Скачать книгу

de Ramirez – nem tente falar nada agora. Vocês dois foderam tudo. Eu não sei com quem vocês falaram hoje de manhã, mas vocês começaram uma avalanche! Como é que Harvard ficou sabendo da morte de Cindy Jenkins? Tem uma homenagem pra ela no site da Kappa Kappa Gamma!

      - Um chute, quem sabe? – disse Avery.

      - Vá se foder, Black! Você está fora do caso. Entendeu?

      O capitão O’Malley entrou na sala.

      - Espere! – Disse Ramirez. – Você não pode fazer isso. Você não sabe o que nós conseguimos!

      - Não me importa o que vocês conseguiram - Dylan esbravejou. - Eu ainda não terminei. Essa merda fica pior. O Prefeito ligou uma hora atrás. Parece que ele costumava jogar golf com o pai da Jenkins, e ele quer saber porque uma ex-advogada de defesa, que livrou um assassino em série da prisão, está cuidando do caso de assassinato da filha de um amigo tão próximo.

      - Acalme-se – O’Malley interviu.

      Dylan caminhou pela sala, com o rosto vermelho e a boca aberta. Ao sinal do Capitão, que era menor e mais calmo, mas parecia pronto para explodir, ele tentou se acalmar.

      - Por alguma razão - O’Malley disse com a voz branda – esse caso saiu do controle. Por isso, eu quero saber o que vocês fizeram o dia todo. Se estiver tudo bem por você, Dylan.

      Connelly murmurou qualquer coisa e saiu.

      O capitão assentiu para Avery.

      - Explique-se.

      - Eu não falei o nome da vítima para ninguém – disse Avery. – Mas eu falei com uma garota da Kappa Kappa, a melhor amiga de Cindy Jenkins, Rachel Strauss. Ela deve ter se dado conta. Eu sinto por isso. – Falou com um olhar realmente sentido para Dylan. – Esse tipo de conversa não é meu forte. Eu queria respostas e eu as consegui.

      - Conte pra eles – intrometeu-se Ramirez.

      Avery andou em volta da mesa de conferências.

      - Nós temos um assassino em série nas mãos.

      - Ah, fala sério! – lamentou Dylan. – Como ela pode dizer isso? Ela está no caso faz um dia. O que nós temos é uma garota morta. Não tem como.

      - Você pode calar a boca? – berrou O’Malley.

      Dylan mordeu os lábios e assentiu.

      - Esse não é um assassinato comum – disse Avery. – Você mesmo me disse, Capitão, e você deve ter percebido também - continuou olhando para Dylan. – A vítima foi transformada para parecer viva. Nosso assassino a venerava. Sem feridas no corpo, sem entradas a força, então podemos eliminar gangues e violência doméstica. Os peritos confirmaram que ela foi drogada com um anestésico forte, provavelmente natural, que o assassino pode ter criado ele mesmo, com extrato de plantas que podem ter a paralisado instantaneamente e a matado devagar. Levando em conta que ele guarda essas plantas clandestinamente em um lugar fechado, ele precisa de luzes, comida e um sistema de irrigação. Eu fiz algumas ligações para descobrir como essas sementes são importadas, onde são vendidas, e como colocar as mãos nesse equipamento. Ele também queria que a vítima ficasse viva, pelo menos um pouco. Eu não sabia porque, até que nós o encontramos nas imagens de vigilância de uma câmera.

      - Que? – murmurou O’Malley.

      - Nós o encontramos – disse Ramirez. – Não se anime muito. As imagens são granuladas e difíceis de ver, mas todo o rapto pode ser visto de duas câmeras diferentes. Jenkins saiu da festa um pouco depois das duas e meia na madrugada de domingo para ir para a casa do namorado. Ele mora a mais ou menos cinco quadras do prédio das Kappa Kappa Gamma. Avery fez o mesmo caminho que ela imaginava que Jenkins havia feito. Ela encontrou um beco. Não sei o que deu nela pra fazer isso, mas com um pressentimento, ela foi checar a câmera de segurança em uma tabacaria próxima ao local.

      - Você precisa de um mandado para isso. – interrompeu Dylan.

