Danilo Clementoni

O Escritor (Português Do Brasil)


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não explodiram — disse Jack, bastante animado.

      — Talvez esqueceram alguma coisa.

      — O importante é que estão bem. Vamos tentar ficar calmos. Logo saberemos o que de fato aconteceu.

      O procedimento de pouso continuou sem transtornos, e num instante, as grandes figuras dos dois alienígenas apareceram na plataforma de descida.

      — Olá, gente — berrou Petri, acenando com a sua grande mão.

      — Que diabos estão fazendo aqui de novo? — perguntou Jack, enquanto os dois alienígenas eram transportados para o nível do solo pela estrutura móvel.

      — Estávamos com saudades — respondeu Petri, saltando daquela espécie de elevador, antes mesmo que tocasse o chão, imediatamente seguido pelo companheiro de viagem.

      — Estávamos preocupados — disse Elisa, finalmente tranquila. — Presenciamos um estranho evento na Lua há poucos instantes e realmente tivemos receio de que algo terrível tivesse acontecido a vocês.

      — Infelizmente, minha cara, algo terrível aconteceu de verdade — disse Azakis desolado.

      — Até que enfim, eu sabia — Elisa exclamou. — Uma vozinha lá dentro ficava me dizendo isso. Mas o que foi?

      — Tudo aconteceu muito de repente.

      — Então, vai contar pra gente? Ah, não nos deixem aflitos. Nos conte tudo, agora.

      — Nossa espaçonave se foi — Azakis anunciou de uma só vez.

      Os dois terráqueos se olharam por um momento, completamente chocados. Então Jack disse: — Está de brincadeira? O que quer dizer "se foi"?

      — Quer dizer que, nesse instante, o maior pedaço da Theos caberia facilmente na ponta do seu dedo indicador.

      — Mas o que se passou? E o resto da tripulação, onde está? Estão todos bem?

      — Sim, estão, obrigado. Nesse momento, estão nas outras três cápsulas e em breve chegarão aqui também. Se não se importarem, vamos montar uma estrutura de emergência aqui e nos organizar de algum jeito.

      — Mas é claro, não tem problema — disse Jack. — Daremos toda a ajuda possível. Não precisa nem pedir.

      — Então, — Elisa deixou escapar, não conseguindo mais segurar a curiosidade. — Vai nos contar, sim ou não, que raios aconteceu lá em cima?

      — É uma longa história — disse Azakis, se sentando num balde de lata virado. — É melhor se sentarem.

      Após cerca de dez minutos, o alienígena basicamente contou a eles a história toda. Desde a perda do sistema de controle remoto, até a tentativa para desativá-lo. Da irresponsabilidade de desistir de recuperá-lo, até a reativação repentina do instrumento que então iniciara o processo de autodestruição.

      — Mas é apavorante — disse Elisa, horrorizada. — Quem seria capaz de provocar um desastre como esse?

      — Provavelmente, — disse Azakis, — alguém deve ter encontrado o estranho objeto e estudado suas funções. Então devem ter achado alguma informação no meio de todos os dados que carregamos nos seus servidores, e de alguma maneira, conseguiram ligar de novo, causando o resultado que agora conhecemos.

      — Santo Deus! — exclamou o Coronel, aborrecido. — Parece uma história tão absurda... E sabendo dos perigos de um dispositivo como esse, não fizeram nada para recuperá-lo?

      — Foi minha culpa — disse Petri, juntando-se à discussão. — Achei que tinha desativado completamente e mesmo se fosse encontrado, nenhum terráqueo seria capaz de reativá-lo.

      — E ainda assim, isso aconteceu — disse Jack. — Tem alguma ideia de onde o perdeu?

      — Nós honestamente pensamos que havíamos perdido enquanto recuperávamos o cristal Zenio, mas é mais provável que foi parar em outro lugar, com mais gente. Não havia absolutamente ninguém lá em baixo.

