amanhã ou no dia seguinte?"
"Sinto muito", disse a Sra. Doyle, meneando a cabeça. "Mas elas terão que resolver seus problemas. Gail pode guiá-las e, claro, a Srta. Butler estará supervisionando tudo em sala de aula. Não há soluções rápidas nesse tipo de situação, Sra. Morey. As circunstâncias de Chantelle não são relevantes nesse caso".
Emily olhou suplicante para Gail. "Você está do meu lado, não é?"
"Não é sobre quem está do lado de quem", respondeu Gail. "Estou aqui por Chantelle e o que é melhor para ela".
"Deixe-me adivinhar", disse Emily. "O que é melhor para ela é vir ao seu escritório uma vez por semana para falar sobre seus sentimentos? Ela é uma criança de sete anos. Ela age de acordo com suas emoções, seus sentimentos. Sentar aqui falando com você sem parar não ajudará com o bullying".
"Nossas sessões são muito valiosas", Gail respondeu calmamente.
"Eu não acho que devemos rotular isso de bullying", a Sra. Doyle interveio.
Emily ficou furiosa. Ela sentiu como se todo mundo estivesse abandonando Chantelle. Como que aquilo não era bullying?
Chantelle foi ridicularizada por seu sotaque. Sua melhor amiga foi tirada dela. Essa nova garota a ostracizou. Como isso não é bullying?"
"Emily", Gail falou, suavemente.
Mas Emily estava exasperada. Ela sentiu como se ninguém na sala estivesse preparada para fazer qualquer coisa concreta sobre a situação. Tudo o que elas estavam oferecendo era mais das mesmas conversas inconsistentes, que lhe pareciam inúteis agora, como aconselhamento matrimonial para um casal de jovens que mal tinham idade para amarrar seus próprios cadarços!
"O quê?" Emily perguntou furiosa para Gail, tão perto de perder a paciência que a assustou.
"Tenho muita experiência em lidar com essas situações", continuou Gail. "Vou reunir Chantelle, Laverne e Bailey aqui. Não há culpa. Nós só precisamos descobrir uma maneira delas ocuparem o mesmo espaço juntas".
Emily ouviu o suficiente. "Isso é um absurdo. Vocês estão querendo contornar as coisas para proteger uma bully. Vamos, Chantelle, vamos embora".
Chantelle pareceu completamente surpresa. Ela piscou, com os cílios úmidos de lágrimas, e depois se levantou. Emily sentiu uma grande sensação de alívio quando a garota correu para ela e colocou os braços firmemente ao redor de sua barriga. Ela fez o que deveria como mãe; apoiar sua filha incondicionalmente. Nada disso era culpa de Chantelle e a última coisa que ela queria era que a criança pensasse que havia feito algo errado. Juntas, elas saíram da sala.
"Mamãe, você está tremendo", disse Chantelle enquanto caminhavam pelos corredores, passando por Tilly na recepção e pelos degraus de pedra.
"Desculpe", Emily respondeu, respirando fundo. "Eu não queria perder a paciência".
Mas Chantelle parecia ter se distraído completamente de sua birra. "Não precisa se desculpar", disse ela, com os olhos arregalados. "Foi legal!"
Emily não pôde evitar sentir um pequeno puxão no canto dos lábios. "Bem, obrigada. Mas não se anime. Gritar com as pessoas não é uma boa maneira de se comportar".
"Ok, mamãe", Chantelle respondeu.
Mas Emily podia ver o brilho de respeito nos olhos da filha. Quando Chantelle precisava de alguém do lado dela, Emily estava lá. Embora se sentisse péssima por sua explosão, pelo menos Chantelle podia ver em primeira mão que esta Mamãe Urso sempre a apoiaria.
Quando chegou aos degraus da escola, Emily lembrou que elas não tinham como chegar em casa. Pensou em ligar para Daniel, mas sabia que ele estava extremamente ocupado hoje com seu trabalho na oficina de Jack. Ela não tinha certeza se deveria perturbá-lo. Sabia que, por um lado, ele ia querer saber o que havia acontecido, mas ela era mãe de Chantelle tanto quanto Daniel era seu pai, e Emily tinha certeza de que podia lidar com essa situação sem ele. Eles poderiam discutir isso quando ele chegasse em casa, depois do trabalho.
