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As Variedades do Português no Ensino de Português Língua Não Materna


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com a edição de um volume (Krefeld / Pustka 2010a, cf. Krefeld / Pustka 2010b) o conceito de uma ‘linguística de variedades percetiva’ querendo enriquecer os precursores como a ‘dialetologia percetiva’ com um fundamento teórico. Aqui as diferentes variedades diatópicas são analisadas empiricamente através da perceção por falantes de outras variedades. Podemos resumir as influências discursivas a uma didática de português pluricêntrico e à competência de variedades recetiva de forma seguinte:

      Fig. 2:

      Didática do português como língua pluricêntrica

      A partir disso propomos como complemento aos instrumentos existentes – QCER e CARAP1 – uma escala de descritores que se refere especialmente ao desenvolvimento de uma competência de variedades recetiva em português, sobretudo para o ensino do português na Alemanha. Trata-se de descritores normativo-prescritivos que se poderiam validar em estudos sobre o ensino de português atual assim como examinar em estudos de implementação. Os descritores são os seguintes:

Competência de variedades recetiva em Português (compreensão do oral)
C2 É capaz de compreender enunciados de quase todas as variedades lusófonas e normas-padrão regionais que mostram uma forte marcação diatópica em nível fonético e prosódico. Compreende quase sem exceção lexemas e particularidades semânticas das variedades respetivas na situação comunicativa. Pode compreender todas as particularidades morfossintáticas das variedades respetivas na situação comunicativa.
C1 É capaz de compreender enunciados de numerosas variedades lusófonas e normas-padrão regionais que mostram uma forte marcação diatópica em nível fonético e prosódico. Compreende em sua maioria lexemas e particularidades semânticas das variedades respetivas na situação comunicativa. Pode compreender em sua maioria as particularidades morfossintáticas das variedades respetivas na situação comunicativa.
B2 É capaz de compreender enunciados de várias variedades lusófonas e normas-padrão regionais que mostram uma forte marcação diatópica em nível fonético e prosódico. Lexemas e particularidades semânticas das variedades respetivas na situação comunicativa não produzem dificuldades de compreensão. Pode reconhecer e compreender particularidades morfossintáticas.
B1 É capaz de compreender enunciados de certas variedades lusófonas e normas-padrão regionais que mostram uma marcação diatópica claramente percetível em nível fonético e prosódico. Compreende geralmente lexemas e particularidades semânticas das variedades respetivas na situação comunicativa, eventualmente inferindo do contexto. Pode compreender particularidades morfossintáticas.
A2 É capaz de compreender enunciados de certas variedades lusófonas e normas-padrão regionais que mostram uma leve marcação diatópica em nível fonético.
A1 -/-

      Tab. 1:

      Competência de variedades recetivas em português

      O conteúdo do livro

      A secção didática “Variedades do Português no ensino secundário e superior” do 12º Congresso Alemão de Lusitanistas, realizado na Universidade Johannes Gutenberg em Mogúncia (Mainz) de 13 a 16 de setembro de 2017, ampliou o discurso para o português.1 Neste volume reúnem-se os contributos de doze participantes de contextos de ensino muito diversos: pesquisadores em linguística e didática assim como professores que trabalham no ensino escolar e universitário na Alemanha, em Portugal e noutras partes do mundo.

      O livro abre com o contributo de Benjamin Meisnitzer, professor catedrático de Linguística Ibero-Românica na Universidade de Lípsia (Leipzig) que concretiza o desafio de ensinar o português como língua pluricêntrica presente em quatro continentes oferecendo orientações práticas para abordar a temática na aula.

      Quanto às variedades do português na formação dos professores para PLNM, Isabel Margarida Duarte, professora associada de Linguística na Universidade do Porto, apresenta no seu contributo os avanços dos conteúdos no programa de mestrado da Universidade do Porto que favorecem a perspetiva pluricêntrica do português para os futuros professores de PLNM. Dulce Melão, professora adjunta do Departamento de Ciências da Linguagem na Escola Superior de Educação de Viseu, recorre ao título do congresso – Polifonia: uma língua, muitas vozes – para dar voz aos estudantes estrangeiros e à variação das suas opiniões do português. Anabela Fernandes, professora auxiliar convidada de Português para Estrangeiros no Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Coimbra, e Joana Cortez-Smyth, assistente convidada de Português para Estrangeiros no mesmo departamento, abordam a competência pragmática como parte da variação diafásica no ensino de PLNM e oferecem atividades práticas para ilustrar a necessidade desta área na didática.

      Os quatro contributos seguintes tratam as variedades do português no material didático. Thomas Johnen, professor catedrático de Línguas Românicas na Westsächsische Hochschule Zwickau, compara a abordagem das variantes diatópicas em mais de 30 manuais para Português Língua Estrangeira com o resultado que sobretudo os manuais do mercado europeu avançam em direção à pluricentricidade do português. Christian Koch, professor adjunto de Linguística Aplicada das Línguas Românicas na Universidade de Siegen, concentra-se numa análise crítica de dois manuais alemães que intentam introduzir paralelamente as normas-padrão de Portugal e do Brasil. Leonor Paula Santos, professora do Ensino Secundário em Estugarda (Stuttgart) oferece uma perspetiva prática nas aulas do português com enfoque nas variedades através de atividades criadas para o ensino num liceu alemão. Teresa Bagão, professora de Português e PLNM na Escola Secundária de Estarreja, propõe material e atividades para praticar a compreensão do oral do português europeu e do português brasileiro.

      A última parte do livro reúne três contributos que enfocam o ensino do português em diferentes espaços. Maria Teresa Nóbrega Duarte Soares, professora do Ensino Secundário de Língua e Cultura Portuguesas (LCP) em Nuremberga (Nürnberg) e Erlangen, discute a situação do ensino do português como língua de herança na Alemanha. Problematiza a heterogeneidade das aulas tendo em conta o artigo 74 da Constituição da República Portuguesa que deve assegurar o ensino do português aos cidadãos portugueses no estrangeiro. Carla Sofia Amado, leitora do Camões na Universidade de Santiago de Compostela e responsável do Centro Cultural Português em Vigo, versa sobre as particularidades dos aprendentes galegos que através da proximidade linguística criam uma própria variedade do português. Karin Noemi Rühle Indart, professora convidada do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Nacional Timor Lorosa’e, conclui o volume com um contributo sobre a questão das variedades do português em Timor-Leste onde não se parece estabelecer uma variedade-padrão, mas uma forma híbrida do português pelas influências europeias e brasileiras no ensino.

      Agradecimentos

      Damos agradecimentos à Associação Alemã de Lusitanistas (Deutscher Lusitanistenverband, DLV) por integrar a secção didática no seu programa dando-nos assim a oportunidade de reunir investigadores e professores de diferentes campos do ensino, ao Departamento de Línguas Românicas da Universidade de Siegen pelo subsídio da publicação e a Kathrin Heyng e