Блейк Пирс

Alvos a Abater


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até àquele momento, não tinham dado por ela. Talvez fosse uma sorte que a Gina e a Cassie tivessem repelido Riley naquela manhã. De outra forma, ela estaria ali com elas a tentar responder a perguntas impossíveis.

      Riley apressou o passo para evitar os jornalistas, seguindo o seu caminho entre os outros alunos. Ao caminhar, conseguia ouvir os jornalistas a interpelarem Gina e Cassie vezes sem conta com a mesma pergunta…

      “Como é que se sentem?”

      Riley sentiu invadir-se pela fúria.

      Mas que raio de pergunta era aquela? Questionou-se.

      O que é que esperavam que Gina e Cassie respondessem?

      Riley não fazia ideia do que ela própria diria – exceto talvez para que a deixassem em paz.

      Ainda estava repleta de sentimentos confusos e terríveis – choque, descrença, horror e muito mais. O pior sentimento de todos era uma espécie de alívio culpado por não ter tido o mesmo destino de Rhea.

      Como é que ela ou as amigas podiam verbalizar isso?

      E com que direito é que lhes perguntavam isso?

      Riley foi até ao bar na asociação de estudantes. Ainda não tinha tomado o pequeno-almoço e estava a ficar com fome. No buffet escolheu bacon e ovos, e serviu-se de sumo de laranja e café. Então olhou à sua volta para encontrar um lugar para se sentar.

      Ao fazê-lo viu Trudy que estava sentada sozinha numa mesa, afastada dos outros a comer o seu pequeno-almoço.

      Riley engoliu em seco.

      Atrever-se-ia a juntar-se a Trudy à mesa?

      Será que a Trudy lhe falaria?

      Não tinham trocado uma única palavra desde a noite passada quando Trudy dissera a Riley para dormir.

      Riley reuniu a sua coragem e dirigiu-se à mesa onde se encontrava Trudy. Sem dizer nada, colocou o seu tabuleiro na mesa e sentou-se ao lado da companheira de quarto.

      Durante alguns instantes, Trudy manteve a cabeça baixa, como se não notasse a presença de Riley.

      Por fim, Sem olhar para Riley, Trudy disse, “Decidi não ir à reunião. Como é que correu?”

      “Foi uma treta,” Disse Riley. “Eu também não devia ter ido.”

      Pensou durante um momento, depois acrescentou, “A Heather também não estava lá.”

      “Não,” Disse Trudy. “Ouvi dizer que os pais dela vieram buscá-la esta manhã. Acho que ninguém sabe quando é que ela volta – ou se volta.”

      Trudy finalmente olhou para Riley e disse, “Ouviste o que se passou com o Rory Burdon?”

      Riley lembrava-se de Hintz perguntar por Rory na noite anterior.

      “Não,” Disse ela.

      “Os polícias bateram à porta do apartamento dele a noite passada. O Rory não fazia ideia do que se passava. Nem sabia o que acontecera a Rhea. Estava apavorado por ser preso e nem saber porquê. Os polícias fizeram-lhe perguntas até chegarem à conclusão de que ele não era quem procuravam e então foram-se embora.”

      Trudy encolheu ligeiramente os ombros e acrescentou, “Pobre rapaz. Não devia ter falado no nome dele àquele estúpido chefe da polícia. Mas ele não parava de fazer perguntas. Não sabia que mais dizer.”

      Seguiu-se um silêncio. Riley deu por si a pensar em Ryan Paige e em como mencionara o seu nome a Hintz. Será que a polícia também tinha ido bater à porta de Ryan a noite passada? Era provável, mas Riley esperava que não.

      De qualquer das formas, sentiu-se aliviada por Trudy estar finalmente a falar com ela. Talvez agora Riley se pudesse explicar.

      Disse, “Trudy, quando a polícia cá chegou, aquela polícia perguntou-me o que é que eu sabia e eu não podia mentir. Tive que dizer que tinhas saído a noite passada com a Rhea. Também tive que lhe falar na Cassie, na Gina e na Heather.”

      Trudy assentiu, “Eu percebo Riley. Não precisas de explicar. Eu compreendo. E peço desculpa… peço desculpa por te ter tratado como… “

      De repente Trudy começou a chorar, as lágrimas a caírem-lhe do rosto.

      Disse, “Riley, a culpa foi minha? Quero dizer, em relação ao que aconteceu à Rhea?”

      Riley mal conseguia acreditar no que estava a ouvir.

      “De que é que estás a falar, Trudy? É claro que não. Como é que podia ser culpa tua?”

      “Bem, estava tão estúpida e bêbeda a noite passada, e não estava atenta ao que se passava, nem me lembro da Rhea sair do Centaur’s Den. As outras raparigas disseram que ela saiu sozinha. Talvez se eu… “

      A voz de trudy apagou-se, mas Riley sabia o que ficara por dizer…

      “… talvez se eu tivesse acompanhado a Rhea ao dormitório.”

      Mas também Riley sentia essa culpa a inundá-la.

      No final de contas, bem podia fazer a mesma pergunta a si própria.

      Se não tivesse saído sozinha do Centaur’s Den e se estivesse por perto quando a Rhea se preparava para ir embora, e se a tivesse acompanhado…

      Aquela palavra, se…

      Riley nunca pensara que uma palavra pudesse ser tão terrível.

      Trudy continuou a chorar e Riley não sabia o que fazer para que ela se sentisse melhor.

      Perguntou-se porque é que também ela não estava a chorar.

      É claro que já chorara na cama a noite passada, mas não chorara o suficiente – não perante uma coisa tão terrível. Com toda a certeza, ainda voltaria a chorar.

      Ali ficou a debicar o pequeno-almoço enquanto Trudy limpava os olhos, assoava o nariz e se acalmava.

      Trudy disse, “Riley, aquilo em que eu não consigo parar de pensar é porquê? Quero dizer, porquê a Rhea? Foi pessoal? Alguém a odiava o suficiente para a matar? Não vejo como é que isso é possível. Ninguém odiava a Rhea. Porque é que alguém odiaria a Rhea?”

      Riley não respondeu, mas fazia as mesmas perguntas a si própria. Também se interrogava se os polícias já tinham respostas.

      Trudy prosseguiu, “E será que conhecemos quem a matou? Será que a próxima é uma de nós? Riley, tenho medo.”

      Mais uma vez, Riley não respondeu.

      Mas ela tinha a certeza de que Rhea conhecia o seu assassino. Não sabia por que tinha essa certeza – ela não era polícia, nem sabia o que quer que fosse sobre criminosos. Mas algo lhe dizia que Rhea conhecia e confiava no seu carrasco – até ser demasiado tarde para se salvar.

      Trudu olhou para Riley fixamente e disse, “Tu não pareces estar assustada.”

      Riley foi apanhada de surpresa pelo comentário.

      Pela primeira vez, ocorreu-lhe…

      Não, eu não tenho medo.

      Andava a sentir outras emoções fortes – culpa, dor, choque – e sim, horror. Mas o seu horror era de alguma forma diferente do medo pela sua própria vida. O horror que ela sentia estava relacionado com Rhea, era um horror ligado à tragédia de que fora vítima.

      Mas Riley não tinha medo.

      Interrogou-se – seria devido ao que acontecera à mãe há tantos anos, o som daquele tiro, a visão de todo aquele sangue, a incompreensível perda com que ainda hoje lutava?

      Será que o mais terrível trauma que já sofrera a tinha fortalecido quando comparada às outras pessoas?

      Por algum motivo, ela esperava que não. Não parecia certo ser assim tão forte, forte de uma forma diferente da das outras