Морган Райс

Um Trono para Irmãs


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as mãos de Sophia no seu ombro.

      “Não podes falar assim, Kate. Não podes simplesmente falar em matar pessoas, como se não fosse nada.”

      “Não é como se não fosse nada” disse Kate violentamente. “É o que eles merecem.”

      Sophia abanou a cabeça.

      “Isso é primitivo” disse Sophia. “Existem melhores maneiras de sobreviver. E melhores maneiras de obter vingança. Além disso, eu não quero apenas sobreviver, como uma qualquer camponesa na floresta. Então qual é o propósito da vida? Eu quero viver.”

      Kate não sabia muito bem, mas ela não disse nada.

      Elas caminharam em silêncio um pouco, e Kate imaginava que Sophia estivesse tão arrebatada nos seus sonhos quanto Kate. Elas caminharam pelas ruas cheias de pessoas que pareciam saber o que estavam a fazer com as suas vidas, que pareciam cheias de sentido, e para Kate, era injusto que fosse tão fácil para elas. Mas então, mais uma vez, talvez não fosse. Talvez aquelas pessoas tivessem tão pouca escolha quanto ela ou Sophia tivessem tido se tivessem ficado no orfanato.

      Lá à frente, a cidade estendia-se além dos portões que provavelmente estavam ali há centenas de anos. O espaço além era agora preenchido com casas, pressionadas diretamente contra as muralhas de uma maneira que provavelmente as tornava inúteis. Porém, havia um espaço aberto a seguir, onde vários camponeses levavam o seu gado para o abate, ovelhas, gansos, patos e até algumas vacas. Havia também vagões de mercadorias, esperando para entrar na cidade.

      E a seguir a isso, no horizonte só havia floresta. Floresta para a qual Kate ansiava escapar.

      Kate viu a carruagem antes de Sophia. Estava a tentar passar pelos veículos que estavam à espera, os ocupantes obviamente a assumir que tinham o direito de ser os primeiros a entrar na cidade propriamente dita. Talvez eles tivessem. A carruagem era dourada e esculpida, com uma crista de família do lado que provavelmente teria feito sentido se as freiras tivessem pensado que valia a pena ensinar tais coisas. As cortinas de seda estavam fechadas, mas Kate viu uma a abrir-se com um puxão, revelando uma mulher lá dentro que espreitava por debaixo de uma elaborada máscara de cabeça de pássaro.

      Kate sentiu-se cheia de inveja e indignação. Como é que alguns poderiam viver tão bem?

      “Olha para eles” disse Kate. “Eles estão provavelmente a caminho de um baile ou de um baile de máscaras. Provavelmente nunca tiveram de se preocupar por terem fome nas suas vidas.”

      “Não, nunca tiveram” concordou Sophia. Mas ela pareceu pensativa, talvez até a admirar.

      Então Kate percebeu o que a sua irmã estava a pensar. Ela virou-se para ela, horrorizada.

      “Nós não podemos simplesmente segui-los” disse Kate.

      “Por que não?” ripostou a sua irmã. “Porque não tentarmos obter o que queremos?”

      Kate não tinha uma resposta para ela. Ela não quis dizer a Sophia que não iria resultar. Que não poderia resultar. Que não era assim que o mundo se encaixava. Eles iriam olhar para elas e perceber que elas eram órfãs, perceber que eram camponesas. Como é que elas alguma vez poderiam esperar misturar-se num mundo como aquele?

      Sophia era a irmã mais velha; era suposto ela já saber isso.

      Além disso, naquele momento, os olhos de Kate caíram em algo que era igualmente tentador para si. Havia homens a formarem-se perto do lado da praça, vestindo as cores de uma das companhias mercenárias que gostavam de se dedicar vagamente às guerras através da água. Eles tinham cavalos e armas dispostas em carroças. Alguns deles estavam mesmo a ter um improvisado torneio de esgrima com espadas de aço mal afiadas.

      Kate olhou para as armas e viu o que ela precisava: armaria de aço. Adagas, espadas, bestas, armadilhas para caça. Com apenas algumas dessas coisas, ela conseguiria aprender a colocar armadilhas e a viver da terra.

