disse, “Ok, neste momento só precisamos de uma viatura para irmos até Searcy.”
McGill disse, “ Searcy não fica muito longe de Syracuse e as estradas estão limpas. Trouxemos um SUV que podem usar mas… estão habituados a conduzir condições destas?”
“Sabem, é que Syracuse ganha sempre o Prémio de Golden Snowball,” Acrescentou Newton com orgulho imoderado.
“Golden Snowball?” Perguntou Riley.
“É o prémio do estado de Nova Iorque para quem tem mais neve,” Disse McGill. “Nós somos os campeões. Temos um troféu que o comprova.”
“Talvez um de nós devesse conduzir-vos até lá,” Disse Newton.
Bill deu uma risada, “Obrigado, mas acho que conseguimos. Tive um trabalho de inverno no Dakota do Norte há alguns anos atrás. Fartei-me de conduzir por lá.”
Apesar de não se manifestar, Riley também se sentia preparada para aquele tipo de condução. Aprendera a conduzir nas montanhas da Virginia. A neve lá nunca era tão profunda como aqui, mas as estradas secundárias nunca estavam desimpedidas rapidamente. O mais certo era demorar o mesmo tempo que qualquer outra pessoa a circular naquelas estradas geladas.
Mas não se importava que Bill conduzisse. Naquele momento, estava preocupada com a segurança de Kelsey Sprigge. Bill pegou nas chaves e partiram.
“Devo dizer que me sabe bem estarmos a trabalhar outra vez juntos,” Disse Bill enquanto conduzia. “É capaz de ser egoísta da minha parte. Gosto de trabalhar com a Lucy mas não é a mesma coisa.”
Riley sorriu. Também ela se sentia bem em trabalhar novamente com Bill.
“Ainda assim, por um lado não queria que o teu regresso fosse com este caso,” Acrescentou Bill.
“Porque não?” Perguntou Riley surpreendida.
Bill abanou a cabeça.
“Tenho um mau pressentimento,” Disse ele. “Lembra-te, eu também conheci o Hatcher. É preciso muito para me assustar mas… bem, ele é qualquer coisa de diferente.”
Riley não respondeu, mas não conseguia discordar. Ela sabia que Hatcher tinha alarmado Bill no decorrer daquela visita Com o seu instinto excecional, Hatcher tinha feito observações astutas sobre a vida pessoal de Bill.
Riley lembrava-se de Hatcher apontar para o dedo anelar de Bill e dizer:
“Não vale a pena conciliar-se com a sua mulher. Não é possível.”
Hatcher tinha razão e Bill estava agora a meio de um divórcio tudo menos amigável.
No fim da mesma visita, ele dissera algo a Riley que ainda a assombrava.
“Pare de o combater.”
Até hoje, ela não sabia a que Hatcher se referia. Mas Riley sentia o pavor inexplicável de que um dia descobriria.
*
Um pouco mais tarde, Bill estacionou a viatura junto a uma pilha de neve no exterior da casa de Kelsey Sprigge em Searcy. Riley viu um carro da polícia estacionado ali próximo com dois polícias desfardados no seu interior. Mas dois polícias num carro não lhe inspiravam muita confiança. O criminoso cruel e brilhante que fugira de Sing Sing podia tratar deles em dois tempos se a isso se dispusesse.
Bill e Riley saíram do carro e mostraram os seus distintivos aos polícias. Depois caminharam no passeio limpo em direção à casa. Era uma casa tradicional de dois andares com um prático telhado de duas águas e alpendre fronteiro, e estava coberta de luzes de Natal. Riley tocou à campainha.
Uma mulher abriu a porta com um sorriso encantador. Era magra e estava em forma, usando equipamento de jogging. A sua expressão era luminosa e alegre.
“Bem, devem ser os Agentes Jeffreys e Paige,” Disse ela. “Chamo-me Kelsey Sprigge. Entrem. Saíam deste frio horrível.”
Kelsey Sprigge conduziu Riley e Bill até uma confortável sala de estar com uma lareira acolhedora.
