de a deixar de melhor humor e de a fazer sentir amada. Mas isso não a ia impedir de fingir a doença, fosse como fosse. - Estou feliz por teres voltado para me ver uma última vez - deixou a sua voz esganiçar como se fosse um pensamento devastador.
- O quê? - Angel respirou fundo depois afastou-se para poder olhar para a sua avó. -Avó? De que estás a falar? - só de a ouvir a dizer algo assim deu-lhe um aperto no coração e trouxe-lhe lágrimas aos olhos.
- Oh, não vamos falar de mim, minha querida. Conta-me tudo, senti tanto a tua falta nestes dois últimos anos e quem é este namorado sobre quem tenho ouvido tantos rumores? - Isabel lançou-lhe uma débil careta. - Não acredito que a minha neta está a tentar crescer num sÃtio tão longe que eu nem o consigo ver a acontecer.
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Tristian saiu do quarto de Ashton, fechando a porta enquanto o seu telemóvel vibrou no seu bolso. Vendo que era Ray, respondeu rapidamente. - Olá Ray, diz-me?
- A limusina acabou de partir e a tua namorada está a subir a montanha neste momento. Parece ser o fim do tráfego permitido. Ainda queres que eu tranque o portão lá em baixo? - perguntou Ray, sabendo que tinham sido instruções de Isabel Hart.
- Sim, a avó tem uma posição muito firme em relação ao aparecimento de convidados indesejados - confirmou Tristian. - Fecha-o bem e volta para aqui para te divertires. Se alguém precisar de sair⦠vão precisar de um guia para fora da montanha.
- Ã um bom plano - murmurou Ray.
Ele desligou o telemóvel e fechou a, pesada, vedação de ferro. Selando os três, espessos, cadeados olhou para a alta e espinhosa vedação. Vendo a torre móvel pelo canto do seu olho, partiu na sua direção. Era a única torre móvel num raio de oitenta quilómetros e ele tinha a impressão de que estava prestes a tornar-se inútil.
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Angel saiu do terraço, precisando de um momento a sós para absorver o choque de ver a sua avó com um aspeto tão frágil naquela cadeira de rodas. Todas as vezes que ela tinha levantado o assunto da sua saúde, Isabel tinha-se esquivado, fazendo as suas próprias perguntas.
Depois de uma pequena visita, apenas a sua avó tinha dito que estava demasiado cansada e tinha de se deitar durante o resto do dia, mas fez Angel prometer que a visitaria de manhã. Preocupou-a que a sua avó fosse para a cama tão cedo, então perguntou-se, ao certo quão doente ela estava. A sua avó tinha estado de tão boa saúde antes de ela ter deixado o santuário e ter partido para a Califórnia. Até tinha rejuvenescido depois da morte do avô.
Os lábios de Angel cerraram-se com ao relembrar o velho homem que ela sempre considerara um monstro. Ela nunca tinha odiado ninguém em toda a sua vida, mas poucas horas antes ele ter caÃdo das escadas, tinha-a apanhado e a Hunter a voltarem depois de irem nadar sozinhos no lago. O seu avô gritou com ela, dizendo-lhe que ela era demasiado velha para estar a brincar com o refugo Ãndio da reserva. Ele disse a Hunter que desaparecesse da sua montanha, depois bateu com as portas quando entrou. Ver Hunter ir-se embora assim foi devastador. Quando ela se virou para o defender, o seu avô bateu-lhe com tanta força que ela tinha caÃdo para o chão.
Angel gritou de dor, mas não tinha dito mais nada, sabendo que ele, provavelmente, tinha razão. Ele nem tinha sabido que ela e Hunter estavam a fazer coisas que não deviam ter estado a fazer⦠beijaram-se, tocaram-se, experimentavam⦠se ele tivesse sabido dessa parte tinha-lhe batido mais de que uma vez.
- Vês, eu disse-te que não era a estátua de um anjo. à mesmo a Angel â alguém se riu atrás dela, assustando-a e tirando-a da sua melancolia. Virando-se sorriu, vendo os gémeos idênticos do tio Robert, Devin e Damien.
