gritou novamente.
“APOIADO!” Gritou a multidão, em resposta.
“NÓS LUTAREMOS POR GWENDOLYN! LUTAREMOS POR NOSSAS MÃES, IRMÃS E ESPOSAS!”
“APOIADO!”
“POR GWENDOLYN!” Kendrick gritou.
“POR GWENDOLYN!” Gritou a multidão, em resposta.
A multidão gritou em êxtase, ela aumentava a cada momento.
Com um grito final, eles seguiram Kendrick e Srog e prosseguiram pelo caminho até chegar ao estreito patamar, subindo cada vez mais até a parte alta de Silésia. Havia chegado a hora de mostrar a Andronicus de que o Exército Prata estava feito.
CAPÍTULO SETE
Thor estava de pé ali com Reece, O’Connor, Elden, Conven, Indra e Krohn, na foz do rio, todos eles olhavam para o cadáver de Conval. O clima no ar era sombrio. O próprio Thor sentia o peso disso sobre seu peito esmagando-o enquanto ele olhava para seu irmão da Legião: Conval, ali, morto. Tudo parecia irreal. Desde que Thor conseguia se lembrar, sempre houve seis deles, juntos naquela jornada. Ele nunca tinha imaginado que haveria apenas cinco. Isso o fez sentir sua mortalidade.
Thor pensou em todas as vezes que Conval o havia apoiado, lembrou-se de como ele sempre esteve ao seu lado, a cada passo de sua jornada, desde o primeiro dia em que Thor se juntou à Legião. Conval era como um irmão para ele. Conval sempre havia defendido Thor, sempre tivera uma palavra amável para ele; ao contrário de alguns, ele tinha aceitado Thor como um amigo desde o início. Vê-lo ali morto – e especialmente como resultado de seus erros – fazia com que Thor ficasse com o estômago embrulhado. Se ele nunca tivesse confiado nos três irmãos, talvez Conval estivesse vivo hoje.
Thor não conseguia pensar em Conval sem Conven, os dois gêmeos idênticos, inseparáveis, sempre completando os pensamentos um do outro. Ele não podia imaginar a dor que Conven estava sentindo. Conven parecia não estar mais em seu juízo perfeito; aquele Conven feliz e despreocupado que ele uma vez havia conhecido parecia ter desaparecido em um piscar de olhos.
Todos eles ainda permaneciam na beira do campo de batalha, onde tudo havia ocorrido. Os cadáveres dos soldados do Império estavam empilhados ao seu redor. Todos ficaram ali, grudados ao chão, olhando para Conval, nenhum deles estava disposto a seguir em frente, antes que pudessem dar a Conval um enterro digno. Eles tinham encontrado algumas peles de excelente qualidade vestindo alguns oficiais do Império, então eles os despojaram delas e com elas envolveram o cadáver de Conval. Eles o haviam colocado em um pequeno barco, o mesmo que eles tinham usado para chegar até aquele lugar, seu corpo jazia ali, longo e rijo, de frente para o céu. O enterro de um guerreiro. Conval parecia estar tão enrijecido, seu corpo estava rígido e azul, eram como se ele nunca tivesse vivido.
Eles haviam estado ali, Thor não sabia por quanto tempo, cada um deles perdido em suas próprias dores, nenhum querendo ver o corpo do seu amigo ir-se. Indra, com seus olhos fechados, fazia movimentos circulares com a palma da mão sobre a cabeça de Conval, enquanto cantava algo em uma língua que Thor não entendia. Ele podia perceber o quanto ela gostava dele, pela forma solene com que ela conduzia o funeral. Thor sentia uma sensação de paz ao ouvir o som da voz dela. Nenhum dos rapazes sabia o que dizer e todos permaneciam ali, imersos em um profundo pesar, em silêncio, deixando Indra prosseguir com o ritual.
Finalmente, Indra terminou e deu um passo para trás. Conven deu um passo à frente, as lágrimas escorriam pelo seu rosto, ele se ajoelhou ao lado de Conval, estendeu a mão, colocou-a sobre a mão dele e inclinou a cabeça.
Conven estendeu a mão e empurrou o barco. Ele balançou nas águas plácidas do rio, e então de repente, a correnteza começou a levá-lo, arrastando-o para longe bem devagar, suavemente, como se entendesse do que se tratava. O barco foi afastando-se cada vez mais, ficando mais longe do grupo. Krohn choramingava enquanto ele se distanciava. Uma névoa surgiu repentinamente, do nada, ela envolveu o barco e logo ele desapareceu.
