Lucy Monroe

Um amor sem palavras


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      – Sei que o Bradley me teria dito.

      – Pago-lhe bem, mas não o suficiente para contratar os serviços da Genevieve Patterson. Não teria puxado o assunto – troçou Andreas.

      – Não precisa dela – afirmou ela. Quando Bradley decidisse assentar, fá-lo-ia ao estilo antigo: Encontraria alguém e apaixonar-se-ia.

      – Isso é relevante?

      Kayla apertou o lápis que usava para tomar notas.

      – Para ti? Provavelmente, não.

      – O Bradley não é meu amigo, é meu empregado – disse Andreas.

      – Saberá depressa, assim que estiver desempregado.

      – Tenciono levar o Bradley comigo.

      – Ótimo. Fico contente por ele.

      Andreas esboçou um sorriso de vencedor, o que esboçava quando tinha a certeza de que ia correr tudo como ele queria.

      – Com o dinheiro da venda da KJ Software poderás investir na empresa nova.

      – Não – disse Kayla.

      – Somos uma boa equipa.

      – Não.

      Pela primeira vez, Andreas pareceu perturbado.

      – Ainda não ouviste a minha proposta.

      – Não há nada para ouvir. Não estou interessada em mudar de carreira. Adoro o que faço e quero continuar a fazê-lo.

      – Abririas uma empresa para competir com o Hawk? Preciso de te recordar que a gestão comercial não é a tua especialidade?

      Ai, se fosse uma mulher violenta… Andreas teria a marca dos cinco dedos na cara só para apagar esse sorrisinho de satisfação.

      – Se quisesse abrir a minha própria empresa de desenvolvimento de software, procuraria outro sócio, mas não vejo nenhuma razão para deixar esta. O Sebastian Hawk respeita o meu talento e sabe que, sem mim, o departamento de desenvolvimento de software seria menos bom.

      Especialmente, se levasse a equipa com ela.

      – Vejo que tens uma grande opinião sobre ti própria.

      – Também costumavas pensar assim.

      – Continuo a pensar.

      Ela não respondeu. De facto, estava cansada de falar, de modo que pôs os auriculares e começou a inserir uma nova série de códigos.

      – Kayla…

      – Vai-te embora, Andreas.

      – A Genevieve quer falar contigo.

      – Não sei para quê. Se quiser alguma coisa, pode enviar-me uma mensagem de correio eletrónico. Vai-te embora.

      Se o repetisse, acabaria por se ir embora. Todos o faziam, até ele.

      Ficou muito mais tempo do que esperara, mas, uns minutos depois, desapareceu finalmente e Kayla deixou cair os ombros. No ecrã do computador, desenhadas para serem visíveis apenas para a pessoa que estava a trabalhar, havia várias linhas de códigos. Todas diziam o mesmo: «Preciso que te vás embora.»

      Por muito que tentasse, não conseguia concentrar-se no trabalho. Precisava de saber o que o futuro ia proporcionar-lhe quando Andreas Kostas vendesse a empresa. Suspirando, levantou o telefone para reservar um voo para Nova Iorque, onde a empresa Segurança Hawk tinha a sua sede.

      Andreas resmungou um palavrão enquanto lia a mensagem efusiva, mas inflexível, de Genevieve, dizendo que devia preencher o questionário de personalidade e interesses antes do seu próximo encontro.

      Se Kayla não estivesse zangada com ele, poderia ter-lhe pedido ajuda. Ela entendia muito melhor esse tipo de coisas do que ele.

      A reunião com Genevieve não poderia ter corrido pior e sabia que, quando ficava teimosa, não fazia sentido tentar comunicar com ela. Kayla era ainda mais teimosa do que ele quando o assunto era realmente importante. Estava zangada porque decidira vender a empresa e por o ter sabido naquele dia, à frente de uma desconhecida.

      Contar os seus planos de vender a Genevieve antes de falar com Kayla fora um erro, apercebia-se agora. Kayla era a sua sócia e devia-lhe mais respeito e consideração.

      Além disso, como amiga, devia ter-lhe contado que tencionava casar-se. Porém, Kayla devia ter imaginado que esse era o próximo passo. Ela era a única pessoa com quem partilhava os seus planos. E partilhara-os. Há muito tempo, quando a sua amizade incluía sexo e não era uma sociedade.

      No entanto, não gostava que estivesse zangada com ele. Kayla Jones era a única pessoa cuja opinião era realmente importante.

      Sim, ia precisar de uns éclairs de desculpa para o pequeno-almoço. Ou porque não resolvê-lo naquela mesma noite, convidando-a para jantar no restaurante vietnamita de que tanto gostava?

      Kayla não estava na sala de informática e não atendia o telemóvel, mas ele não estava de humor para ser ignorado.

      Iria ao seu apartamento, decidiu. Não era uma viagem muito comprida, só alguns andares abaixo das suas águas-furtadas. Depois de discutir muito, conseguira convencê-la a mudar-se para o seu prédio, longe do bairro perigoso em que vivia antes.

      Quarenta e cinco minutos depois, enviou-lhe uma mensagem de texto:

      «Onde raios estás?»

      Quando não respondeu em cinco minutos, enviou-lhe outra mensagem.

      «Posso continuar assim toda a noite, até ficares sem bateria de tantos alertas.»

      Também não houve resposta, mas Andreas não ameaçava em vão, de modo que se dedicou a enviar mensagens a cada cinco minutos. Começava a preocupar-se realmente quando o telemóvel tocou quarenta e cinco minutos e oito mensagens depois.

      – Para! – gritou Kayla, exasperada.

      – Onde estás?

      – Não tenho de te dar explicações.

      – Eu sei, mas temos de falar.

      – Talvez devesses ter pensado nisso antes, não achas?

      – Podíamos ter falado esta tarde se não tivesses saído do meu escritório com uma birra.

      – Nunca tenho birras de nenhum tipo.

      O seu tom era frio, sem emoção, como quando estava a proteger-se. E Andreas não queria pensar que precisava de se proteger dele.

      – Sê razoável, Kayla. Estás a fazer uma tempestade num copo de água.

      – Ah, sim? Vais arrebatar-me a minha casa porque essa casamenteira diz que tens de o fazer!

      – Não vou tirar-te o teu apartamento…

      – Não te faças de parvo! Não me refiro ao meu apartamento e sabes.

      O grito de Kayla surpreendeu-o porque ela não costumava perder a cabeça. Só a ouvira gritar quando iam para a cama juntos… e não sempre porque, por muito bom amante que fosse, Kayla era comedida nas suas demonstrações de prazer.

      Contudo, recordar isso não era produtivo, como aprendera depois de a tornar a sua sócia. Não podia distrair-se dos seus objetivos e, naquele momento, o seu objetivo era entender o que se passava com a sua melhor amiga.

      – Kayla?

      – Amanhã, não irei trabalhar. Vou tirar um dia de folga.

      – Porquê?

      – Tenho coisas para fazer.

      – Que coisas?

      – O que disse a tua casamenteira? Ah, sim, já. Não te diz respeito, Andreas.

      – Para. Não sei o que se passa…

      Um