acho que você deveria ir fundo,” Bryn disse.
Keira ofegou, surpresa com o pensamento avançado de Bryn, avançado até para ela. “E o Zach!” ela gargalhou
“O que tem ele?” Bryn respondeu com desdém.
Keira lamentou. “Ele é meu namorado,” ela recordou Bryn. “E mesmo que Shane cortasse o cabelo e trocasse todo o guarda-roupa, eu não conseguiria ficar mais do que cinco minutos com ele sem estrangulá-lo.”
Bryn gargalhou. “Isso vai dificultar um pouco as próximas semanas, não vai?”
“Isso e o fato de que meu quarto é em cima de um bar que aparentemente não tem hora para fechar, com uma banda de folk que toca vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.”
“Isso parece incrível,” refutou Bryn. “Jesus, Keira, você trabalha tanto que nem sequer consegue ver a situação emocionante em que está! Você acabou de me dizer que a festa nunca acaba com um gemido.”
“Você parece o Shane falando,” respondeu Keira. “Se eu não quero beber, dançar e casar, então não sou obrigada a nada disso!”
Ela e Bryn terminaram a conversa e Keira percebeu que apesar de todo o barulho vindo do andar de baixo, ela mal conseguia manter os olhos abertos. Então, ela se acomodou debaixo da colcha fina e apoiou a cabeça no travesseiro grumoso. Ainda não havia resposta de Zach a nenhuma de suas mensagens divertidas. Ela tentou ligar para ele, mas o telefone só tocou e tocou.
Ela conferiu o Instagram e viu fotos de Zach no casamento de Ruth. Ele estava lindo de terno, mas com uma expressão tão desolada. Ele ficou estranho parado ali sozinho e ela se sentiu culpada por não estar lá com ele. Talvez sua mãe tivesse um pouco de razão. Ir sozinho a casamentos era nitidamente muito constrangedor.
Quando pegou no sono, Keira começou a sonhar que estava no casamento com Zach. Só que não era o Zach, era Shane, com a barba feita e vestindo um terno atraente. Ele estava mais bonito do que ela havia previsto.
Keira acordou com um sobressalto. As coisas já estavam complicadas o bastante sem ela desenvolver uma paixonite pelo seu guia turístico!
Ela tirou todos os pensamentos de sua mente e, finalmente, caiu num sono profundo.
CAPÍTULO QUATRO
“Você dormiu bem?” perguntou Orin assim que Keira desceu as escadas no início da manhã seguinte, aparecendo no bar da pousada.
Ela esfregou os olhos cansados. “Sim, obrigada.” A mentira veio tão facilmente. Melhor fingir que adorou a cama bamba, colcha fina e travesseiros grumosos do que reclamar e Orin ficar irritado. Afinal de contas, ela poderia escrever sobre isso mais tarde e sentir um alívio catártico daquela forma.
“Sente-se e tome seu café da manhã,” disse Orin, guiando-a para uma mesa e colocando café na frente dela. O café foi rapidamente seguido por uma tigela de mingau aveia. Ele sentou no assento oposto. “Preparei no estilo irlandês. Espero que goste.”
Ele estava com um grande sorriso.
“O que é o estilo irlandês?” Keira murmurou desconfiadamente.
Ela tomou um gole do café e ficou surpresa do quanto estava delicioso. Seja lá qual for o estilo irlandês, era bom! Então, ela colocou uma colherada do mingau de aveia em sua boca e quase chorou de prazer. Ela nunca tinha experimentado nada tão cremoso, tão perfeitamente fantástico.
“Uau, o que faz isso ser tão gostoso?” disse Keira, enquanto saboreava outra colherada do mingau de aveia. “As vacas são alimentadas com grama orgânica e ordenhadas pelas mãos de donzelas?” ela brincou.
O sorriso de Orin cresceu. “Tem Baileys no café. E um borrifo de uísque no leite.”
Keira ficou chocada. “Bebida alcoólica às oito da manhã?” ela sussurrou. “Isso é uma boa ideia?”
