reconhecia no rosto de Elio o seu pai, quem em Gaia, quem desconhecendo em ambos qualquer semelhança, indicava como culpados os avós.
começaram os ruidos da banda que aquecia os instrumentos. tudo estava pronto. o apresentador, ou para melhor dizer o homem que todos os anos ocupava-se falando a partir do palco, convidou as habituais autoridades da aldeia para subir.
terminou o discurso e tambem os agradecimentos aos sponsor, no mais absoluto desinteresse dos citadinos que começavam a bocejar. no momento aplaudiam à esperança que tivessem terminado e deixassem a banda tocar.
ao anuncio do abandono do palco do pseudo-apresentador partiu o mais forte dos aplausos. o maestro deu um pequeno salto e, com um movimento da mão, agitou a baqueta deixando partir o ataque dos trombones que deram a partida da musica, seguidos, intempestivamente, antes pela bateria, depois pelos saxofones e por ultimo pelos clarinetes.
O primeiro a lançar-se na pista foi Libero, juntamente com a sua namorada preferida com a qual abria todos os anos as danças. diferentemente por mais que se possa imaginar pela descriçao de Libero, era um bailarino engraçado e todas as mulheres da aldeia todos os anos costumavam deliciar-se com ele pelo menos uma vez na pista. isto valia para as mais jovens e para as mais ancias cujo ele nao deixava sentir a falta de atençao, amava dançar e conseguia transmitir este seu amor sem interesse especial às suas parceiras de dança.
A pista extravasou, Gaia tinha uma quantidade de pedidos dos quais nao rejeitou.
Elio durante um instante sentiu uma estranha sensaçao, sem dar-se conta do seu pé tinha começado a tamborilar intempestivamente.
A tia, antes que ele pudesse recusar, mal que a dança fez-se mais espontanea e bastava agarrar-se pela mao e rodear, agarrou-o pelas maos, que as tinha caidos, e o fez dançar ao ritmo no meio da pista.
Elio, estranhamente, nao se opôs, sentiu por um instante o ritmo a entrar-lhe dentro, divertiu-se até que feriu-se nas bochechas por causa da contorçao estranha que nao acontecia ha anos nos seus musculos faciais.
conseguiu passar das maos da tia para aquelas de varias curiosas raparigas da aldeia que o fixavam divertidas.
Terminado a ronda de dança, Elio voltou para o seu lugar, sentia o sangue a banhar os musculos. repentinamente o estranho zumbir nas orelhas recomeçou, forçando-o a distanciar-se da praça. a musica, que um momento antes o divertia, estava a tornar-se ensurdecedor.
Dirigiu-se para o prado verde ao lado de uma pequena igreja, repleto de antigos tractores em exposiçao e de criancinhas que nao cessavam de repará-los e a girar em volta deles.
Elio sentou-se numa esquina obscura e pôs-se a observá-los.
todas aquelas gargalhadas ribombavam dentro de si e lhe recordavam algo, o eco de uma felicidade remota ja sepultada um tempo a tras.
Invejou uma criança que corria indo ao encontro do pai e agarrar a sua mão. um lembrança sepultada na sua mente procurou vir à ribalta: o calor e o cheiro da mao do seu pai.
Uma pontada de dor lhe trespassou a têmpora, impedindo-lhe de pensar, e levou as maos à cabeça, sentia frio.
- Elio o que fazes aqui sozinho? estás mal?
A tia, que nao o tinha perdido por acaso de vista, sentou-se ao lado dele, Elio nao respondeu.
Ida colocou um braço em volta dos seus ombros e o apertou afectuosamente, mas ele nao sentia o calor, estava de novo no seu gelido mundo.
Naquela noite, regressando à fazenda, gaia nao censava de falar do quanto se divertira e das novas amizades.
Dormiram pela primeira vez no sotao, tinham arrumado a cama em baixo da claraboia proprio como desejava gaia que adormeceu observando as estrelas.
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