Блейк Пирс

Cobiçadas


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abanou a cabeça.

      “Bem, talvez isso explique tudo,” Disse ele. “Byars é uma escola dura. Ainda mais dura do que Georgetown. E muito cara. Surpreende-me que a família pudesse pagá-la.”

      April suspirou profundamente e não disse nada. Pensava que Lois tinha bolsa de estudo, mas não o verbalizou. Não lhe apetecia falar sobre isso. Também não lhe apetia comer. Gabriela tinha preparado uma das suas especialidades, uma sopa de frutos do mar chamada tapado que April normalmente adorava. Mas até ao momento, não tinha provado uma colher.

      Todos se calaram durante alguns momentos.

      Depois Jilly disse, “Ela não se matou.”

      Alarmada, April olhou fixamente para Jilly. E todos os outros também. A adolescente mais nova cruzou os braços e parecia muito séria.

      “O quê?” Perguntou April.

      “A Lois não se matou,” Disse Jilly.

      “Como é que sabes?” Perguntou April.

      “Eu conhecia-a, lembras-te? Eu saberia. Ela não era o tipo de rapariga que fizesse uma coisa dessas. Ela não queria morrer.”

      Jilly parou de falar durante um momento.

      Depois disse, “Sei como é querer morrer. Ela não queria. Eu saberia.”

      O coração de April saltou-lhe à garganta.

      Ela sabia que Jilly tinha passado pelo seu inferno. Jilly contara-lhe sobre o pai violento que a fechara fora de casa numa noite de muito frio. Jilly tinha dormido num cano e depois fora para a paragem de camionagem onde tentara tornar-se prostituta. Foi nessa altura que a mãe a encontrara.

      Se havia alguém que sabia o que era querer morrer, esse alguém era Jilly.

      April sentiu invadir-se por uma onda de dor e horror. Estaria a Jilly errada? Será que Lois se sentira tão miserável?

      “Desculpem-me,” Disse April. “Acho que não consigo comer agora.”

      April levantou-se da mesa e foi para o seu quarto. Fechou a porta, atirou-se à cama e chorou.

      Não sabia quanto tempo tinha passado, mas algum tempo depois, ouviu uma pancada na porta.

      “April, posso entrar?” Perguntou a mãe.

      “Sim,” Disse April numa voz abafada.

      April sentou-se e Riley entrou no quarto trazendo uma sanduíche de queijo num prato. Riley sorriu.

      “A Gabriela pensou que isto podia ser melhor para o teu estômago do que o tapado.” Disse Riley. “Ela está preocupada que fiques doente se não comeres. Eu também estou preocupada.”

      April sorriu por entre as lágrimas. A preocupação da Gabriela e da mãe era comovedoras.

      “Obrigada,” Disse.

      Limpou as lágrimas e deu uma dentada na sanduíche. Riley sentou-se na cama a seu lado e pegou-lhe na mão.

      “Queres falar?” Perguntou Riley.

      April conteve um soluço. Por alguma razão, recordava-se agora que a sua melhor amiga, Crystal, se mudara recentemente. O pai dela, Blaine, tinha sido espancado ali mesmo naquela casa. Apesar dele e da mãe terem estado interessados um no outro, ele ficara tão abalado que decidira mudar-se.

      “Tenho uma sensação estranha,” Disse April. “Como se isto fosse de alguma forma culpa minha. Coisas terríveis não param de nos acontecer, e quase parece ser contagioso. Eu sei que não faz sentido mas…”

      “Eu percebo como te sentes,” Disse Riley.

      April ficou surpreendida. “Percebes?”

      A expressão de Riley entristeceu.

      “Eu também sinto isso muitas vezes,” Disse ela. “O meu trabalho é perigoso. E coloca todos os que amo em perigo. Faz-me sentir culpada. Muito.”

      “Mas a culpa não é tua,” Disse April.

      “Então porque é que tu pensas que a culpa é tua?”

      April não sabia o que dizer.

      “Que mais te incomoda?” Perguntou Riley.

      April pensou por um momento.

      “Mãe, a Jilly tem razão. Eu não acredito que a Lois se tenha matado. E a Tiffany também não. Eu conhecia a Lois. Ela era feliz, uma das pessoas mais equilibradas que eu já conheci. E a Tiffany via nela um exemplo. Ela era a heroína da Tiffany. Não faz sentido.”

      April via pela expressão da mãe que não acreditava nela.

      Ela pensa que estou a ser histérica, Pensou April.

      “April, a polícia deve pensar que foi suicídio, e a mãe e o pai…”

      “Bem, estão enganados,” Disse April, surpresa com a aspereza da sua própria voz. “Mãe, tens que investigar. Sabes mais sobre estas coisas do que qualquer um deles. Até mais do que a polícia.”

      Riley abanou a cabeça com tristeza.

      “April, eu não posso fazer isso. Não posso começar a investigar algo que já está estabelecido. Pensa no que a família sentiria a esse respeito.”

      Era tudo o que April podia fazer para evitar chorar outra vez.

      “Mãe, imploro-te. Se a Tiffany nunca descobrir a verdade, a vida dela vai colapsar. Nunca vai ultrapassar isto. Por favor faz alguma coisa, por favor.”

      Era um grande favor que pedia e April sabia-o. Riley não respondeu durante alguns instantes. Levantou-se e dirigiu-se à janela do quarto olhando para o exterior. Parecia estar embrenhada nos seus pensamentos.

      Ainda a olhar para o exterior, Riley finalmente disse, “Eu vou falar com os pais da Tiffany amanhã. Isto é, se eles quiserem falar comigo. É tudo o que posso fazer.”

      “Posso ir contigo?” Perguntou April.

      “Tens escola amanhã,” Disse Riley.

      “Então vamos depois da escola.”

      Riley ficou novamente em silêncio e depois disse, “OK.”

      April levantou-se da cama e abraçou-a com força. Queria dizer obrigado, mas sentia-se demasiado esmagada pela gratidão para conseguir verbalizar o que quer que fosse.

      Se há alguém que pode descobrir o que se passa de errado, é a mãe, Pensou April.

      CAPÍTULO TRÊS

      Na tarde seguinte, Riley foi com April a casa dos Pennington. Apesar das suas dúvidas de que Lois Pennington tivesse sido assassinada, Riley tinha a certeza de que aquilo era o melhor que tinha a fazer.

      Devo-o à April, Pensou enquanto conduzia.

      No final de contas, ela sabia o que era ter a certeza a respeito de alguma coisa e ninguém acreditar nela.

      E a April parecia ter a certeza de que algo estava muito errado.

      Quanto a Riley, os seus instintos não apontavam num nem noutro sentido. Mas ao penetrarem numa zona de classe alta de Fredericksburg, lembrou-se que os monstros muitas vezes se insinuam atrás das fachadas mais pacíficas. Muitas das magníficas casas por que passavam, escondiam com toda a certeza segredos sombros. Riley já vira demasiado mal na sua vida para não ter essa certeza.

      E quer a morte de Lois tivesse sido suicídio ou assassinato, não havia dúvidas de que um monstro tinha invadido a aparentemente feliz casa dos Pennington.

      Riley estacionou o carro na rua em frente à casa. Era uma casa grande de três andares e preenchendo um lote consideravelmente amplo. Riley lembrava-se do que Ryan dissera sobre os Pennington.

      “Não