Блейк Пирс

Um Rastro De Criminalidade


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era quase esquisito que nada tivesse acontecido. Contudo, por motivos que ela não podia encontrar palavras para descrever, ela temia dar esse próximo passo. E ela podia sentir Ray prestes a cruzar o limite.

      —Posso perguntar algo a você? Ele perguntou enquanto fazia a curva à esquerda, saindo do Culver para a Pershing Drive, a estrada serpenteante que levava a parte mais abastada de Playa del Rey.

      —Acho que pode.

      Não. Por favor, não. Você vai arruinar tudo.

      —Eu me sinto mais próximo a você do que qualquer outra pessoa no mundo, ele disse suavemente. E eu tenho a sensação de que você se sente da mesma maneira em relação a mim. Estou certo?

      —Sim.

      Estamos quase chegando à residência. Apenas dirija um pouco mais rápido para eu poder sair desse carro.

      —Mas nós temos feito nada a respeito disso, ele disse.

      —Acredito que não, ela concordou incerta sobre o que mais dizer.

      —Eu quero mudar isso.

      —Aham.

      —Então, eu estou oficialmente te convidando para um encontro, Keri. Eu gostaria de levá-la para sair nesse final de semana. Você gostaria de ir jantar comigo?

      Houve uma longa pausa antes que ela respondesse. Quando ela abriu a boca, não estava inteiramente certa sobre o que iria sair.

      —Eu acho que não, Ray. Obrigada, mesmo assim.

      Ray permaneceu no banco do motorista, seus olhos olhando diretamente à frente, boquiaberto, sem dizer uma palavra.

      Keri, também aturdida com a própria resposta, permaneceu da mesma maneira e lutou contra o ímpeto de pular de um carro em movimento.

      CAPÍTULO DOIS

      Sem mais outra palavra entre eles, eles viraram à direita saindo da Pershing Drive para a íngreme Rees Street e, então, saíram à esquerda para a Ridge Avenue. Keri viu o caminhão da Unidade de Cena Criminal em frente a uma grande casa no topo da colina.

      —Eu vejo o caminhão da CSU, ela disse maliciosamente, apenas para quebrar o silêncio.

      Ray assentiu e estacionou o carro atrás do caminhão. Eles saíram e se dirigiram para a casa. Keri gastou tempo com seu cinto de armas para deixar Ray ir um pouco à sua frente. Ela conseguia sentir que ele não estava com ânimo para andar ao lado dela.

      Ao segui-lo pelo caminho até a porta da frente, ela admirou mais uma vez o exuberante espécime físico que ele era. Ray era um afro-americano ex-boxeador profissional de quarenta anos de idade, careca, 105 kg e um metro e noventa e cinco de altura.

      Apesar dos desafios que ele havia enfrentado desde que se aposentou do esporte, incluindo um divórcio, conseguir um olho de vidro e ser baleado, ele ainda parecia que poderia pisar de volta no ringue. Ele era musculoso, mas não pesado, com uma agilidade graciosa, inesperada para um homem do seu tamanho. Essa era uma razão para ser tão popular com as mulheres.

      Alguns meses atrás, ela teria se perguntado por que ele estaria na dela. Mas ultimamente, apesar de estar se aproximando do seu trigésimo sexto aniversário, ela retomou parte do entusiasmo jovem que a fez popular.

      Ela nunca seria uma supermodelo. Mas desde que ela retornou com o Krav Maga e cortou a bebida, ela havia perdido quase cinco quilos. Estava de volta ao peso de cinquenta e sete quilos, anteriores a briga do divórcio e que pareciam muito bem na silhueta de um metro e sessenta e sete. As bolsas embaixo dos olhos dela haviam desaparecido e ela, ocasionalmente, usava o cabelo loiro escuro solto ao invés do seu usual rabo de cavalo. Ela estava se sentindo bem consigo mesma recentemente. Então por que ela disse não para o encontro?

      Lide com seus problemas pessoais depois, Keri. Foco no seu trabalho. Foco no caso.

      Ela forçou todos os pensamentos alheios ao caso para fora da mente e olhou ao redor enquanto eles se aproximavam da casa, tentando sentir o mundo dos Rainey.