- Meu Deus, como vocês cresceram! - ela sorriu enquanto eles tiravam vez para a abraçar e a balançar à roda. Eles tinham a mesma idade de Tristian, mas tinham crescido o suficiente nos últimos anos para lhe passarem em altura, de alguma forma. Com, pelo menos, um metro e noventa, pareiam-se com seguranças. Ambos usavam uma t-shirt justa ao corpo com o logotipo âSantuárioâ na parte da frente.
Ela colocou uma mão no braço de cada um, vendo o orgulho brilhar nos seus olhos cinzentos. - Acho que isso explica o que têm andado a fazer nos últimos dois anos â riu-se. - Têm estado longe de sarilhos, ou a causá-los?
- Quem? Nós? - Devin riu-se enquanto a colocava de novo no chão, deixando a sua mão acariciar a sua perna e anca no caminho.
- Devias conhecer-nos melhor do que isso â Damien revirou os olhos para o seu irmão quando deslizou o seu braço à volta da cintura de Angel e a puxou para longe do alcance de Devin. Era um jogo que os gémeos haviam jogado há anos⦠tentavam sempre superar-se um ao outro quando havia uma rapariga bonita por perto.
- à uma sorte para vocês que ela conhece mesmo â Hunter olhou fixamente para os gémeos, depois sorriu quando Angel se virou ao ouvir a sua voz.
Os lábios de Angel separaram-se quando ela avistou Hunter pela primeira vez em quase dois anos. Subitamente, todo o tipo de memórias passou pela sua mente, deixando-a de joelhos enfraquecidos e batimento acelerado. Emails e chamadas telefónicas não se comparavam a vê-lo em pessoa.
O seu cabelo estava maior do que ela se lembrava, descendo até meio das suas costas, escuro como tinta preta. Ele parecia um daqueles homens dos romances históricos em que o Ãndio e a rapariga branca eram fotografados num abraço ardente.
Corando com a imagem mental, soltou-se dos seus primos e andou na direção dele. - Estás mais alto â ela respirou fundo ao olhar para ele. Hunter era a única pessoa que a sabia mais sobre ela do que o seu irmão.
- Não, tu ficaste mais pequena â gozou Hunter mesmo antes de lançar os braços à volta dela e de a levantar do chão. - A não ser que eu faça isto â ela sempre fora leve como uma pena para ele. Ele rosnou interiormente quando ela se inclinou, acabando com o jogo infantil com um abraço apertado. Ele inalou o seu aroma, lembrando-se de todas as razões pela qual ele tinha esperado que ela voltasse.
Sabendo que estavam a ser observados, Hunter colocou-a, rapidamente, no chão e olhou por cima do seu ombro para os gémeos. - A festa na piscina está a começar e há lá alguém a perguntar por vocês.
- Stacey! - os gémeos bateram as mãos num cumprimento. - Vemo-nos mais tarde â eles partiram como se fosse uma corrida para ver quem chegava à rapariga primeiro.
- Então aprenderam, finalmente, a partilhar â disse Angel com um ar sério, vendo os gémeos a partir, depois riu-se suavemente da sua própria piada.
- Penso que eles gostam mesmo é da competição â refletiu Hunter. - Esta Stacey aparece a toda a hora só para que eles lutem por ela⦠até agora, nenhum deles ganhou.
Ela sorriu, suavemente, enquanto se virou de volta para Hunter, reparando na longa mecha de cabelo ébano que tinha caÃdo sobre a sua cara quando ele a levantou. Esticando a mão, ajeitou-a para o lado, carinhosamente, e prendeu-a atrás da orelha dele. - Sinto que posso respirar, finalmente.
- O que te impedia? - a voz de Hunter estava tão suave como a dela. Ele sabia o que ela estava a querer dizer porque sentia o mesmo. Sentia-o com tanta intensidade que os seus olhos estavam a arder.
O seu olhar desceu para o beicinho que havia nos lábios dela e sentiu-se a aproximar⦠querendo beijá-la como costumava fazer antes de ela se ter ido embora. Ele tinha sido quem lhe ensinara beijar, apesar de saber que ela nunca o tinha levado tão a sério como ele. Para ela, tinha sido apenas uma brincadeira infantil⦠para ele tinham sido os laços que unem.
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