Este é um trabalho de ficção. Quaisquer referências a pessoas reais, filmes, programas de televisão, organizações e localizações foram usadas para dar autenticidade à história e estão sendo usadas de forma fictícia. Todos os nomes, personagens, negócios, eventos e incidentes ou são produtos da imaginação do autor ou foram usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência.
Original editado por Sandra Sookoo
Capa por Victoria Miller
Copyright © 2016 by Rebekah Lewis
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Original impresso nos Estados Unidos da América.
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DEDICATÓRIA
CAPÍTULO UM
18 de junho de 1715
Uma mão sacudia na água escura e agitada, segurando-se com força no bote. Se não fosse pela luz da lua, Christophe o teria perdido antes de uma segunda mão se juntar à primeira e uma cabeça cabeluda de olhos arregalados aparecer sobre a borda. Os membros pertenciam ao pirata magricela que tentou eviscerá-lo enquanto tentava de fugir do navio que ia a pique.
O rangido da madeira acompanhado pelos estalos e estilhaços precederam a pancada quando o mastro caiu na água. O murmúrio dos gritos ecoava pelo horizonte negro do mar infinito. Ninguém para ouvir os homens morrendo, exceto o segundo veleiro que se distanciava da destruição que causou. A pólvora permeava o ar salgado com sua espessa fumaça negra, fazendo os olhos de Christophe queimarem mesmo ele tendo conseguido direcionar o bote para longe do naufrágio.
O homem na água lutava para se impulsionar para o bote, fazendo-o balançar perigosamente. Ele era feio, desnutrido e lhe faltavam vários dentes. A água do mar tinha escondido os traços de suor e falta de banho, mas ainda havia um pouco de bolor no casaco dele que ficara mais evidente por causa da umidade. Ou ele ou o pirata cabeludo teriam um encontro com as profundezas geladas, e Christophe não tinha planos de comparecer a essa reunião em particular. Não quando a liberdade finalmente tinha dado sinais. Esse homem, que Deus proteja a sua alma, não atrapalharia a sua fuga.
Além do pirata encharcado, uma barbatana triangular rompeu a superfície, a carne cinzenta e molhada brilhou no prata pálido que ondulava através das ondas. O tubarão cortou a água como uma lâmina letal, circulando silenciosamente o barco como se percebesse que o jantar esperava por ele. Ou não… já que o pirata que se puxava sobre a borda do bote não conseguiria entrar.
– Desculpa, camarada. – Christophe se encolheu com o estalo seco da própria voz. A fumaça não lhe fez nenhum favor. Na verdade, estava feliz demais por estar deixando a pirataria, e esse maldito estilo de vida, para trás quando remou com o bote para longe. Finalmente entrava no próximo capítulo da sua vida. O problema era que o pirata agarrado ao barco como uma craca indesejada com certeza tiraria a sua vida assim que ele fosse a bordo. Era melhor descartar completamente aquela opção.
Christophe puxou os remos para dentro do bote e então desembainhou a espada. Supôs que poderia se limitar a atirar no homem, mas preferiu preservar o máximo de munição possível. Então ele abaixou a lâmina da espada, como se fosse um cutelo, em direção ao local onde o pirata se agarrava ao barco, mas errou carne e osso e bateu na madeira nua. Com um grito agudo, o pirata se soltou e agitou os braços abertos enquanto caía nas profundezas azuis, chapinhando enquanto tentava se manter à tona. Uma segunda barbatana se juntou à primeira, rodeando o barco pelo lado oposto, e então se afundaram. O homem tossiu, gritou e desapareceu.
Christophe embainhou a espada enquanto vasculhava a superfície da água, mas o pirata não ressurgiu e o primeiro tubarão continuou a circulá-lo, esperando. Desarrolhando a garrafa de rum que tinha pegado durante a fuga, Christophe a ergueu em saudação ao bucaneiro e tomou um bom gole.
