Johannes Biermanski

A Bíblia Sagrada - Vol. III


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Ele ainda Se lhes manifestara como “YAHWEH Elohim misericordioso e piedoso, tardio em iras a grande em beneficência e verdade” (Êxodo 34:6); apesar das repetidas rejeições, Sua misericórdia continuou a interceder. Com mais enternecido amor que o de pai pelo filho de seus cuidados, Deus lhes havia enviado “Sua palavra pelos Seus mensageiros, madrugando, e enviando-lhos; porque Se compadeceu de Seu povo e da Sua habitação.” (2Crônicas 36:15.) Quando admoestações, rogos e censuras haviam falhado, enviou-lhes o melhor dom do Céu, mais ainda, derramou todo o Céu naquele único dom.

      O próprio Filho de YAHWEH foi enviado para instar com a cidade impenitente. Foi o Messias que trouxe Israel, como uma boa vinha, do Egito (Salmo 80:8). Sua própria mão havia lançado fora os gentios de diante deles. Plantou-a “em um outeiro fértil”. Seu protetor cuidado cercara-a em redor. Enviou Seus servos para cultivá-la. “Que mais se podia fazer à Minha vinha,” exclama Ele, “que Eu lhe não tenha feito?” Posto que quando Ele esperou que “desse uvas, veio a produzir uvas braves” (Isaías 5:1-4), ainda com esperança compassiva de encontrar frutos, veio em pessoa à Sua vinha, pare que porventura pudesse ser salva da destruiçâo. Cavou em redor dela, podou-a e protegeu-a. Foi incansável em Seus esforços pare salvar esta vinha que Ele próprio plantara.

      Durante três anos o SEnhor da luz e glória entrara e saíra por entre o Seu povo. Ele “andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo” (Atos 10:38), aliviando os quebrantados de coração, pondo em liberdade os que se achavam presos, restaurando a vista aos cegos, fazendo andar aos coxos e ouvir aos surdos, purificando os leprosos, ressuscitando os mortos e pregando o evangelho aos pobres (Lucas 4:18; Mateus 11:5). A todas estas classes igualmente foi dirigido o gracioso convite: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28.)

      Conquanto Lhe fosse recompensado o bem com o mal e o Seu amor com o ódio (Salmo 109:5), Ele prosseguiu firmemente em Sua missão de misericórdia. Jamais eram repelidos os que buscavam a Sua graça. Como viandante sem lar, tendo a ignomínia e a penúria como porção diária, viveu Ele para ministrar às necessidades e abrandar as desgraças humanas, para insistir com os homens a aceitarem o dom da vide. As ondas de misericórdia, rebatidas por aqueles corações obstinados, retornavam em uma vaga mais forte de terno e inexprimível amor. Mas Israel se desviara de Seu melhor Amigo a único Auxiliador. Os rogos de Seu amor haviam sido desprezados, Seus conselhos repelidos, ridicularizadas Suas advertências.

      A hora de esperança e perdão passava-se rapidamente; a taça da ira de Deus, por tanto tempo adiada, estava quase cheia. As nuvens que haviam estado a acumular-se durante séculos de apostasia e rebelião, ora enegrecidas de calamidades, estavam prestes a desabar sobre um povo criminoso; a Aquele que unicamente os poderia salver da condenaçào iminente, fora menosprezado, injuriado, rejeitado e seria logo crucificado. Quando o Messias estivesse suspenso da cruz do Calvário, teria terminado o tempo de Israel como nação favorecida a abençoada por Deus. A perda de uma alma que seja é calamidade infinitamente maior que os proveitos e tesouros de todo um mundo; entretanto, quando o Messias olhava sobre Jerusalém, achava-se perante Ele a condenação de uma cidade inteira, de toda uma nação – sim, aquela cidade e nação que foram as escolhidas de Deus, Seu tesouro peculiar.

      Profetas haviam chorado a apostasia de Israel, e as terríveis desolações que seus pecados atraíram. Jeremias desejava que seus olhos fossem uma fonte de lágrimas, pare que ele pudesse chorar dia e noite pelos mortos da filha de seu povo, pelo rebanho de YAHWEH que fora levado em cativeiro (Jeremias 9:1; 13:17). Qual não era, pois, a dor dAquele cujo olhar profético abrangia não os anos mas os séculos! Contemplava Ele o anjo destruidor com a espada levantada contra a cidade que durante tanto tempo fora a morada de YAHWEH. Do cume do monte das Oliveiras, no mesmo ponto mais tarde ocupado por Tito e seu exército, olhava Ele através do vale para os pátios a pórticos sagrados, e, com a vista obscurecida pelas lágrimas, via em terrível perspectiva, os muros rodeados de hostes estrangeiras. Ouvia o tropel de exércitos dispondo-se para a guerra. Distinguia as vozes de mães e crianças que, na cidade sitiada, bradavam pedindo pão. Via entregues às chamas o santo e belo templo, os palácios e torres, e no lugar em que eles se erigiam, apenas um monte de ruínas fumegantes.

