se não soubermos a quem nos estamos a conectar.”
“Talvez tu simplesmente não os estejas a ligar corretamente” disse Chloe.
Luna lançou-lhe um olhar sério.
“De qualquer maneira, nós podemos ficar aqui o tempo que precisarmos” disse Luna. “Estamos a salvo aqui. Nós conversámos sobre isto ontem, Kevin.”
Eles tinham-no feito, e tinha sido um pensamento reconfortante naquele momento, mas seria mesmo? Eles iriam os três ficar ali durante o resto das suas vidas?
“Eu talvez saiba de um lugar” disse Chloe, entre bocados de panqueca.
“Acabaste de saber sobre um lugar?” Luna perguntou. “Da mesma forma que ouviste falar deste lugar?”
Para Kevin, ela parecia desconfiada. Ele queria dar a Chloe o benefício da dúvida, mas Luna parecia confiar nela muito menos do que ele.
Chloe posou o garfo. “Eu ouvi algumas pessoas, que encontrei no caminho para aqui, a falar nele. Eu imaginei que este era mais próximo e mais seguro. Mas se não há ninguém aqui...”
“Nós estamos aqui” disse Luna. “Nós estamos a salvo aqui.”
“Estamos?” Chloe quis saber, olhando para Kevin como se para confirmação. “É suposto haver um grupo em direção a Los Angeles que está a ajudar refugiados a se reunirem e a permanecerem a salvo. Eles autointitulam-se de Sobreviventes.”
“Então queres que a gente vá até Los Angeles e procure essas pessoas?” Luna perguntou.
“Qual é o teu plano? Ficar aqui simplesmente à espera que as coisas melhorem?”
Kevin olhou de uma para a outra, tentando descobrir a melhor maneira de manter tudo calmo.
“Nós temos comida suficiente para durar para sempre, e talvez consigamos que o rádio funcione em breve. Não podemos simplesmente sair quando pode haver qualquer coisa.”
Chloe abanou a cabeça. “As coisas não melhoram. Confiem em mim.”
“Confiar em ti?” Luna perguntou. “Nós nem te conhecemos. Nós vamos ficar aqui.”
Kevin conhecia aquele tom. Significava que Luna não estava a recuar.
“Ouçam a pequena líder de claque perfeita, a pensar que está no comando” Chloe retrucou.
“Tu não sabes nada sobre mim” insistiu Luna, num tom de voz perigoso.
Kevin mal conseguia entender porque é que elas estavam a discutir. Ele tinha estado a tentar não se envolver, mas agora parecia que ele o teria de fazer.
Ele levantou-se para dizer uma coisa, mas parou, porque uma dor disparou pela sua cabeça, juntamente com outra coisa, uma sensação que ele não tinha há dias.
“Kevin?” Luna chamou. “Estás bem?”
Kevin abanou a cabeça. “Eu acho que... eu acho que está a chegar outro sinal.”
CAPÍTULO TRÊS
Uns números passaram pela mente de Kevin, explodindo numa sequência rápida, parecendo quase se queimarem no seu cérebro. Eles pareciam demasiado rápidos para segurar, mas Kevin sabia que tinha que tentar. Ele tentou agarrá-los...
Kevin acordou, pestanejando no cimo do beliche superior da cama que escolhera. Doía-lhe a cabeça como se tivesse sido atingido, mas não era isso. Era apenas a dor que ele tinha quando o seu corpo tentava processar um sinal alienígena que não conseguia, tentando em vão agarrá-lo. Ele colocou uma mão no nariz que ficou manchada por um fino fluxo de sangue.
“Toma” disse Luna, entregando-lhe um pano.
“Obrigado” respondeu Kevin.
Chloe estava a olhar para ele do outro lado do beliche, como se fosse uma barreira entre ela e Luna.
“Está bem?” ela perguntou. “O que aconteceu?”
“Eu disse-te o que aconteceu” disse Luna. Kevin notou algum aborrecimento ali.
Chloe abanou a cabeça. “Eu quero ouvir isso dele.”
Kevin engoliu em seco. “Eu acho... acho que há uma transmissão.”
“Eu disse-te” disse Luna, com uma certa satisfação e, em seguida, olhou para Kevin. “Espera, achas que há uma?”
Kevin pôde entender aquela incerteza. Antes, as transmissões tinham todas sido tão claras.
“Não havia palavras” disse Kevin. “Eram só números.”
“Como da primeira vez” disse Luna.
Kevin assentiu, esforçando-se para se sentar. Quando pestanejou, ele conseguiu ver os números claramente, queimando por detrás das suas pálpebras, ali, quer ele as quisesse ver quer não.
“Então é assim que acontece?” Chloe perguntou, parecendo quase excitada com isso. “Recebes transmissões reais no teu cérebro?”
“Recebo indícios de coisas” disse Kevin “mas as transmissões reais passam pelos radiotelescópios da NASA. Eu apenas sou capaz de os traduzir.”
“Isso é... incrível” disse Chloe.
Era fácil esquecer que havia pessoas por aí que não o tinham visto a fazer isto imensas vezes antes.
“Não é algo divertido” disse Luna. “Podes ver o que isso faz a Kevin. E todos os problemas que vêm daí também... não apenas os alienígenas que vêm. Nós tivemos pessoas a ameaçarem-nos, a tentarem matar-nos, pessoas a não acreditarem em Kevin. Sabes como é, ninguém acreditar em ti quando estás a dizer a verdade? Dizerem-te que és louco?”
Chloe estava cada vez mais irritada à medida que Luna falava, mas quando ela acabou, Chloe ficou quieta.
“Sim” ela disse suavemente. “Sim, sei.”
Ela afastou-se e sentou-se na esquina de uma das outras camas. Kevin viu os dedos dela tamborilarem juntos, como se houvesse muita coisa que ela quisesse dizer. Mas ela não o fez. Kevin poder-lhe-ia ter perguntado o que se passava, mas Luna começou a falar com ele novamente.
“Então isto significa que há outra mensagem à espera?” ela perguntou. “Outra transmissão dos alienígenas?”
Kevin assentiu. “Não dos que invadiram, no entanto. Esta era mais parecida com o que ele tinha sentido com os outros. Os que nos tentaram avisar.”
“Eu imaginei isso” disse Luna. “Quero dizer, o que é que os invasores vão dizer agora? Rendam-se ou serão destruídos, humanos insignificantes? A resistência é fútil? Que tipo de alienígenas se gabam quando já te venceram?”
“Todas as pessoas fazem isso” Chloe murmurou e, em seguida, levantou-se e saiu.
Luna franziu a testa ao vê-la sair. “Qual é o problema dela?”
Kevin abanou a cabeça. “Eu não sei. Tenho a sensação de que algo muito mau aconteceu antes de ela vir para aqui.”
“Queres dizer, pior do que o mundo estar a ser invadido por alienígenas?” Luna perguntou. “Ou pior do que ser agarrado por um indivíduo com uma arma numa conferência de imprensa?”
“Eu não sei” Kevin repetiu. Ele teve a sensação de que provavelmente deveria ir atrás de Chloe, mas ele ainda não se sentia suficientemente forte para o fazer, e de qualquer maneira, ele também tinha a sensação de que Luna não ficaria feliz consigo se ele o fizesse.
“Eu imaginei que ela te tivesse dito” disse Luna. “Quero dizer, parecia que vocês estavam a ter uma boa conversa quando eu apareci há pouco.”
Quase que pareciam ciúmes, mas porque é que Luna ficaria com