rafe queria mais do que ser só amigo dela. – Mas primeiro a senhorita precisa me dizer o seu nome para que possamos prosseguir dessa forma.

      – O senhor está certo, é claro – disse ela, e então suspirou. – Meu nome é Aletha.

      – É um prazer conhecê-la, senhorita Aletha.

      – Eu acho que seremos os melhores amigos, Sr. Rafe.

      Os lábios dele se contorceram. Talvez a corrigisse mais tarde. Por agora, iria aproveitar aquele faz de conta…

      CAPÍTULO TRÊS

      Aletha não esperava um encontro com um homem enigmático durante a viagem para Londres, mas, ainda assim, seria eternamente grata pelo acontecido. Ele era maravilhoso com aqueles cachos escuros meio compridos demais. O cabelo roçava um pouco além do colarinho e tinha uma textura interessante. Queria erguer a mão e tocar o cabelo dele para ver se era tão sedoso quanto parecia, mas firmou as mãos recatadamente no colo. A última coisa que queria era assustá-lo. Não se lembrava de alguma já ter ficado tão encantada por um homem. Esse tinha olhos impressionantes que pareciam mais prateados do que acinzentados. Rafe… ela até mesmo gostava do nome. O sotaque dele fazia os dedos dos seus pés se curvarem. Resumindo, ele era uma tentação.

      – O que lhe trouxe à Inglaterra? – perguntou ele. Os olhos pareciam brilhar na luz da manhã. Aletha disfarçou um suspiro. Não precisava ficar sonhando acordada com ele. Aquilo poderia afastá-lo completamente.

      – Obrigações familiares – respondeu ela. Aletha não queria falar sobre o casamento com ele. Aquela hora era dela, e pretendia aproveitá-la. Além do mais, só conhecia William Collins de passagem. A irmã dele foi quem meio que entrou para a família por meio do casamento. Mas o fato não impediu seus pais de aproveitarem a oportunidade de ir ao casamento e mandar que ela fosse também. Eles esperavam que ela conhecesse um lorde alguém e que o enredasse. Haveria muitos no evento.

      – Ah – disse Rafe, o tom sugerindo que ele tinha entendido. – Elas podem ser um pouco entediantes. Embora, às vezes, também podem ser divertidas. Há algo do tipo me arrastando para Londres.

      Ela ergueu os lábios.

      – Espero que a sua esteja puxando mais para o lado divertido.

      – Tenho certeza de que sim. – Os lábios de se ergueram nas comissuras. – Isso se o passado for indicativo de alguma coisa.

      Aletha pensou em perguntar sobre as outras ocasiões, mas se segurou. O passado não importava. O que importava era o aqui e o agora. Aquela hora. O primeiro encontro entre os dois e para onde aquilo iria. Poderia convidá-lo para o casamento. Ninguém se importaria. Talvez seus pais… eles queriam alguém de posição mais elevada para ela. Ninguém nunca perguntou o que ela queria. Se tivessem perguntado, o avô teria permitido que ela tomasse parte na Carter Candy Company vários anos atrás. Até mesmo agora, ele não tinha concordado. Aquele era um teste e mesmo se ela passasse, ele podia muito bem ignorar a sua potencialidade como futura funcionária só porque ela nasceu mulher.

      Aletha não queria contar nada daquilo para Rafe. Gostou dele, mas não o conhecia. Porém, aquilo lhe daria algo sobre o que falar além do casamento. Se ele fosse como a maior parte dos homens que conhecia, ele não teria a mínima vontade de sossegar e arranjar uma esposa. Bastava a palavra casamento ser mencionada para o seu irmão inventar uma desculpa para se esquivar da conversa e praticamente fugir da sala.

      – Isso é bom. Só pelo tom da sua voz, dá para perceber que é muito melhor do que inspecionar edifícios em potencial para negócios de especulação. – Apesar de Aletha ter gostado bastante de visitar o último deles. Tinha sido emocionante, e gostou do desafio. Esperava que o avô fosse ser sensato…

      – Oh? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Que tipo de propriedade a senhorita está procurando? Jamais tive a oportunidade de conversar com uma mulher de negócios. Os americanos são tão progressistas.

