Andres Mann

Tess: O Voo Das Valquírias


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uma coisa.

      – Não pode ser, Jake está a voar para Baku, Azerbaijão esta noite.

      – Isso é decepcionante. Eu gostava de o ter visto.

      A Tess reprimiu o seu temperamento. – Se tens algo importante a dizer, eu posso ficar para trás, mas Jake precisa ir para o aeroporto.

      – Tudo bem. Vou chegar daqui a 30 minutos.

      – Vaughn está contigo?

      – Não. Claro que o Vaughn teria adorado ver-te, mas infelizmente, ele tem de fazer um concerto em Londres.

      Tess novamente tentou não expressar o seu aborrecimento.

      – Tudo bem, eu fico à espera.

      Jake tinha acabado de carregar as malas no seu Land Rover e entrou para dizer que eles estavam prontos para ir. Tess disse-lhe que a Claudine queria falar com eles.

      – O Vaughn está com ela? – perguntou o Jake, a hostilidade manifestou-se na sua expressão. Ele não podia ficar na mesma sala que o homem.

      – Não, ele está em Londres.

      – O que quer a Claudine?

      – Não sei, Jake. Ela diz que é importante. Tira minha bagagem do carro e vai para o aeroporto. Vou ficar para trás para saber o que a Claudine quer. Vou apanhar um táxi para ir para casa.

      – Ok, estou a ir-me embora. Estou atrasado. – Jake beijou a Tess na bochecha e foi para a porta. – Mantém-me informado, por favor. Amo-te.

      – Fica bem – disse a Tess.

      Jake saiu, e dez minutos depois Claudine apareceu na entrada da garagem no seu belo Maserati cor de vinho de Borgonha.

      Tess pegou nas crianças por cada mão e disse-lhes – Maman est arrivée – a mãe chegou.

      As crianças gritaram como Claudine,com lindas de calças de couro bordéus da mesma cor que o carro, caminharam na direção dela. Ela agachou-se no chão e abriu os braços. Amor e beijos ao redor. Claudine pegou na pequena Thérèse e entrou na casa com Jacques a reboque.

      As crianças agora queriam conferir os brinquedos que a mãe trouxe para elas. A ama tirou vários pacotes do porta-malas do carro e as crianças começaram imediatamente a rasgar o papel de embrulho das caixas.

      – Você gostou dos meus filhos, Tess? Eles portaram-se bem?

      Claudine não resistiu a virar a faca cada vez que lidava com a Tess, consciente de que, devido a um acidente, não podia ter filhos.

      – Claudine, não tenho tempo para a tua gatinhice. Vamos ao que interessa. Sobre o que queres falar?

      – Sinto muito, Tess. Eu não te queria aborrecer – Claudine disse, envergonhada. – Eu gostaria de explorar uma proposta de negócio contigo.

      – Queres voltar para a SRD?

      – Sim e não. Apenas ouve-me, e eu vou explicar.

      – Ok, eu estou a ouvir.

      – Na semana passada, Vaughn e eu jantamos na casa de um homem chamado Cristian Benoit. Ele possui vários aviões militares que a sua empresa usa para simular lutas de cães contra várias Forças Aéreas Europeias. Os militares americanos costumavam fazer esse tipo de coisas sozinhos, mas recentemente concluíram que seria muito mais barato terceirizar o papel de adversário para empresas especializadas nesse tipo de serviço.

      – Ok, então os meninos gostam de brincadeiras de guerra. Eles usam jactos de guerra para voar e perseguem-se uns aos outros. Como podem os contratados fazer isso mais barato?

      – Simples – elaborou Claudine. – Eles compram caças excedentes dos EUA, Europa Oriental e Israel. Eles contratam pilotos reformados da Top Gun e outros pilotos estrangeiros com as habilidades necessárias. Os contratados também criaram escolas para qualificar pilotos em várias aeronaves e tácticas de combate a cães estrangeiros, e quando eles voam, eles podem fazê-lo a um preço quatro vezes mais barato em comparação com os custos suportados pelos americanos. Outro benefício de trabalhar com os contratados é que os americanos não têm que desgastar os caças caros da primeira linha dos jactos para jogarem nos esquadrões hostis. Todo mundo ganha.