“Gostariam de beber alguma coisa?” Perguntou. “É claro, estão de serviço. Vou buscar café.”
Foi para a cozinha e Bill e Riley sentaram-se. Riley observou as decorações de Natal e as inúmeras fotografias penduradas nas paredes e pousadas na mobília. Eram fotos de Kelsey Sprigge em vários momentos da sua vida adulta com filhos e netos à sua volta. Em muitas das fotografias, um homem sorridente estava a seu lado.
Riley lembrava-se de Flores ter dito que Kelsey era viúva. Pelas fotografias, Riley percebeu que fora um casamento longo e feliz. De alguma forma, Kelsey Sprigge tinha conseguido alcançar o que sempre escapava a Riley. Ela tinha vivido uma vida familiar plena ao mesmo tempo que trabalhava como agente do FBI.
Riley não se importaria nada de lhe perguntar como o tinha conseguido. Mas é claro que aquele não era o momento adequado.
A mulher regressou rapidamente trazendo um tabuleiro com duas chávenas de café, natas e açúcar, e – para surpresa de Riley – um whiskey com gelo para ela.
Riley estava espantada com Kelsey. Para uma mulher com setenta anos, era extremamente enérgica e cheia de vida, e mais dura do que a maior parte das mulheres que conhecera. De alguma forma, Riley sentia que era quase como olhar para o seu próprio futuro e ver a mulher em que ela se tornaria.
“Bem, então,” Disse Kelsey, sentando-se e sorrindo. “Gostava que o nosso clima fosse mais acolhedor.”
Riley estava espantada com a sua descontraída hospitalidade. Nas circunstâncias em que se encontravam, pensava que encontraria uma mulher alarmada.
“Senhora Sprigge…” Começou Bill.
“Kelsey, por favor,” Interrompeu a mulher. “E sei porque é que estão aqui. Estão preocupados que o Shane Hatcher venha atrás de mim, que eu seja o seu primeiro alvo. Pensam que ele me quer matar.”
Riley e Bill entreolharam-se, sem saber muito bem o que dizer.
“E é claro que é por esse mesmo motivo que aqueles polícias estão lá fora,” Disse Kelsey, ainda sorrindo de forma adorável. “Disse-lhes para entrarem e se aquecerem mas eles não quiseram. Nem me deixaram sair para a minha corrida da tarde! Uma pena, eu simplesmente adoro correr com este tempo vigoroso. Bem, não estou preocupada em ser assassinada e não me parece que me deva preocupar. Não penso que o Shane Hatcher pretenda fazer isso.”
Riley quase perguntou, “Por que não?”
Mas em vez disso, disse cautelosamente, “Kelsey, você apanhou-o. Levou-o à justiça. Ele estava na prisão por sua causa. Você pode ser o motivo por que ele fugiu.”
Kelsey não disse nada por alguns instantes. Olhava a arma no coldre de Riley.
“Qual é a sua arma, querida?” Perguntou.
“Uma Glock de calibre quarenta,” Disse Riley.
“Boa!” Disse Kelsey. “Posso vê-la?”
Riley entregou a sua arma a Kelsey. Kelsey retirou a munição e examinou a arma. Manuseava-a com a delicadeza de um connoisseur.
“As Glocks chegaram tarde para mim,” Disse Kelsey. “Mas gosto delas. A armação polimérica é boa – muito leve, equilíbrio excelente. Adoro a disposição da mira.”
Voltou a colocar a munição na arma e entregou-a a Riley. Depois dirigiu-se a uma secretária e dali tirou a sua pistola semiautomática.
“Atingi o Shane Hatcher com esta preciosidade,” Disse, sorrindo. Entregou a arma a Riley e depois voltou a sentar-se. “Smith and Wesson Modelo 459. Feri-o e desarmei-o. O meu parceiro queria matá-lo no local – vingança pelo polícia que tinha assassinado. Bem, eu não o podia permitir. Disse-lhe que se matasse Hatcher, haveria mais do que um corpo para enterrar.”
Kelsey