Danilo Clementoni

Interseção Com Nibiru


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Meu Deus! — exclamou Elisa. — Meu velho professor de física estaria se revirando no túmulo.

      — E não somente ele, minha querida — acrescentou o Coronel. — Se entendi direito o que esses dois senhores estão tentando nos explicar, cá estamos conversando sobre a subversão de muitas teorias e conceitos que vários dos nossos cientistas passaram a vida inteira tentando analisar e estudar. O princípio de antigravidade foi teorizado mais de uma vez, antes que qualquer um fosse capaz de prová-lo completamente. Agora finalmente temos a prova aqui, diante de nós — e ele apontou para o estranho objeto — de que isso é realmente possível.

      — Eu teria um pouco mais de cuidado — disse Azakis, atenuando um pouco o entusiasmo do Coronel. — Sinto-me obrigado a informar-lhes que essa coisa nunca foi testada em grandes objetos como planetas, ou melhor, tentamos há dois ciclos mas não terminou exatamente como esperávamos. Além disso, eventos que não antecipamos podem ocorrer, e…

      — Lá vem você, trazendo má sorte como sempre — disse Petri, interrompendo seu colega. — O mecanismo já foi demonstrado antes. Nossa própria astronave usa parte desse princípio para propulsão. Vamos ser otimistas ao menos uma vez!

      — Porque realmente não existem outras alternativas, de qualquer jeito, ou estou errada? — perguntou Elisa, com uma voz decepcionada.

      — Infelizmente, creio que não — disse Petri desolado, levemente cabisbaixo. — Na verdade, a única coisa que realmente temo é que, dado o tamanho reduzido do nosso toroide, não seremos capazes de absorver completamente todos os efeitos da força gravitacional, e uma parte dos grávitons conseguirá fazer seu trabalho, de qualquer forma.

      — Está dizendo que essa coisa poderá não ser suficiente para impedir uma catástrofe, mesmo assim? — perguntou Elisa, aproximando-se do alienígena de maneira ameaçadora.

      — Talvez não totalmente — respondeu Petri, dando um pequeno passo para trás. — Pelos meus cálculos, diria que cerca de dez por cento dos grávitons poderiam ser liberados nesse tipo de manobra.

      — Então, tudo poderia ser esforço em vão?

      — Absolutamente — respondeu Petri. — Reduziremos os efeitos em noventa por cento. Sobrará muito pouco para manejarmos.

      — Vamos chamar de "Newark". — disse Elisa satisfeita. — Agora é melhor nos apressarmos. Sete dias passam rápido.

      Base aérea Camp Adder – O refúgio

      Os dois estranhos personagens, ainda vestidos de beduínos, acabavam de entrar em seu esconderijo na cidade, quando um fraco som intermitente do laptop, ainda funcionando na mesa da sala de estar, chamou-lhes a atenção.

      — Quem diabos será? — perguntou o magro, irritado.

      O sujeito gordo, que agora estava mancando mais do que antes, aproximou-se do computador, e depois de digitar uma senha decididamente complicada, disse: — É uma mensagem da base.

      — Eles vão querer saber se a operação obteve êxito.

      — Me dê um segundo para decodificá-la.

      Uma série de símbolos ininteligíveis apareceu na tela, então depois de digitar uma combinação de códigos em sequência, a mensagem começou a aparecer lentamente.

      General capturado e levado à base aérea Camp Adder. Requer operação imediata de resgate.

      — Santo Deus! — exclamou o gordo. — Eles já sabem.

      — Como diabos conseguiram?

      — Bem, eles definitivamente têm mais ligações diretas do que nós. Não deixam escapar nada.

      — E o que esperam que a gente faça?

      — Não sei. Apenas diz aqui que devemos ir libertá-lo.

      — Vestidos assim? Não acho uma boa ideia, de modo algum.

      O sujeito alto e magro puxou uma cadeira da mesa, girou-a 90 graus e então, balbuciando uma série de gemidos intermitentes, caiu nela. — Só faltava essa!

      Ele recostou um cotovelo na superfície polida e olhou distraidamente pela janela à sua frente. Notou que as janelas estavam realmente encardidas, e aquela à direita tinha uma rachadura que percorria quase todo o comprimento.

      De repente, levantou os olhos para o companheiro, e com um sorrisinho sardônico, disse: — Acabo de ter uma ideia.

      — Eu sabia, conheço esse olhar.

      — Vá pegar o primeiro kit de primeiros socorros e me deixe dar uma olhada nesse galo que você tem na cabeça.

      — Para ser sincero, estou mais preocupado com meu pulso. Queria saber se está quebrado.

      — Não se preocupe, vou tratá-lo pra você. Eu queria ser veterinário quando era garoto.

      Depois de pouco mais de uma hora e doses enormes de analgésicos e várias aplicações de pomadas, os dois comparsas estavam quase novos em folha.

      Depois de se olhar no espelho pendurado na parede perto da porta de entrada, o magro disse com um sorriso: — Agora podemos ir — e passou para o quarto. Ele apareceu de novo logo depois, segurando dois uniformes militares norte-americanos passados a ferro.

      — Onde conseguiu? — perguntou o gordo surpreso.

      — São parte do kit de emergência que trouxe comigo. Nunca se sabe.

      — Você é totalmente maluco — disse o gordo, sacudindo a cabeça ligeiramente. — E o que devemos fazer?

      — Este é o plano — disse o magro, com um ar satisfeito, jogando para o colega o tamanho extra grande. — Você será o General Richard Wright, diretor de uma agência ultrassecreta do governo, que ninguém conhece.

      — Obviamente, se é ultrassecreta. E você?

      — Serei seu braço direito. Coronel Oliver Morris, a seu serviço, senhor.

      — Então sou seu superior. Gosto disso.

      — Mas não se acostume muito, ok? — disse o sujeito magro, erguendo o dedo indicador. — E esses são nossos documentos, com nossos distintivos.

      — Caramba! Parecem reais.

      — E isso não é tudo, meu velho — e mostrou ao outro uma folha de papel timbrado, assinada pelo Coronel Jack Hudson. — Essa é a solicitação oficial de transferência de prisioneiros para um "local seguro".

      — Onde raios conseguiu isso?

      — Imprimi mais cedo, enquanto você estava no banho. Pensou que era o único mago dos computadores?

      — Estou impressionado. É até melhor que o original.

      — Vamos entrar na base militar e deixar que entreguem o General. Se eles se oporem, podemos dizer a eles para contatar diretamente o Coronel Hudson. Não acho que celulares funcionam no espaço — e ambos deram muitas gargalhadas.

      Por volta de uma hora depois, quando o sol se escondia por trás de uma duna alta de areia, um jipe militar, levando um Coronel e um General em uniformes de gala, parou na entrada da base aérea de Imam Ali ou Camp Adder, como os americanos a rebatizaram durante a guerra do Iraque. Dois militares, armados até os dentes, saíram da guarita blindada, e se moveram rapidamente em direção ao veículo. Dois outros, à distância, mantinham a visão nos passageiros.

      — Boa noite, Coronel — disse o soldado mais próximo, dando uma elegante saudação militar. — Posso ver seus documentos e do General, por favor?

      O Coronel magro e alto que estava sentado ao volante não disse nada. Ele tirou um envelope amarelo do bolso interno da jaqueta e entregou ao soldado. Este levou algum tempo lendo e apontou a lanterna nos rostos dos dois algumas vezes. O General visivelmente sentiu uma gota de suor que, a partir