– Espere o quanto quiser, tubarão. Você não vai ter um gostinho de mim. – Ele tampou a garrafa e a enfiou na mochila que tinha feito às pressas, então colocou os remos de volta no suporte das laterais do barco, preparando-se para a partida.
Chegaria às Bermudas ao meio-dia, isso se não saísse do curso, e já que só teria rum como alimento até lá, precisava se apressar e ficar acordado até conseguir chegar à terra. De outra forma, teria sua pistola ou se jogaria aos tubarões, mas nenhuma dessas opções tinham o mesmo apelo que a liberdade.
Christophe fechou os olhos, inclinou a cabeça para trás e suspirou. Liberdade. Ansiava por ela há tanto tempo, mas nunca tivera oportunidade para persegui-la sem que houvesse represálias. Sempre tinha havido olhos sobre ele. Sussurros e moedas trocando de mãos por informação quando o navio aportava. Se capturado, a punição pela tentativa de fuga seria severa. Trabalhou muito duro para subir as posições e poder ter essa oportunidade e não iria perdê-la agora. O dinheiro que tinha lhe garantiria uma refeição ou duas e ele poderia trabalhar para conseguir uma passagem de volta para as colônias.
Iria para casa.
O esperado alívio com aquela perspectiva não foi tão forte quanto deveria ter sido. Queria muito ir para casa. Temia, no entanto, que não fosse ser aceito de braços abertos. Tornar-se um pirata, mesmo não tendo sido por escolha própria, tinha posto um preço em sua cabeça. Os crimes cometidos durante o tempo que fez parte da tripulação eram o suficiente para levá-lo à forca. Não importava o fato de ele ter sido forçado à prática, porque as leis sobre a pirataria não eram misericordiosas. Sua volta para casa traria uma mancha para a família, caso a verdade fosse revelada. Sua vida estava tão à deriva quanto ele naquele momento, remando sem destino, exceto pelo propósito de encontrar algo para comer e um lugar para dormir. Perdido. Desamparado. Sozinho.
À distância, A Serpente do Mar, o galeão que tinha atacado, recuava com apenas as velas de velocidade distinguíveis na noite enfumaçada. E, à sua esquerda, bolhas, destroços flutuando, alguns ainda em chamas, e corpos marcavam a localização do Calypso. Assim que a água entrou com maior rapidez, a embarcação afundou. Uma bala de canhão no lugar certo tinha selado a desgraça da escuna. Enquanto a tripulação do navio atacante fazia reféns, o Barba Magricela tinha sido o único pirata a notar a sua retirada. O pirata tinha estado tão determinado a impedi-lo de pegar um dos botes do Serpente do Mar que nadou atrás dele em vez de alertar os outros.
E ele fez um bom trabalho, mesmo com o agito do mar e a ingestão de água salgada. Oh, e então o maldito acabou virando isca de tubarão. A experiência não deve ter sido muito agradável.
– Antes você do que eu – murmurou. Até faria um cumprimento com o chapéu, mas o perdeu durante a fuga. Antes o chapéu do que a vida.
Bem quando tinha acreditado que a tripulação com a qual viajava era formada pelos homens mais estúpidos que já conheceu, o Serpente do Mar chegou com menos bom senso do que o resto deles. A única razão pela qual sobreviveram era que eles tinham mais armas e mais homens. Sem muito intelecto em qualquer um dos lados, os músculos ganharam rapidamente.
Não passou pela cabeça de nenhum deles que um dos tripulantes do Calypso fosse a bordo do Serpente do Mar em vez de lutar para mantê-los fora do navio e que, então, fugiria no bote dos rivais. Ele riu, sentindo a dor por remar percorrer o corpo cansado. Precisava de descanso, mas não agora. Tinha que chegar ao fim do curso perigoso ao que tinha se jogado.
Pouco mais de um ano atrás, ele tinha sido raptado pelos marinheiros depois de desmaiar na taverna por causa de uma bebedeira. Christophe acordou no mar com um monte de piratas sanguinários que tinham baixa moral