Морган Райс

Um Mar De Escudos


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de atingir o coração dos homens. Godfrey, apesar de todos os seus defeitos, sabe como falar ao homem comum. Ele é um homem comum. Enquanto ele tem a nobreza da família real, seu coração sempre esteve com as massas. Ele sempre teve certa sabedoria, nascida das ruas, que todos aqueles cavaleiros com armaduras de prata brilhante nunca teriam. Eles vivem acima de tudo, e Godfrey os admira por isso. Mas, Godfrey percebe, há uma certa vantagem em estar abaixo de tudo isso, também. Sua situação lhe dá uma perspectiva diferente sobre a humanidade e, por vezes, uma visão necessária para compreender plenamente as pessoas. Afinal, os maiores erros dos Reis sempre tinham sido perder o contato com as pessoas.

      "Esses McCloud realmente sabem beber," diz Akorth.

      "Eles não decepcionam," acrescenta Fulton, quando mais duas canecas deslizam pela mesa e param diante deles.

      "Esta bebida é muito forte," diz Akorth, dando um grande arroto.

      "Eu não sinto falta de casa de forma alguma," acrescenta Fulton.

      Godfrey é empurrado nas costelas, e vê alguns homens McCloud, balançando com muita força, rindo muito alto, bêbados enquanto acariciam as mulheres. Aqueles McCloud, Godfrey percebe, são mais grosseiros do que os MacGil. Os MacGil são difíceis, mas os McCloud – há algo a respeito deles, algo um pouco primitivo. Ao inspecionar o salão com um olhar crítico, Godfrey vê os McCloud segurando suas mulheres um pouco forte demais, fazendo um pouco mais de barulho com suas canecas e acotovelando-se com maldade. Algo sobre aqueles homens deixa Godfrey no limite, apesar de todos os dias que já havia passado com eles. De alguma forma, ele não confia plenamente naquelas pessoas. E quanto mais tempo passa com eles, mais ele começa a entender por que os dois clãs viviam separados. Ele se pergunta se realmente seria possível viverem juntos.

      O consumo de bebida chega ao auge, e mais canecas vão sendo passadas, o dobro do que antes, e os McCloud não diminuem o ritmo, como soldados normalmente faziam naquele momento. Em vez disso, eles começam a beber ainda mais, de forma excessiva. Godfrey, apesar de seus esforços, começa a se sentir um pouco nervoso.

      "Você imaginava que homens pudessem beber tanto?" Godfrey pergunta para Akorth.

      Akorth faz uma careta.

      "Mas que pergunta ofensiva!" Ele responde. "O que deu em você?" Fulton pergunta.

      Mas Godfrey observa de perto quando um McCloud, tão bêbado que mal consegue enxergar, tropeça em um grupo de companheiros, derrubando todos com um estrondo.

      Há uma pausa por um segundo, enquanto todos no salão param para olhar para o grupo de soldados no chão.

      Mas, em seguida, os soldados se levantam – gritando, rindo e aplaudindo, – e para alívio de Godfrey, as festividades continuam.

      "Você acha que já foi o suficiente?" Pergunta Godfrey, começando a se perguntar se tudo aquilo teria sido uma má ideia.

      Akorth olha fixamente para ele.

      "O suficiente?" ele pergunta. "Acha realmente que existe uma coisa dessas?"

      Godfrey percebe que ele mesmo está arrastando a fala, e sua mente não está tão desperta quanto ele gostaria. Ainda assim, ele começa a sentir algo estranho no salão, como se algo não estivesse exatamente como ele deveria ser. É tudo um pouco excessivo, como se o salão tivesse perdido todo o autocontrole.

      "Não toque nela!" Alguém grita de repente. "Ela é minha!"

      O tom da voz é sombrio, perigoso, atravessando o ar e fazendo Godfrey se virar.

      Do outro lado do salão, um soldado MacGil fica em pé, com o peito estufado, discutindo com um McCloud; o McCloud estende a mão e tira uma mulher do colo do MacGil, colocando um braço em volta da cintura dela e puxando-a para junto dele.

      "Ela era a sua. Ela é minha agora! Vá encontrar outra!"