      Não tão progressistas quanto desejava…

      – Uma grande o bastante para expandir nossas operações para a Inglaterra. Irei saber quando a encontrar. Tenho mais algumas para visitar antes de voltar para casa. – De alguma forma, encontraria tempo entre as festividades do casamento.

      – Que maravilhoso – disse ele. O tom sugeria que ele tinha sido sincero. Aquilo era um sopro de ar fresco. – Suponho que a senhorita as olhou antes de partirmos. É por isso que estava lá?

      Ela sacudiu a cabeça.

      – Bem – começou. – Parcialmente. Nosso navio aportou lá em vez de em Londres. Minha mãe odeia o porto de Londres. Fiquei para trás ontem e vi a propriedade e eles foram na frente para… – Aletha quase mencionou o casamento, mas se segurou. – Ela não queria esperar. Londres a chamava e acredito que ela tenha mencionado algo sobre compras. – Não foi uma mentira, não tudo. A mãe tinha tagarelado sobre visitar algumas de suas lojas favoritas. Aletha mal conseguiu segurar uma ou duas reviradas de olho. – Ela tem outras prioridades.

      – Entendo…

      – Tenho certeza de que sim. – Muitos homens acreditavam que tudo o que as mulheres queriam fazer era gastar o dinheiro deles com frivolidades. A mãe de Aletha se encaixava bem no estereótipo como se ele fosse uma gaveta forrada de seda. – E o que o senhor faz com o seu tempo? – Ela ergueu uma sobrancelha. – É um homem de negócios?

      – De certa forma – respondeu ele, enigmático. – Minha família tem vários negócios dos quais eu cuido.

      Se ele fosse um lorde inglês, ela presumiria que ele estivesse falando das obrigações com o título, mas o sotaque dele sugeria algo diferente.

      – Desculpe a pergunta, mas de onde o senhor é?

      – Por que a senhorita acha que eu não passo meus dias na Inglaterra? – Ele sorriu.

      Ela abriu a boca para responder, mas se segurou. Como poderia declarar o óbvio sem soar grosseira?

      – Perdoe-me – começou. – É só porque não consigo identificar o seu sotaque e tirei conclusões precipitadas. Suponho que o senhor poderia chamar a Inglaterra de lar.

      – Não tema, minha querida – disse ele, carinhosamente. – A senhorita estava correta da primeira vez. Eu não vivo aqui, mas a família da minha mãe, sim. Então isso me faz vir à Inglaterra com bastante frequência. Minha tia também se casou com um duque, então nossos laços com a Inglaterra são bem fortes. – Ele parou por um momento. – Mas, infelizmente, você está certa. Aqui não é o meu lar. Fico muito mais confortável em minha propriedade na Itália.

      Italiano… que interessante. Aletha tinha mais perguntas, mas já tinha sido intrometida o bastante. Se ele lhe oferecesse mais detalhes, ela iria absorvê-los. Não sabia mais o que dizer. Uma propriedade implicava dinheiro, então se algo mais acontecesse entre eles, sua família não se intrometeria. Ela suspirou. Estava inventando um futuro depois de uma conversa em um trem. O que havia de errado com ela? Precisava tirar a cabeça das nuvens e firmar os pés na realidade.

      – Isso parece horrível – disse Rafe. – Eu disse algo errado?

      Estava gostando muito de ter Aletha como companhia e desejou que a viagem fosse mais longa. Chegariam a Londres em breve e então tudo chegaria ao fim. Queria encontrar outra razão para vê-la, mas não conseguia pensar em uma boa desculpa. Devido à forma como se apresentaram um ao outro, ele sequer conseguiu saber o sobrenome dela. Não iria poder procurar por ela e sequer encontrá-la acidentalmente de propósito. Rafe nunca conheceu uma mulher que o tenha deixado tão intrigado. A mulher era uma mistura de recato e falta de decoro. Ela sabia como deveria agir e, ainda assim, virava o nariz para tudo quando bem entendia. Adorou aquele lado dela.