Barbara Cartland

Vingança Do Coração


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Warren! Não o tenho visto há tanto tempo! E verdade que também estive no campo.

      –Alô!

      O tom de voz de Warren fez Edward olhar para o amigo seriamente, mostrando sua preocupação.

      –O que está acontecendo? Há quanto tempo não o vejo assim deprimido! Acho que desde aquela vez em que foi derrotado no campeonato de salto, no colégio, em Eton!

      Warren não respondeu, apenas olhou para seu copo e Edward insistiu:

      –O que o aborrece, homem? Se eu puder fazer alguma coisa…

      –Não. Não pode fazer nada por mim, a não ser que possa me ensinar qual é o melhor modo de dar um tiro nos miolos.

      Edward não escondeu o espanto e analisou a expressão do amigo detalhadamente antes de perguntar:

      –Está falando sério mesmo?

      –Muito sério! Só penso que se der um tiro nos miolos vou deixar minha mãe muito triste, e é ela a única pessoa em que posso confiar neste mundo maldito, nojento, imundo, onde só há mentiras e falsidades!

      Falou com tamanha violência e ódio e tão alto que Edward olhou ao redor para certificar-se de que não havia ninguém por perto.

      Felizmente havia apenas dois sócios já idosos, sentados em suas poltronas e pareciam estar tirando uma soneca, esquecidos de tudo e de todos.

      –Não estou reconhecendo você! O que é que aconteceu?

      Warren deu uma risada amarga e Edward, que conhecia o amigo desde o tempo de escola, em Oxford, observou que ele havia bebido muito mais do que costumava, o que não era comum. Warren começava a ficar tagarela.

      –Vamos, Warren, diga-me o que está acontecendo!– ele insistiu.

      Como se estivesse alegre por ter com quem partilhar seus sentimentos, Warren respondeu:

      –Não é uma história muito original, mas acabo de ter certeza de que a única coisa que conta neste mundo é o que um homem possui e não o caráter dele.

      –Você não pode estar falando de Magnólia!

      –E de quem mais poderia ser? Quando a levei para Buckwood para passarmos uns dias lá, jamais me passou pela cabeça que não estivesse apaixonada por mim. Ela sempre havia jurado que me amava!

      Fez uma pausa, enquanto apertava com força o copo que tinha na mão. Depois disse com ímpeto:

      –Eu a amava, Edward! Amava-a com todas as forças de meu ser! Era tudo o que eu mais queria na vida! A mulher perfeita com que eu sonhara para ser minha esposa.

      –Sim, sei disso– respondeu Edward com calma–, mas o que aconteceu?

      Novamente Warren deu a mesma risada amarga e desagradável antes de responder:

      –Você nem pode imaginar! Ela conheceu Raymond!

      Edward encarou o amigo demonstrando seu espanto.

      –Você quer dizer… o seu primo? Mas meu Deus! Ele é pouco mais que uma criança!

      –E o que importa isso, se ele é muito rico, o único herdeiro de todos os bens do Marquês de Buckwood?– o tom de voz de Warren era sarcástico–, meu caro Edward, você deve compreender o que eu, por ser muito idiota, só compreendi tarde demais o homem, ou seja, o ser humano não vale pelo que é, mas pelo que tem. Não é o caráter que importa.

      Edward quis dizer alguma coisa para confortar o amigo, mas Warren continuou, amargo:

      –Um homem pode ter pernas tortas, ser estrábico, ter verrugas no nariz, mas se está para se tornar um Marquês, seus defeitos desaparecem. Arranja uma linda noiva que até diz que está apaixonada por ele! Pode uma coisa dessas ser verdade? Me diga se pode! O que não faz uma mulher ambiciosa para se tornar uma Marquesa!

      As últimas palavras foram ditas com a voz estrangulada e Warren bebeu o brandy que restava em seu copo e relanceou os olhos pelo salão à procura do garçom. Felizmente não havia nenhum por ali naquele momento e Edward disse:

      –Antes que você fique bêbado demais, Warren, conte-me toda a história. Estou não só interessado, mas também solidário com você.

