de tentar fazer um acordo com Mel semanas antes, quando ela era sua prisioneira. Os vampiros usaram um lapso momentâneo em sua guarda para se esgueirar e tomá-la. Tudo parecia ter acontecido há séculos agora, mas parte disso era porque ele não teve tempo para realmente lidar com as consequências.
Ela endureceu a mandíbula.
— A escolha não é sua.
— O inferno que não é. — Luke queria se levantar, andar de um lado para o outro, mas permaneceu sentado. — Você está no meu território, Cass. Acha que vou deixar uma bruxa te matar?
— Estou morrendo de qualquer maneira! — Deveria ter sido um grito, mas saiu como uma tosse rouca. — As transformações estão acontecendo cada vez mais rápido. Não sei quanto mais vou durar.
A tristeza desesperada em sua voz apunhalou Luke até o âmago. Ele queria algo contra o qual pudesse lutar, alguma forma de torná-la melhor. Em vez disso, estava preso aqui, depositando suas esperanças em uma bruxa que mal conhecia para ajudar sua irmã e salvar seu povo.
Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, Mel falou:
— As pessoas que fizeram isso com ela apareceram? Se querem algo de você, provavelmente vão quebrar o feitiço em troca.
Luke queria contar tudo a ela. Queria jogar a cautela ao vento e pedir seu conselho antes mesmo de levar o assunto a seus conselheiros de confiança do bando. Mas não conseguiu. Tinha uma responsabilidade para com seu povo e, à frente disso, não podia passar informações confidenciais a alguém que recentemente fora seu inimigo.
Ou, se não fosse sua inimiga, tinha sido pelo menos sua oponente.
Por isso, ele não chegou a responder.
— Mesmo que fizessem, por que eu acreditaria neles? — Ele se virou para Cassie. — Tem certeza de que confia na Krista para fazer isso?
Cassie assentiu.
— Sim.
Então ele respeitaria a decisão de sua irmã. Até certo ponto. Olhou para Krista, deixando apenas um pouco do seu leão interior aparecer em seus olhos. Para seu crédito, ela não vacilou.
— Se ela morrer... — Ele não terminou a ameaça antes que a bruxa assentisse.
— Entendi.
3
Mel saiu do quarto antes que Krista começasse a trabalhar em Cassie. Tanto Maya quanto Luke ficaram, o que a fez se sentir um pouco culpada por abandonar sua parceira aos leões potencialmente hostis. Mas a sensação de enjoo provocado pela magia era demais para ela, que podia sentir um peso sendo tirado de seus ombros a cada passo. Nem todo metamorfo podia sentir a magia. Na verdade, a maioria não conseguia. Mas Mel conviveu com bruxos desde os oito anos e, embora não fosse capaz de fazer magia sozinha, sentia que era uma habilidade aprendida.
Chegou ao quarto e puxou o diamante de debaixo da camisa. A corrente de prata se acumulou em sua mão, quente de sua pele. Ela rolou o diamante entre dois dedos. Nada nisso parecia mágico, não havia marcas especiais. Mas nas mãos de uma bruxa poderosa o suficiente, esta pedra poderia ser usada para rastrear Ava. Isso iria atingi-la até que Mel pudesse encontrá-la e derrotá-la de uma vez por todas.
E era a única razão pela qual tinha ficado no complexo de Luke desde que voltaram do México.
Não era?
Pegou sua bolsa e colocou o colar em um compartimento escondido. No que dizia respeito à segurança, faltava qualquer coisa que ela aceitaria em circunstâncias normais. Mas não tinha outro lugar para escondê-lo além de usá-lo o tempo todo, e se Krista visse, se perguntaria por que Mel não tinha feito as malas e deixado o lugar no momento em que Luke balançou o diamante diante dela.
Mel empurrou a bolsa para debaixo da cama e pulou no colchão bem a tempo de ver Krista entrar mancando. A bruxa estava coberta por uma fina camada de suor e com a pele pálida. Parecia não dormir há três semanas.
— Deu certo? — perguntou Mel. Ela não tinha ouvido nenhum grito, o que parecia uma melhora, mas não havia como dizer.