      — Zak, tive uma ideia — disse Petri, se levantando. — Acho que se eu trabalhar um pouco nisso, poderei voltar atrás e rastrear o momento em que o controle remoto foi desenganchado do seu cinto.

      — Não é tão importante assim agora, mas devo admitir que também estou um pouco curioso.

      — Ótimo. Primeiramente, vamos informar os Anciãos sobre a nossa situação e assim que estivermos um pouco organizados, vou tentar recuperar essa informação.

      — Elisa — disse Azakis. — Infelizmente, o único H^COM que tínhamos foi destruído junto com a Theos. Você poderia nos fazer o favor de emprestar aquele que deixamos com vocês quando estávamos partindo?

      — Você quer dizer, o capacete? Claro. Vou já pegar para você.

      — Infelizmente, a situação é grave — sussurrou Azakis para o Coronel, assim que Elisa estava longe suficiente para não ouvir. — Mesmo se conseguirmos contatar os Anciãos, as chances de voltar ao nosso planeta são praticamente nulas agora.

      — Mas não podem mandar alguém para vir buscá-los? Zaneki não tem uma nave como a sua?

      — Infelizmente, os motores instalados na nave dele são consideravelmente menos potentes que os que tínhamos na nossa. É por isso que ele precisava partir imediatamente depois da passagem de Kodon. Se não tivesse feito isso, não conseguiria alcançar mais Nibiru, que estava indo embora rapidamente. Nós conseguimos ficar aqui por mais tempo precisamente por causa dos nossos motores experimentais. Infelizmente, a Theos era a única nave da nossa frota com esse tipo de motor. A produção e a instalação de mais dois novos como esses pode levar muito tempo. Muito do "nosso" tempo.

      — Quer dizer, teriam que ficar aqui até a próxima passagem de Nibiru?

      — Aqui está — disse Elisa voltando às pressas na direção deles.

      — Infelizmente sim, Jack — sussurrou Azakis, enquanto se levantava para pegar o capacete do H^COM que a arqueóloga estava entregando a ele.

      — Obrigado, Elisa — disse o alienígena ao colocá-lo na cabeça. — Vamos ver se funciona.

      — Na verdade nós tentamos, mas não conseguimos falar com ninguém.

      — Isso é obra do meu amigo — comentou Azakis olhando para Petri. — Não faz nada que funcione.

      — Gentil como sempre — disse Petri, sério. — Vou me lembrar disso quando me pedir para consertar seu banheiro.

      — Ah sim, — exclamou Elisa sorrindo. — Me lembro bem como seus banheiros funcionam. Uma experiência verdadeiramente inesquecível.

      Os quatro explodiram em risadas, ao fim das quais, Petri tirou o capacete das mãos de Azakis e disse: — Espere, seu velho ingrato. Primeiro preciso mudar uma configuração. O sistema foi programado para nos chamar na pobre Theos e não acho que ninguém vai responder de lá agora.

      O alienígena mexeu um pouco nos controles do H^COM portátil, e então, quando ficou satisfeito com seu trabalho, passou de volta ao companheiro, dizendo: — Tente agora. Felizmente a minha memória não tem me falhado, e fui capaz de configurar para que lhe conecte com a pessoa certa.

      Azakis não duvidou da memória do amigo nem um instante, e colocou o capacete na cabeça. Apertou o botão de iniciar e esperou pacientemente. Levou quase um minuto até a imagem tridimensional do rosto ossudo do Ancião da sua linha direta ser projetada na retina dos seus olhos já cansados.

      — Azakis, que bom vê-lo — disse o seu contato de cabelos brancos, erguendo o fino braço direito em saudação. — Mas da onde está me chamando? Sua imagem está um pouco estranha e bem distorcida.

      — É uma longa história — respondeu o alienígena. — Estou usando um dispositivo provisório para comunicação de longa distância.

      — Mas