      –Muito obrigado, amigo velho! Suponho que posso confiar em você. Acho que não vai me desapontar. Entretanto, juro que jamais confiarei em uma mulher novamente! Jamais!

      –Ora vamos!– protestou Edward–, e… Magnólia não pretende se casar com Raymond?

      –Mas é claro que sim! Agora que penso sobre o assunto e começo a analisar friamente, vejo que ela estava determinada a conquistar Raymond desde que pôs os pés em Buckwood! Acho mesmo que meu primo nem mesmo teve a chance de escapar assim que Magnólia pôs sobre ele aqueles seus olhos lindos e feiticeiros.

      Edward sabia que isso era mais que provável.

      Magnólia Keane era não só linda, mas tinha também o poder de fascinar os homens. Podia exercer uma influência quase hipnótica sobre qualquer pessoa que desejasse dominar.

      Edward conhecia Magnólia muito bem antes de ela conhecer seu amigo Warren. Quando os viu juntos pela primeira vez, ele havia pensado que o envolvimento do amigo com uma mulher daquelas era um grande erro.

      Vindo de uma boa família do interior, Magnólia mudara-se para Londres com o firme propósito de encontrar um marido rico e importante. Teria sido muito fácil, Edward pensou, considerando que era lindíssima. Seu pai, um famoso treinador de cães caça-raposa, tinha uma matilha desses belos animais e inúmeros amigos nos círculos desportivos.

      Todavia, o pai de Magnólia não era um homem rico. Havendo economizado muito e sendo até sovina, o Coronel Keane conseguiu juntar o suficiente para alugar uma casa em Londres.

      O Coronel e sua esposa sonhavam com a filha participando dos bailes da temporada. Era costume retribuir aos convites e os pais de Magnólia não tinham condições de oferecer festas e bailes à sociedade londrina.

      Assim o Coronel, a Sra. Keane e Magnólia, não foram convidados para nenhum baile importante, com isso, Magnólia, viu bem reduzidas as chances de conhecer um futuro marido rico e influente.

      Durante a primeira temporada ela não recebera uma única proposta de casamento, apesar de muitos homens se interessarem por ela. Infelizmente a maioria deles era casada.

      Como consequência disso, as senhoras mais velhas, dadas a mexericos, faziam comentários maldosos sobre Magnólia e seu nome foi riscado de uma porção de listas de convidados que as senhoras da sociedade londrina faziam questão de manter e seguir meticulosamente.

      No ano seguinte, Magnólia brilhou como uma estrela, em sua cidade, em uma porção de bailes da temporada de caça.

      Foi a inúmeras corridas de cavalo e vivia cercada de admiradores jovens e velhos.

      Então ela voltou a Londres com os pais, mas dessa vez ela estava determinada a ter um anel de noivado em seu dedo!

      Não houve anel de noivado algum, mas ela encontrou um distinto baronete dezoito anos mais velho que ela, o qual se tornou seu par constante em todos os eventos e, quando estavam a sós, ele a perseguia sem descanso como um cão persegue uma raposa.

      Magnólia brincava com ele como um pescador brinca com um peixe que já sabe estar bem preso ao anzol. Todavia, o que parecia ser um peixe bem fisgado, escapou no último momento, deixando Magnólia frustrada, quando já começava a pensar, realmente, no enxoval.

      Mal pôde acreditar no que ouvia quando o baronete lhe disse que havia feito alguns investimentos extremamente altos e infelizmente, perdera muito dinheiro, assim, seria impossível para ele conservar sua casa, suas propriedades, a menos que, para dizê-lo de modo mais vulgar, ele se casasse por dinheiro, ou seja; que desse o “golpe do baú”.

      Magnólia decidiu que o melhor a fazer era levantar a cabeça e com determinação, ignorou