Krista se apoiou contra a porta e se deixou afundar no chão bem devagar. Ela caiu com um baque e puxou as pernas para perto, descansando a cabeça no joelho.
— Acho que sim. A garota conseguiu. Maya vai colocar um dos membros mais antigos do bando para monitorá-la. Acho que se não se transformar nas próximas doze horas, ela deve ter controle suficiente para sobreviver até... — Krista não terminou o pensamento. Não precisava.
— Bom, estou feliz que ela vai ficar bem. — Mel não se preocuparia com o que poderia acontecer depois. Eles pararam a ameaça imediata, que era tudo o que podiam fazer no momento. — Você foi capaz de descobrir quem lançou o feitiço? — Mel estava acostumada a não saber para quem trabalhava, mas não suportava não conhecer seus inimigos.
A voz de Krista foi abafada contra a perna e Mel mal podia vê-la balançar a cabeça.
— Não, tive que parar de procurar quando a Cassie começou a se transformar.
— Você tem alguma ideia? — Esse tipo de magia era estranha. Quase qualquer bruxa poderia fazer, mas fazê-lo sem deixar uma conexão clara entre o feiticeiro e a feitiçaria sugeria alguém com imenso poder e habilidade. Poucos bruxos optavam por usá-los. Elas criaram um vínculo que poderia ser manipulado e voltado contra a bruxa responsável. A maioria via isso como um risco muito grande para ser assumido.
— Um nome me vem à mente. — Krista se levantou devagar e se dirigiu para a cama. O quarto não tinha sido originalmente feito para duas pessoas e Mel reivindicou a cama de solteiro no segundo em que entrou. Isso deixou Krista com uma cama improvisada que ela dizia ser muito confortável. Mel tinha tentado oferecer a cama depois do seu ferimento, mas a bruxa não quis. — Mas se for ela... — continuou Krista — seria muita coincidência.
— Ava. — O nome encheu Mel de raiva e um senso de propósito. Se ela tivesse lançado o feitiço em Cassie, Mel não teria motivo para aquela pedra. Haveria uma matilha inteira de leões caçando a bruxa, e demoraria apenas um certo tempo até que a encontrassem. Mas não se tratava apenas de Cassie. Ava matou a família de Mel, sua matilha inteira, quando ela era apenas uma criança. O objetivo de sua vida era se vingar da bruxa. E ela nunca tinha estado tão perto.
— Ou alguém que ela treinou. Não consigo imaginar nenhum dos outros covens principais fazendo isso. — Tudo se resumia à política. Oficialmente, Ava não controlava nenhum território, mas não era afiliada a nenhum clã. Qualquer coisa que ela reivindicasse era abandonada assim que ela conseguiu o que queria. — Mas — continuou Krista —, mesmo que seja ela, queremos realmente lutar com ela aqui? Agora? — Ela gesticulou para sua ferida. — Não estou exatamente em ótima forma e não conhecemos essas pessoas.
— Você está sugerindo que joguemos fora aliados em potencial? Eles não são exatamente estúpidos para ir contra ela. — Ninguém que conhecia Ava se opôs a ela por muito tempo. O melhor curso de ação para lutar com ela era evitá-la.
— Essas pessoas eram nossos inimigos há duas semanas. Você não acha que eles vão se voltar contra nós no segundo que tiverem uma chance? — Uma veemência inesperada soou nas palavras de Krista. — Não há nada para nós aqui, Mel. Provavelmente deveríamos pensar em fazer as malas antes que o território deles queime.
Mel não respondeu. Não podia discutir com Krista, especialmente porque ela provavelmente estava certa. Em vez disso, deixou a bruxa por conta própria e saiu, determinada a extravasar um pouco da energia que queimava dentro de si.
Ao sair, viu Maya descendo as escadas carregando uma bandeja cheia de sopa fumegante. A leoa não disse nada e Mel devolveu o favor. Maya não parecia de bom humor e Mel não tinha vontade de contrariá-la. Ainda não.
Mas as palavras de Krista a assombravam. Ela nunca foi tão rápida em confiar,