      Olhando através dos séculos futuros, via o povo do concerto espalhado em todos os países, semelhantes aos destroços de um naufrágio em praia deserta. Nos castigos prestes a cair sobre Seus filhos, não via Ele senão o primeiro sorvo daquela taça de ira que no juízo final deveriam esgotar até às fezes. A piedade divina, o eterno amor encontraram expressão nestas melancólicas palavras: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis Eu ajuntar os teus fiIhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Mateus 23:37.) Oh, se houveras conhecido, como nação favorecida acima de todas as outras, o tempo de tua visitação e as coisas que pertencem à tua paz! Tenho contido o anjo da justiça, tenho-te convidado ao arrependimento, mas em vão. Não é meramente a servos, enviados e profetas que tens repelido e rejeitado, mas ao Santo de Israel, teu Redentor. Se és destruída, tu unicamente és a responsável. “E não quereis vir a Mim para terdes vida.” (João 5:40.)

      O Messias viu em Jerusalém um símbolo do mundo endurecido na incredulidade e rebelião, e apressando-se ao encontro dos juízos retribuidores de Deus. As desgraças de uma raça decaída, oprimindo-Lhe a alma, arrancavam de Seus lábios aquele clamor extremamente amargurado. Viu a história do pecado traçada pelas misérias, lágrimas e sangue humanos; o coração moveu-se-Lhe de infinita compaixão pelos aflitos e sofredores da Terra; angustiava-Se por aliviar a todos. Contudo, mesmo a Sua mão não poderia demover a onda das desgraças humanas; poucos procurariam a única fonte de auxilio. Ele estava disposto a derramar a alma na morte, a fim de colocar a salvação ao seu alcance; poucos, porém, viriam a Ele para que pudessem ter vida.

      A Majestade dos Céus em pranto! o Filho do infinito Deus perturbado em espírito, curvado em angústia! Esta cena encheu de espanto o Céu inteiro. Revela-nos a imensa malignidade do pecado; mostra quão árdua tarefa é, mesmo para o poder infinito, salvar ao culpado das conseqüências da transgressão da lei de YAHWEH. Yahshua, olhando para a última geração, viu o mundo envolto em engano semelhante ao que causou a destruição de Jerusalém. O grande pecado dos judeus foi rejeitarem ao Messias; o grande pecado do mundo cristão seria rejeitarem a lei de YAHWEH, fundamento de Seu governo no Céu e na Terra. Os preceitos de YAHWEH serum desprezados a anulados. Milhões na servidão do pecado, escravos de Satanás, condenados a sofrer a segundo morte, recusar-se-iam a escutar as palavras de verdade no dia de sua visitação. Terrível cegueira! estranha presunção!

      Dois dias antes da Páscoa, quando o Messias pela última vez Se havia afastado do templo, depois de denunciar a hipocrisia dos príncipes judeus, novamente sai com os discípulos para o monte das Oliveiras, e assenta-Se com eles no declive relvoso, sobranceiro à cidade. Mais uma vez contempla seus muros, torres e palácios. Mais uma vez se Lhe depara o templo em seu deslumbrante esplendor, qual diadema de beleza a coroar o monte sagrado.

      Mil anos antes, o salmista engrandecera o favor de Deus para com Israel fazendo da casa sagrada deste a Sua morada: “Em Salém está o Seu tabernáculo, e a Sua morada em Sião.” (Salmo 76:2.) Ele “elegeu a tribo de Judá; o monte de Sião, que Ele amava. E edificou o Seu santuário como aos lugares elevados.” (Salmo 78:68 e 69.) O primeiro templo fora erigido durante o período mais próspero da história de Israel. Grandes armazenamentos de tesouros para este fim haviam sido acumulados pelo rei Davi e a planta para a sua construção fora feita por inspiração divina. (1Crônicas 28:12 e 19.) Salomão, o mais sábio dos monarcas de Israel, completara a obra. Este templo foi o edifício mais magnificente que o mundo já viu. Contudo YAHWEH declarou pelo profeta Ageu, relativamente ao segundo templo: “A glória desta última case será maior do que a da primeira.” “Farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz YAHWEH Zebaoth.” (Ageu 2:9 e 7.)

      Depois da destruição do templo por Nabucodonozor, foi reconstruído aproximadamente quinhentos anos antes do nascimento do Messias, por um povo que, de um longo cativeiro, voltara a um país devastado e quase deserto. Havia então entre eles homens idosos que tinham visto a glória do