      A Playa del Rey não era um bairro grande, mas as divisões sociais eram bem acentuadas. Embaixo, próximo a onde Keri morava, em um apartamento em cima de um restaurante chinês barato, a maioria do pessoal era da classe trabalhadora.

      O mesmo era verdade para as pequenas ruas residenciais que se dirigiam para o interior da Manchester Avenue. Elas eram quase todas povoadas pelos residentes de enormes complexos de apartamentos e condomínios. Mas mais próximo à praia, e na grande colina onde os Rainey moravam, as casas variavam de grandes a massivas e quase todas tinham vista para o oceano.

      Essa casa ficava em algum lugar entre grande e massiva, não uma mansão por si só, mas o mais próximo de uma que alguém pode chegar sem os muros de proteção exteriores e grandes pilares. Apesar disso, dava a impressão de um lar genuíno.

      A grama no gramado da frente era um pouco longa e estava espalhada de brinquedos, incluindo um escorregador de plástico e um triciclo que no momento estava de cabeça para baixo. O caminho que eles tomaram para chegar até a casa era coberto com desenhos de giz colorido, alguns claramente eram o trabalho de uma criança de seis anos. Outras seções eram mais sofisticadas, feitas por um pré-adolescente.

      Ray tocou a campainha e olhou diretamente pelo postigo, se recusando a fitar Keri. Ela poderia sentir a frustração e confusão emanando dele e preferiu ficar em silêncio. De qualquer forma, ela não sabia o que dizer.

      Keri ouviu os passos rápidos de alguém correndo até a porta e segundos depois a mesma abriu para revelar uma mulher nos seus trinta e tantos anos. Ela vestia calças soltas e uma blusa casual, mas profissional. Ela tinha cabelo escuro curto e era atraente de uma forma agradável, de expressão franca que nem os olhos manchados de lágrimas podiam esconder.

      —Sra. Rainey? Perguntou Keri com sua voz mais tranquilizadora.

      —Sim. Vocês são os detetives? Ela perguntou suplicante.

      —Somos nós, respondeu Keri. Eu sou Keri Locke e esse é meu parceiro, Ray Sands. Nós poderíamos entrar?

      —Claro, por favor. Meu marido, Tim, está no andar de cima coletando algumas fotos de Jess. Ele estará aqui embaixo em um minuto. Vocês já sabem de alguma coisa?

      —Ainda não, disse Ray. Mas vejo que nossa unidade de cena criminal chegou. Onde eles estão?

      —Na garagem, eles estão verificando se há digitais nas coisas de Jess. Um deles me disse que eu não deveria tê-las movido de onde eu as encontrei. Mas eu estava com medo de apenas deixá-las na rua. E se elas fossem roubadas e nós perdêssemos alguma evidência?

      Enquanto falava, sua voz ficou mais alta e as palavras começaram a se atropelar em um ritmo frenético. Keri podia dizer que ela mal estava se mantendo firme.

      —Está bem, Sra. Rainey, ela lhe garantiu. A CSU ainda vai ser capaz de conseguir qualquer digital em potencial e você pode nos mostrar aonde encontrou as coisas dela depois.

      Logo então, eles escutaram passos e se viraram para ver um homem segurando uma pilha de fotos descendo as escadas. Magro, com um cabelo castanho rebelde de ninho de passarinho e óculos com hastes de arame fino, Tim Rainey vestia calças cáqui e uma camisa de abotoar. Ele se parecia exatamente com o que Keri imaginava que um executivo da indústria de tecnologia seria.

      —Tim, sua esposa disse, esses são os detetives que estão aqui para ajudar a encontrar Jess.

      —Obrigado por terem vindo, ele disse, sua voz era quase um sussurro.

      Keri e Ray apertaram as mãos com ele e ela notou que a outra mão segurando as fotos estava tremendo ligeiramente. Os olhos dele não estavam vermelhos como os da sua esposa, mas sua fronte era mais sulcada e todo seu rosto parecia contraído. Ele parecia um homem esmagado pelo estresse do momento. Keri não podia culpá-lo. Afinal, ela já estivera naquela posição.

      —Por que não nos sentamos todos e