      - Só se alguém pedir. – Avery respondeu. – E às vezes um sorriso amigo e uma conversa convincente podem ajudar muito. Aquela tabacaria sofreu com vandalismo mais ou menos dez vezes no último ano. Eles instalaram uma câmera do lado de fora recentemente. A loja fica no lado oposto ao beco, meia quadra antes, mas claramente é possível ver uma garota debaixo de algumas árvores, e eu achei que poderia ser Cindy Jenkins.

      - Foi quando ela me ligou – Ramirez tomou a palavra. – Eu achei que ela estava louca. Sério. Eu vi o vídeo e eu não teria notado nada. Mas Black me fez ligar para os peritos e levar a equipe toda para lá. Você pode imaginar, eu fiquei puto. No entanto - ele falava com ânimo nos olhos – ela estava certa. Havia outra câmera em uma doca nos fundos do beco. Nós pedimos para a empresa para ver as imagens. Eles concordaram e, boom! – Ele abriu os braços – Um homem apareceu no beco segurando nossa vítima. O mesmo vestido. Os mesmos sapatos. Ele é minúsculo, menor que Cindy, e dançava. Na verdade, ele estava segurando ela e dançando. Aquele merda estava nos provocando. Ele colocou ela no banco da frente de uma minivan e dirigiu para o nada. O carro é um Chrysler, azul escuro.

      - Rastrearam a placa?

      - É falsa. Eu já rastreei. Devia ser uma placa de mentira. Estou fazendo uma lista de todas as minivans Chrysler daquela cor vendidas nos últimos cinco anos em um raio considerável. Vai demorar um pouco, mas talvez nós conseguiremos diminuir a lista com mais informações. Outra coisa, ele estava disfarçado. Mal dava pra ver a cara. Estava de bigode, talvez peruca, óculos. A única coisa que podemos ter certeza é a altura, entre 1,65 e 1,68m, e talvez a cor da pele: branca.

      - Onde estão as fitas? – Perguntou O’Malley.

      - Lá embaixo, com Sarah – respondeu Avery. – Ela disse que pode levar um tempo, mas ela vai tentar desenhar um retrato do assassino com base no que ela conseguir ver até amanhã. Assim que tivermos um retrato, podemos comparar com nossos suspeitos, colocar da base de dados e ver o que encontramos.

      - Onde estão Jones e Thompson? – Perguntou Dylan.

      - Espero que trabalhando ainda – disse Avery. – Thompson está no comando das buscas no parque. Jones está tentando descobrir para onde foi a minivan depois que saiu do beco.

      - Até a hora que saímos – acrescentou Ramirez – Jones tinha encontrado pelo menos seis câmeras em um raio de dez quadras do beco que poderiam ajudar.

      - Mesmo que ele perca o carro de vista – Avery disse – nós podemos pelo menos restringir a direção. Nas sabemos que ele foi para o norte do beco. Essa informação, junto com seja lá o que Thompson encontrar no parque, pode nos fazer determinar uma área e ir de casa em casa se for preciso.

      - E os peritos? Encontraram algo? – O’Malley perguntou.

      - No beco, nada. – Avery respondeu.

      - Isso é tudo?

      - Nós temos alguns suspeitos, também. Cindy estava em uma festa na noite do rapto. Um cara chamado George Fine estava lá. Parece que ele estava atrás de Cindy há anos: indo às mesmas aulas, aos mesmos eventos que ela. Ele beijou Cindy pela primeira vez e dançou com ela a noite toda.

      - Você falou com ele?

      - Ainda não – ela disse, e olhou para Dylan. – Eu queria sua aprovação antes de criar uma tempestade em Harvard.

      - Que bom que você ainda tem algum senso de protocolo. – Dylan resmungou.

      - Também tem o namorado - ela acrescentou para O’Malley. – Winston Graves. Cindy teoricamente iria para a casa dele naquela noite. Mas nunca apareceu.

      - Então temos dois suspeitos em potencial, imagens do caso, e um carro para encontrar. Estou impressionado. E sobre o motivo? Você já pensou em algo?

      Avery desviou o olhar.

      As imagens que ela viu, bem como a maneira com que a vítima havia sido manipulada e colocada no parque, tudo apontava para um homem que amava o que fazia. Ele já tinha feito aquilo