Ela ligou para a pousada. Lois atendeu.
"Acho que Parker não está por aí, está?" Chantelle perguntou a Lois, com a imagem do pequeno caminhão para fretes de Parker em sua mente.
"Ele está", disse Lois. "Eu vou chamá-lo".
A linha ficou muda. Um momento depois, veio a voz de Parker pelo celular.
"Oi, Chefa", ele brincou, "o que posso fazer por você?"
Emily olhou para Chantelle, que estava sentada no degrau mexendo nos cadarços do sapato. Ela parecia muito triste. Emily teve certeza de que tomara a decisão certa em não incomodar Daniel. Ela queria estar de volta em um terreno seguro, no conforto de sua casa, antes de abordar o incidente na escola.
Emily falou para Parker: "Eu queria te pedir um favor..."
*
Naquela noite, a família se reuniu para relaxar na sala de estar. Finalmente, Emily sentiu que havia se passado tempo suficiente e estava pronta para abordar o tema do primeiro dia de aula de Chantelle na escola.
"Chantelle não teve um bom dia hoje, não foi, querida?", disse Emily. "Você pode dizer ao papai o que houve?"
Daniel ergueu as sobrancelhas e olhou para a filha. Ela mudou de posição em seu assento.
"Você não está em apuros", Emily explicou, suavemente. "É só que o papai não sabe que eu tive que ir à escola, falar com a Srta. Butler e a Sra. Doyle".
A expressão surpresa de Daniel se aprofundou. "A Sra. Doyle, a diretora?" perguntou.
Emily percebeu que ele estava lutando para manter seu tom de voz uniforme.
Chantelle assentiu, envergonhada.
"Eu queria mudar de classe por causa de uma menina horrível", disse ela, com o olhar fixo no colo.
"Que menina horrível?" Daniel perguntou.
"Ela é novata", disse Chantelle. "O nome dela é Laverne. E ela é a melhor amiga de Bailey".
Daniel olhou para Emily. Ela lançou-lhe um olhar triste.
"Tenho certeza de que não é verdade", disse Daniel. "Tenho certeza de que Bailey está apenas tentando ser gentil com ela, porque é novata e não conhece ninguém".
"Não é isso", disse Chantelle, batendo o punho contra o braço do sofá. "Laverne disse a Bailey que ela só podia ter uma amiga com cabelo loiro, e porque Laverne é mais loira do que eu, Bailey a escolheu!"
Emily podia ver que a garotinha estava sofrendo, e estava ficando irada ao recordar os eventos dolorosos do dia.
"Você falou com Yvonne?" Daniel perguntou a Emily.
Ela balançou a cabeça. Ao mesmo tempo, Chantelle gritou: "Não!" Ela parecia em pânico. "Por favor, não fale com Yvonne sobre isso. Eu não quero que ela diga a Bailey ou a force a ser minha amiga novamente. Eu só quero que ela seja minha amiga se ela quiser, não porque a mãe dela disse para ela ser".
Emily se sentiu muito mal por Chantelle. O mundo das crianças de sete anos poderia ser tão complicado quanto o dos adultos. Ela queria desesperadamente poder fazer toda a dor da filha passar, mas isso não era possível. E não estava certo também. Era seu trabalho como mãe guiar Chantelle por essas experiências desagradáveis, não protegê-la delas ou erradicá-las.
"Você também lembra o que Laverne disse sobre você?" Emily lembrou-a. Ela sabia que Chantelle não queria falar sobre o assunto, mas era importante trabalhar suas emoções. Ela tinha quase oito anos e as pessoas ao seu redor logo perderiam a paciência com suas birras. Ela tinha uma curva de aprendizado íngreme à frente e muito tempo para compensar. A criança já tinha feito um progresso notável, mas ainda havia muito a fazer.
"Ela disse que eu tinha um sotaque de gente burra", disse Chantelle. Então, com tristeza, acrescentou: