Морган Райс

Um Destino De Dragões


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falava sério. Thor engoliu em seco.

      “Nadar?” Reece disse incrédulo.

      “As águas estão infestadas de criaturas!” Elden disse.

      “Oh, isso é o de menos.” Kolk continuou. “As marés são traiçoeiras; esses redemoinhos sugarão vocês para baixo; essas ondas esmagarão vocês ao lançá-los contra aquelas pedras irregulares; a água é quente e se vocês conseguirem chegar vivos até as rochas, terão de encontrar uma maneira de escalar os penhascos para poder chegar à terra firme. Isso, se as criaturas do mar não pegarem vocês primeiro. Bem-vindos ao seu novo lar.”

      Thor ficou lá com os outros ao lado da amurada, olhando para a formação de espuma do mar abaixo dele. A água girava debaixo dele como uma coisa viva, as correntes eram mais fortes a cada segundo e balançavam o barco, tornando mais difícil manter o equilíbrio. Lá embaixo, as águas se enfureciam, produzindo, um vermelho brilhante que parecia conter o sangue do próprio inferno. Pior ainda, ao olhar bem de perto Thor viu que as águas eram perturbadas a cada poucos metros pelo surgimento de outro monstro marinho que emergia, estalava os dentes longos e logo submergia.

      O navio ancorou repentinamente, longe da costa e Thor engoliu seco. Ele olhou para as pedras que contornavam a ilha e se perguntou como eles iriam dali até ela. O ruído das ondas arrebentando ficava mais alto a cada segundo, fazendo com que os outros tivessem de gritar para serem ouvidos.

      Enquanto Thor observava, vários pequenos barcos a remos foram baixados até a água e em seguida guiados pelos comandantes para longe do navio, permanecendo a uma distância de cerca de trinta metros. Os comandantes não iriam facilitar as coisas para os rapazes, os quais teriam de nadar para alcançar os barcos.

      A ideia de ter de nadar fez o estômago de Thor revirar.

      “PULEM!” Gritou Kolk.

      Pela primeira vez, Thor estava apavorado. Ele perguntou-se isso não o rebaixaria como membro da Legião e como guerreiro. Ele sabia que os guerreiros deviam ser destemidos em todas as circunstâncias, mas ele teve de admitir para si mesmo que ele sentia medo naquele instante. Ele odiava o fato de sentir-se assim e desejava que não estivesse com medo. Mas ele realmente estava.

      Porém quando Thor olhou em volta e viu os rostos aterrorizados dos outros garotos, ele se sentiu melhor. Todos os rapazes ao seu redor permaneceram ao lado da amurada, congelados de medo, olhando para as águas. Um garoto em especial, estava tão assustado que todo o seu corpo tremia. Era o garoto que Thor tinha visto no dia do treinamento com os escudos, o único que tivera medo, o que tinha sido forçado a correr mais voltas.

      Kolk deve ter percebido isso, porque ele cruzou o convés na direção do rapaz. Kolk parecia inalterado quando o vento jogou o seu cabelo para trás, ele franzia o cenho enquanto prosseguia, parecia estar pronto para conquistar a própria natureza. Ao aproximar-se do garoto ele fechou a carranca.

      “PULE!” Kolk gritou.

      “Não!” O garoto respondeu. “Eu não posso! Não posso fazer isso! Eu não sei nadar! Leve-me de volta para casa!”

      Kolk caminhou até o garoto, que já estava começando a se afastar da amurada, agarrou-o pela parte de trás de sua camisa e levantou-o bem alto.

      “Então você vai aprender a nadar!” Kolk rosnou, então ele jogou o garoto por cima da borda. Thor não podia acreditar que isso estivesse acontecendo.

      O garoto saiu voando pelo ar, gritando enquanto despencava de uma altura de cerca de cinco metros, no mar espumante. Ele mergulhou produzindo um esguicho, então veio à tona, agitando-se, tentando respirar.

      “SOCORRO!” Ele gritava.

      “Qual é a primeira lei da Legião?” Kolk gritou, virando-se para os outros rapazes no navio, ignorando o garoto na água.

      Thor estava vagamente ciente da resposta correta, mas estava distraído demais com a visão do garoto afogando-se abaixo, para poder responder à pergunta de Kolk.

      “Ajudar um membro da Legião em necessidade!” Elden exclamou.

      “E ele está em necessidade?” Kolk gritou, apontando para o rapaz.

      O garoto levantava os braços e batia freneticamente na água, os outros rapazes ficaram no convés olhando-o, todos estavam assustados demais para mergulhar.

      Naquele momento, algo estranho aconteceu com Thor. À medida que ele se concentrava no rapaz se afogando, tudo se dissipava. Thor já não pensava em si mesmo. O fato de que ele pudesse morrer nunca sequer passou por sua cabeça. O mar, os monstros, as correntes… tudo isso tinha desaparecido. Tudo em que ele podia pensar agora era em resgatar alguém.

      Thor subiu na larga amurada de carvalho, dobrou os joelhos e sem pensar, pulou bem alto para cair de cabeça nas borbulhantes águas abaixo dele.

      CAPÍTULO CINCO

      Gareth estava sentado sobre o trono de seu pai, no Salão Real, ele passava as mãos ao longo dos braços de madeira lisa do trono e olhava para a cena diante dele: milhares de seus súditos lotavam a sala, pessoas que provinham de todos os recantos do Anel para assistir a um evento único em suas vidas, elas estavam ali para ver se ele poderia empunhar a Espada da Dinastia. Para ver se ele era o Escolhido. Desde que o seu pai era jovem as pessoas nunca tinham tido a oportunidade de assistir a uma cerimônia de elevação e parecia que ninguém queria perdê-la. A excitação pairava no ar como uma nuvem.

      O próprio Gareth estava entorpecido com a expectativa. Enquanto ele observava a sala continuar a encher com as pessoas que se apinhavam ali dentro, ele começou a se perguntar se os conselheiros de seu pai não teriam razão: se, de fato, não tinha sido uma má ideia conduzir a cerimônia de elevação no Salão Real e abri-lo para o público. Eles tinham lhe exortado a tentar fazê-lo na pequena sala privada onde a espada se encontrava; tinham argumentado que se por acaso ele falhasse, poucos testemunhariam isso. Mas Gareth não confiava nas pessoas do círculo de seu pai; ele se sentia mais confiante em seu destino do que a velha guarda de seu pai. Ele queria que todo o reino testemunhasse o evento; que testemunhasse que ele era o Escolhido, no exato momento em que isso acontecesse. Ele queria que o momento ficasse gravado no tempo. O momento em que seu destino havia chegado.

      Gareth entrou no salão com atitude, ele cruzou o Salão Real acompanhado por seus assessores, ele usava sua coroa, seu manto e empunhava seu cetro. Ele queria que todos soubessem que era ele o verdadeiro rei, o verdadeiro MacGil, não o seu pai.

      Enquanto ele esperava, não tardou muito tempo para que ele sentisse que aquele era o seu castelo, aqueles eram seus súditos. Ele queria que o seu povo sentisse aquilo naquele momento, que aquela demonstração de poder fosse vista amplamente. Depois daquele dia, eles saberiam com certeza que ele era o seu único e verdadeiro rei.

      Mas agora que Gareth estava sentado ali, sozinho no trono, ele já não estava tão seguro. Ele olhava para os suportes de ferro no centro da sala, eles estavam iluminados por um raio de sol que entrava pelo teto e a espada seria colocada sobre eles. A gravidade do que ele estava a ponto de fazer pesava sobre ele, seria um passo irreversível, não haveria como voltar atrás. E se, de fato, ele não conseguisse? Ele tentou afastar essa ideia de sua mente.

      A enorme porta se abriu com um rangido do outro lado da sala e depois de um burburinho animado a sala ficou em silêncio com a expectativa. Uma dúzia dos homens mais fortes da corte marchava segurando a espada em suas mãos, todos lutando sob o seu peso. Seis homens estavam de cada lado, marchando devagar, um passo de cada vez, carregando a espada em direção a seu lugar de descanso.

      O coração de Gareth acelerou enquanto ele a observava chegar mais perto. Por um breve momento sua confiança o abandonou. Aqueles doze homens eram maiores do que qualquer outro homem que ele já tinha visto, se eles mal conseguiam segurá-la, que chance ele tinha? Mas ele tentou afastar tais pensamentos de sua mente, afinal, a espada tinha a ver com o destino, não com a força. E ele se forçou a lembrar que o seu destino era estar ali, era ser o primogênito dos MacGils, era ser rei. Ele procurou Argon entre a multidão, por algum motivo ele teve um súbito e intenso desejo de buscar seu conselho. Aquele era o momento em que Gareth mais precisava dele. Por alguma razão, ele