Thor sentia que seu corpo também havia sido sugado para o interior de um mundo subterrâneo.
Aos poucos, os rapazes se voltaram e olharam ao redor, seus olhos percorriam o campo de batalha e os terrenos além dele. Atrás deles estava o mundo subterrâneo por onde eles tinham vindo; de um lado havia uma vasta planície coberta pela relva; do outro lado havia um deserto vazio, um deserto escaldante. Eles estavam em uma encruzilhada.
Thor virou-se para Indra.
“Para chegar a Neversink, é preciso atravessar esse deserto?” Thor perguntou.
Ela assentiu com a cabeça.
“Não há outro caminho?” Ele perguntou.
Ela balançou a cabeça.
“Há outros caminhos, mas menos diretos. Você perderia semanas. Se você espera vencer os ladrões, esse é o único caminho.”
Os outros olhavam longa e duramente para o deserto, com seus sóis abrasadores, tremulando em ondas de calor.
“Parece implacável.” Reece disse ao aproximar-se de Thor.
“Não conheço ninguém que tenha alguma vez cruzado e sobrevivido.” Disse Indra. “É vasto e está repleto de criaturas hostis.”
“Não temos provisões suficientes.” O’Connor disse. “Nós não conseguiremos cruzá-lo.”
“No entanto, é o caminho que conduz até a espada.” Disse Thor.
“Supondo que a espada ainda exista.” Disse Elden.
“Se os ladrões já tiverem chegado a Neversink…” Disse Indra. “… Então a sua preciosa espada está perdida para sempre. Vocês estariam arriscando sua vida por um sonho. A melhor coisa que vocês podem fazer agora é voltar para o Anel.”
“Nós não vamos dar a volta.” Thor disse determinado.
“Muito menos agora.” Conven acrescentou dando um passo à frente, seus olhos estavam brilhando com fogo e tristeza.
“Nós vamos encontrar essa espada ou morreremos tentando.” Disse Reece.
Indra abanou a cabeça e suspirou.
“Eu não esperava nenhuma outra resposta de vocês.” Disse ela. “Imprudentes até o fim.”
Thor marchava lado a lado com os outros através do deserto, com os olhos entrecerrados devido ao sol forte, ele estava ofegante sob o calor implacável. Ele pensou que ficaria feliz de se livrar do mundo subterrâneo e de sua melancolia sempre presente, pensou que se alegraria ao poder ver novamente os sóis. Mas ele tinha ido de um extremo para o outro. Ali, naquele deserto, não havia nada além do sol: sol amarelo e céu amarelo, tudo irradiando sobre ele e ele sem nenhum lugar para onde ir. Sua cabeça doía e ele estava ficando tonto. Ele estava arrastando os pés e parecia que havia estado marchando durante toda a vida. Ao olhar ao redor, ele viu que os outros também se sentiam iguais a ele.
Eles tinham estado caminhando durante metade de um dia e ele não sabia como eles poderiam continuar mantendo o ritmo. Ele olhou para Indra, ela cobria sua cabeça com um capuz, Thor se perguntava se ela não teria razão. Talvez eles tivessem sido imprudentes ao tentar prosseguir. Mas ele prometeu encontrar a espada – então que alternativa eles tinham?
Enquanto eles seguiam, seus pés levantavam nuvens de poeira que giravam em todas as direções, tornando ainda mais difícil respirar. No horizonte não se via mais que terras escaldadas pelo sol, tudo era plano, até onde a vista alcançava. Não havia o menor vislumbre de construções; de estradas; de montanhas, ou de qualquer coisa. Nada além do deserto. Thor sentia que era como se tivessem chegado ao fim do mundo.
Enquanto eles avançavam, Thor encontrou consolo em uma coisa: pelo menos agora, pela primeira vez, ele tinha certeza de para onde eles estavam indo. Eles não estavam mais obrigados a ouvir seus três irmãos e seguir seu mapa estúpido; agora eles ouviam Indra e ele confiava nela mais do que ele jamais tinha confiado neles. Ele tinha certeza de que eles estavam sendo conduzidos na direção certa; ele apenas não se sentia seguro de que sobreviveria à viagem.
Thor