a atribuição na sua totalidade. É evidente que este não era um presente de Natal, mas uma manobra para poder produzir um novo filme de animação, que faria muito sucesso e traria muito dinheiro ao bolso de todos os protagonistas. Produziram então um filme de 8 minutos muito bem feito que, em 1947, deixou milhões de americanos em êxtase. Em seguida, várias alterações foram feitas, transformando gradualmente a imagem e fábula de Rudolph, privando-a da sua originalidade e nivelando-a ao popular estilo Disney. Ainda digno de nota foi o livro infantil de 1951 com desenhos de Richard Scarry, republicado depois pela Golden Books em 1958 em uma edição revisada e corrigida, e até um pouco sentimental.
FOTO 13. Esse é o lindo desenho de Scarry de 1951, que se manteve inalterado até 1958. Após essa data, o estilo foi infelizmente se modificando de forma gradativa.
A alteração do personagem ficou evidente no especial de 1964, em que Rudolph se transforma em um cachorro alienado que foge de casa, e onde aparecem outros personagens de apoio, também excluídos como ele. A nova história perdeu completamente aquela luz de amor e esperança que é tão central na figura da pequena rena, e é agora aclamada como um clássico... infelizmente, esse é um reflexo dos novos tempos.
Me calo a respeito dos remakes subsequentes, que culminam em um filme horrível de 1998, que se demora no retrato do assédio sofrido pelo pequeno Rudolph em uma atmosfera de gosto vagamente sádico. Me sinto até mal em falar sobre o filme Rudolph, a rena do nariz vermelho - Na ilha dos brinquedos roubados de 2001, em que a magia de fato desaparece. A consagração definitiva de Rudolph, com isso, se deu em 1949, se tornando assunto familiar. Entre livros, acessórios e filmes, faltava uma última coisa: uma canção simbólica que lhe garantiria para sempre o seu lugar no Olimpo. A proeza foi da Columbia, que, talvez para dar um impulso extra para a campanha de publicidade, confiou a tarefa de extrair da fábula uma canção ao próprio cunhado de Bob May: o talentoso Johnny Marks.
Até aquele momento, Marks era apenas uma bela promessa. Embora tivesse contato com a rádio e tivesse os características de um bom compositor, ele não havia escrito nada de excepcional até então; todavia, Rudolph expõe a alma de verdadeiro artista que havia dentro dele. Ele compõe em dois meses uma canção agradável de texto leve, que em poucos minutos torna perfeita a atmosfera da fábula de Natal.
Vejam o texto:
Rudolph, the red-nosed reindeer
had a very shiny nose.
And if you ever saw him,
you would even say it glows.
All of the other reindeer
used to laugh and call him names.
They never let poor Rudolph
join in any reindeer games.
Then one foggy Christmas Eve
Santa came to say:
“ Rudolph with your nose so bright,
won’t you guide my sleigh tonight?”
Then all the reindeer loved him
as they shouted out with glee,
Rudolph the red-nosed reindeer,
you’ll go down in history.
Rudolph, a rena do nariz vermelho.
Rudolph, a rena do nariz vermelho
tinha um nariz muito brilhante.
X E se algum dia o visse,
ainda diria que era cintilante!
Todas as outras renas
zombavam dele e faziam uma quebradeira.
Nunca deixavam o pobre Rudolph
participar de nenhuma brincadeira
Então, uma noite de Natal cheia de neblina
Papai Noel disse:
"Rudolph, com seu nariz tão luminoso,
gostaria de conduzir meu trenó esta noite?”
Então
todas as renas o acolheram
e gritaram cheios de glória:
"Rudolph, a rena do nariz vermelho
ficará para sempre na história! ”
Muito bem escrito! Agora precisava apenas encontrar alguém, uma verdadeira estrela da música, que a tornasse sua e conseguisse transmitir sua beleza para cair nas graças do público. Columbia imediatamente contatou o ícone de músicas natalinas da vez, o rei do chororô, o onipresente Bing Crosby, mas ele torce o nariz e recusa. Depois do grande sucesso do White Christmas que o colocou no universo das estrelas, ele tinha medo de arruinar sua reputação interpretando uma fábula infantil. Ninguém ficou surpreso com a rejeição: o querido "Bing" não se destacava por suas qualidades intuitivas.
No entanto, no caso de Rudolph, Crosby foi inflexível e, com isso, a gravadora passa para o plano B. A escolha recai sobre outra das estrelas do momento, um cantor-ator que jovens e adultos gostavam e que encarnava perfeitamente a imagem do Bom Americano: estou obviamente falando de Gene Autry. O ator havia se estabelecido graças a alguns filmes de faroeste de alcance nacional popular, em que ele aparecia como um cowboy bonito e sempre bem penteado, com a intenção de lutar contra os bandidos, flertar com belas donzelas e cantar canções country ao lado da fogueira. Durante anos apareceu em um especial de rádio da CBS em que, direto de seu rancho, dava "lições" para jovens ouvintes que queriam imitá-lo. O programa continuou por cerca de 16 anos com um índice de aprovação muito alto. Além disso, foi um herói da Segunda Guerra Mundial e campeão de rodeio. Em resumo, todos os americanos queriam ser como ele, e todas as mulheres sonharam com um homem como ele. Mas Autry torceu o nariz para o caso Rudolph por outra razão, muito mais compreensível: apenas alguns anos antes ele havia interpretado uma canção sobre o Natal, Here Comes Santa Claus, que não foi muito bem sucedida, e foi tema de críticas impiedosas. No entanto, o ator confiava muito em sua esposa Ina, que tinha um gosto musical afiado. Ela tanto disse e tanto fez, que eventualmente convenceu Autry. O single Rudolph, a rena do nariz vermelho foi lançado em 1949 e foi o maior sucesso de sua vida. A canção, doce sem ser triste, vendeu em um único mês dois milhões de cópias, 230 milhões até hoje, ficando em segundo lugar entre as maiores canções de todos os tempos imediatamente após... White Christmas.
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