      A expressão do MacGil escurece, e ele saca a espada. O som característico atravessa o salão, fazendo todos olharem naquela direção.

      "Eu disse que ela é minha!" ele grita.

      Seu rosto está vermelho e seu cabelo emaranhado com suor, e todos observam fascinados pelo tom ameaçador que ele usa.

      Tudo para abruptamente e o salão entra em silêncio, como ambos os lados observando, paralisados. O McCloud, um homem grande, corpulento, faz uma careta, pega a mulher, e a empurra bruscamente para o lado. Ela sai voando no meio da multidão, tropeça, e cai.

      O McCloud claramente não se preocupa com a mulher; agora fica óbvio para todos que derramar sangue era seu único intuito, e não a mulher.

      O McCloud saca sua própria espada, e eles se enfrentam.

      "Vai ser a sua vida pela dela!" o McCloud dispara.

      Soldados recuam em todos os lados, abrindo uma pequena clareira para eles lutarem, e Godfrey vê todos ficarem tensos. Ele sabe que precisa impedir aquilo antes que aquele confronto se transforme em uma verdadeira guerra.

      Godfrey salta sobre a mesa, tropeçando em canecas de cerveja, corre outro lado do salão, e vai até o meio da clareira. Quando ele fica entre os dois homens, Godfrey estende as mãos para mantê-los afastados.

      "Homens!" ele grita, arrastando as palavras. Ele tenta manter o foco, esforçando-se para pensar com clareza, e sinceramente lamenta ter bebido tanto.

      "Somos todos homens aqui!" ele grita. "Somos todos um só povo! Um exército! Não há necessidade de uma luta! Há mulheres suficientes para todos! Nenhum de vocês teve a intenção de insultar ninguém!"

      Godfrey olha para o MacGil e o homem fica ali, franzindo a testa, segurando sua espada.

      "Se ele se desculpar, irei aceitar,” MacGil diz.

      O McCloud fica parado, confuso, e então, de repente sua expressão se suaviza, e ele abre um sorriso.

      "Então, eu peço desculpas!" O McCloud grita, esticando a sua mão esquerda.

      Godfrey abre caminho, MacGil aceita a mão estendida com cautela, e ambos apertam as mãos.

      Assim que eles fazem isso, porém, o soldado McCloud puxa o soldado MacGil para perto, ergue sua espada e perfura o peito dele.

      "Peço desculpas," acrescenta ele, "por não matá-lo mais cedo! Seu MacGil inútil!"

      O soldado MacGil cai no chão, morto, e seu sangue escorre pelo chão.

      Godfrey fica parado em estado de choque. Ele estava apenas um metro de distância dos soldados, e não consegue evitar a sensação de que tudo aquilo de alguma forma tinha sido sua culpa. Ele havia incentivado o MacGil a baixar a guarda; ele é o único que tinha tentado intermediar uma trégua. Ele havia sido traído por aquele McCloud, feito de bobo na frente de todos os seus homens.

      Godfrey não está pensando claramente, e alimentado pela bebida, algo dentro dele explode.

      Em um movimento rápido, Godfrey se abaixa, pega a espada do MacGil morto e, levantando-se, esfaqueia o McCloud através do coração.

      O McCloud olha pra frente com os olhos arregalados de choque e, em seguida, cai no chão – morto e com a espada ainda enfiada em seu peito.

      Godfrey olha para sua própria mão sangrenta, e não consegue acreditar no que tinha acabado de fazer. É a primeira vez que ele havia matado um homem de tão perto. Ele não sabia que era capaz disso.

      Godfrey não tinha a intenção de matá-lo; ele não tinha pensado sobre aquilo com cuidado. Sua reação tinha surgido em uma parte profunda de si mesmo, alguma parte que exigia vingança pela injustiça.

      O salão de repente se transforma em um caos. De todos os lados, homens gritam e se atacam, enfurecidos. O som de espadas sendo empunhadas enche a sala, e Godfrey é empurrado com força para fora do caminho por Akorth, logo antes de uma espada acertar sua cabeça.

      Outro soldado – Godfrey não consegue se lembrar quem ou por quê, pela ele no colo e arremessa seu corpo em cima de uma mesa forrada de cerveja, e a última coisa que Godfrey se lembra