      – Claudine, obviamente que sentes a falta de voar, mas agora tens uma carreira musical e dois filhos. É sensato saltar para uma nova e perigosa aventura? O que pensa Vaughn?

      – Vaughn não é um factor. Francamente, estou pronta para o deixar. Eu fui divertida por um tempo, mas a gatinha dele está ficando um pouco demais.

      – Claudine, tu sabias disso ao entrares. De qualquer forma, eu pensei que tinhas um casamento aberto e que fazias regularmente concertos com ele.

      – Digamos que eu quero voltar ao jogo, Tess. Estou entediada.

      – Quem vai tomar conta dos miúdos se alguma coisa te acontecer?

      – Não há problema. Se alguma coisa acontecer, tenho certeza de que o Jake adoraria levar os bebés. De qualquer forma, não vamos entrar numa verdadeira guerra de tiroteios.

      Tess ainda estava céptica. – Nós chegamos até aqui, mas tenho certeza que tens uma estratégia em mente.

      – Eu pensei que tu nunca ias perguntar – disse Claudine. – Deixa-me partilhar o que estou a pensar.

      Visitamos um ou dois dos contratados para descobrir como eles operam. Eles estão sempre à procura de pilotos experientes. Como sabes, voei em Mirages e MiGs, a jogar o grande hostil contra a Força Aérea Francesa. – Fui muito boa nisso, e nunca perdi um compromisso. Isso não me tornou popular entre os pilotos franceses porque eu invariavelmente os chutei onde mais dói. De qualquer forma, sou bem conhecida como uma excelente piloto de caça.

      – Isso é óptimo, mas na SRD não temos pessoas com esse tipo de experiência.

      – Não sei, Tess. Podes pilotar helicópteros e A-10 Warthogs. Tens estado a entregar F-15 e 16s na Europa de Leste. Giuliana estava na Força Aérea Italiana e Eva voou com os israelitas. O resto das meninas voam em qualquer número de aeronaves. Vamos ter que treiná-las nas lutas de cães, e eu sei quem pode fazer isso. Além de mim, conheço vários excelentes pilotos de caça que adorariam se envolver nisso. Provavelmente demoraria de seis meses a um ano, mas quando terminarmos o treino, teremos pessoas qualificadas o suficiente para fazer o trabalho.

      – Porque é que falas apenas das raparigas?

      – Aha! Isso é o minha ideia genial. Criamos uma divisão separada na empresa. Vamos chamá-las, digamos as Valquírias, um esquadrão feminino. Este encaixa perfeitamente com o nome do seu grupo de música. Uma vez que começarmos, vamos apresentar os nossos adversários com as suas bolas numa bandeja. Nós estaremos em ordem como o esquadrão para bater.

      Tess ficou intrigada. – Bem, tu pensas muito bem, Claudine. Tenho a certeza de que sabes que eu vou precisar de falar com o Jake sobre isto. Teríamos de arranjar financiamento para a aquisição dos aviões de caça e encontrar uma base aérea que possamos utilizar. Temos de pensar bem nisto.

      – Concordo. Não há mais ninguém lá fora que possa planear estas coisas como o Jake. É claro que terei todo o gosto em ajudá-lo da forma que puder.

      – Claudine, tu sabes que isso não pode acontecer – disse Tess com uma súbita demonstração de raiva. – Eu nao te quero perto do Jake.

      – Vamos, Tess. Tens de ultrapassar isso. Não foi minha culpa. Tu sabes que o Jake veio ter comigo quando tu estavas a fazer música linda nos braços do Vaughn.

      – Tu não tinhas o direito de saltar sobre os ossos dele.

      – Por que não? Tu estavas ocupada a fazer o mesmo com o Vaughn.

      – Isso não era problema teu.

      – Vamos concordar em discordar. Em qualquer caso, é um ponto discutível. O Jake diz que ele te ama e que vocês estão juntos novamente. Que pena.

      – Claudine, eu ainda não quero que tu tenhas nada a