      “Não” disse Sophia, observando o olhar dela, colocando uma mão no braço dela.

      Kate tirou-lhe a mão, mas gentilmente. “Vem comigo” disse Kate, determinada.

      Ela viu a sua irmã sacudir a cabeça. “Sabes que não posso. Isto não é para mim. Não é quem eu sou. Não é o que eu quero, Kate.”

      E tentar misturar-se com um grupo de nobres não era o que Kate queria.

      Ela conseguia sentir a certeza da sua irmã, ela conseguia sentir a sua própria certeza, e ela teve uma sensação repentina de para onde é que aquilo se encaminhava. Sabê-lo causou-lhe lágrimas nos olhos. Ela abraçou a sua irmã, assim como a sua irmã a abraçou.

      “Eu não te quero deixar” disse Kate.

      “Eu também não te quero deixar”, respondeu Sophia, “mas talvez cada uma de nós precise tentar o seu próprio caminho, pelo menos por um tempo. És tão teimosa quanto eu, e cada uma de nós tem os seus próprios sonhos. Estou convencida de que consigo fazê-lo e que depois consigo ajudar-te.”

      Kate sorriu.

      “E eu estou convencida de que eu consigo e que depois consigo ajudar-te.”

      Kate também viu lágrimas nos olhos da sua irmã, mas, mais do que isso, ela conseguiu sentir a tristeza através da ligação que elas partilhavam.

      “Tens razão” disse Sophia. “Tu não irias encaixar na corte, e eu não iria encaixar num ermo ou a aprender a lutar. Então talvez tenhamos de fazer isto separadamente. Talvez as nossas melhores hipóteses de sobrevivência sejam ficarmos separadas. Pelo menos, se uma de nós for apanhada, então a outra pode ir salvá-la.”

      Kate queria dizer a Sophia que ela estava errada, mas a verdade era que tudo o que ela estava a dizer fazia sentido.

      “Eu vou encontrar-te depois” disse Kate. “Eu vou aprender a lutar e a viver no campo, e vou encontrar-te. Então tu verás, e virás juntar-te a mim.”

      “E eu vou encontrar-te quando atingir o que pretendo na corte” respondeu Sophia com um sorriso. “Vais-te juntar a mim no palácio e casar com um príncipe, e governar esta cidade.”

      Ambas sorriram largamente, com as lágrimas a roçarem as suas bochechas.

      Mas nunca estarás sozinha, acrescentou Sophia, com as palavras a tocarem na mente de Kate. Eu estarei sempre tão próxima quanto um pensamento.

      Kate não conseguia mais suportar a tristeza, e ela sabia que tinha de agir antes de ela mudar de ideia.

      Então ela abraçou a sua irmã uma última vez, soltou-a e correu na direção das armas.

      Tinha chegado o momento de arriscar tudo.

      CAPÍTULO CINCO

      Sophia conseguia sentir a determinação a arder dentro de si enquanto atravessava Ashton, na direção do recinto murado onde o palácio se localizava. Ela correu pelas ruas, esquivando-se de cavalos e ocasionalmente saltando para a parte de trás de vagões quando parecia que eles estavam a ir na direção certa.

      Mesmo com isso, demorava tempo a atravessar a extensão do lugar, passando pelo Screws, pelo Quarteirão Mercantil, pela Colina Knotty e pelos outros distritos, um a um. Eram tão estranhos e cheios de vida para Sophia, após o seu tempo na Casa dos Não Reclamados, que ela desejava ter mais tempo para explorá-los. Ela deu por si do lado de fora de um grande teatro circular, desejando que houvesse tempo suficiente para entrar.

      No entanto, não havia, porque, se ela perdesse o baile de máscaras hoje à noite, ela não sabia bem como é que ela iria encontrar o lugar que queria na corte. Um baile de máscaras, do que ela sabia, não aparecia muito frequentemente, e oferecer-lhe-ia a sua melhor oportunidade de entrar sorrateiramente.

      Ela estava preocupada com Kate enquanto ia. Era estranho depois de tanto tempo, simplesmente caminhar em direções opostas. Mas a verdade era que elas