Orin piscou para ela. “A melhor forma de começar o dia. Isso e uma rápida caminhada, a qual você vai fazer assim que eu te acompanhar até seu encontro com William Barry, o diretor do festival.”
Naquele momento, Keira percebeu que Orin já estava pronto para sair da pousada. Ele estava usando botas que chegavam até o meio da panturrilha, como se estivesse prevendo poças da água. Ou lama. De qualquer forma, Keira não estava a fim de perambular.
“Você não precisa fazer isso,” ela disse. “Tenho SatNav no carro, não vou me perder.”
Orin apontou para o café dela. “Este não é o motivo pelo qual estou fazendo isso.”
A parte cética da mente de Keira queria saber se Orin tinha deliberadamente embriagado ela para garantir que não recusasse sua oferta de uma caminhada. Mas ela sabia que aquele pensamento era um absurdo. Orin era apenas um senhor gentil, orgulhoso de sua cidade. Ele queria mostrar a cidade para a nova-iorquina cética.
“Fala sério”, Orin continuou. “Você está aqui para conhecer a verdadeira Irlanda! Para viver como uma local! Você não vai saber como são nossas vidas se você não fizer o que fazemos!”
Ele puxou seu braço alegremente, encorajando-a a ir junto com ele. Seu entusiasmo estava rapidamente se tornando adulador e Keira percebeu que literalmente não havia como recusar. Orin iria fazê-la caminhar com ele até o encontro, independente do que ela dissesse! Não havia como recusar.
Rendendo-se, ela bebeu o restante de seu café alcoólico, sentindo os efeitos assim que levantou. Então, ela e Orin deixaram a pousada escura e emergiram no sol brilhante da manhã. Embora o céu estivesse moderadamente cinza, Keira semicerrou os olhos com o brilho ofuscante.
“Mostre o caminho”, ela disse a Orin, ao mesmo tempo em que olhava para o único caminho, uma estrada sinuosa que serpenteava pela encosta. Ocasionalmente, havia alguns imóveis espalhados em ambos os lados, mas a estrada era em grande parte cercada por campos de vegetação exuberante cheios de ovelhas.
“É uma caminhada de três quilômetros até a prefeitura se continuarmos pela rua,” disse Orin. “Mas se cortarmos o caminho pelos campos, é metade da distância. É claro que o fazendeiro tem todo o direito de atirar na gente, visto que estaríamos traspassando, mas todos aqui se conhecem, então ficaremos bem.”
Keira engoliu seco. “Vamos pelo caminho panorâmico, ok?” ela disse.
“Se você assim deseja,” Orin disse indiferentemente, claramente sem nem sequer captar a preocupação dela.
Eles começaram a caminhar pela rua. Apesar de ser muito cedo, todos com quem eles cruzavam pareciam muito felizes e amigáveis. Quando chegaram à rua principal (se é que poderia ser chamada dessa forma), havia até uma pequena trupe de músicos tocando violino e acordeão, cantando canções populares antigas. As pessoas dançavam e cantavam juntas. Keira não conseguia acreditar no que estava vendo. Como um lugar poderia ser coletivamente tão feliz? Talvez ela tenha errado em julgar de forma tão severa e precipitada.
“Aqui estamos”, disse Orin quando chegaram ao destino.
Assim como todos os imóveis em Lisdoonvarna, este era pintado com cores brilhantes, um laranja vivo neste caso, contribuindo com as ruas de arco-íris. Uma placa acima da porta anunciava: Casa do Casamenteiro. A porta era coberta por imagens do cupido.
Keira ergueu uma sobrancelha para a decoração brega e seguiu Orin. Um cavalheiro idoso levantou-se da mesa e aproximou-se dela.
“William Barry,” ele disse, estendendo uma mão. “Você é a repórter americana.”
Keira apertou a mão dele. “Sou uma escritora sobre viagens, não uma repórter .”
“Então esse artigo não vai sair no New York Times?” perguntou William, franzindo o rosto.
Keira olhou de forma apelativa para Orin. William tinha tido a impressão de que ela trabalhava para alguma grande organização? E se Heather tivesse distorcido um pouco a verdade, visto que tinha organizado este evento, sabendo que Josh estaria disposto