Sara Craven

Confissões de amor


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uma pulseira a condizer.

      Disfarçou a palidez com um pouco de blush e disfarçou as linhas tensas da boca com um batom rosa.

      Agarrou o frasquinho de perfume, mas hesitou. Usava sempre uma fragância de azáleas, da linha de Lizbeth Lane, uma jovem designer cuja loja tinha visitado com Susie ao chegar pela primeira vez a Londres. Pensou que Zandor a reconheceria se se aproximasse o suficiente e voltou a arrumá-la.

      Tentava acalmar-se com respirações de ioga quando Joanne bateu à a sua porta.

      – Pronta para o covil dos leões? – perguntou, animada. – Estás muito bonita. O teu cabelo tem uma cor incrível, é parecido com a mesa de mogno antiga da sala de jantar da minha outra avó, a avó Dennison.

      Suspirou.

      – Eras para ter ficado com outro quarto, mas Zandor chegou inesperadamente e mudaram-te. Ninguém sabia que virias. Suponho que é outra vez uma questão de dinheiro, o que significa a luta de sempre. Acho que é injusto fazer-lhe isso no fim de semana do seu aniversário. Por outro lado, suponho que devemos estar agradecidos por ele não ter trazido a Lili.

      Viu o olhar inquisidor de Alanna e corou.

      – Oh! Sou uma boca-aberta. Ouve, esquece que a mencionei, por favor.

      – Esquecido – assegurou-lhe Alanna, que acabava de comprovar que tinha acertado em cheio quanto ao talento de Joanne para a indiscrição.

      Mas era interessante que o senhor Varga precisasse de dinheiro, o que sugeria que talvez a Bazaar Vert se ressentisse também com a crise económica, como outros negócios importantes.

      Gerard não tinha mencionado nada disso, mas ela também não lhe tinha contado os seus medos sobre a compra de Hawkseye. Não estavam nesses termos.

      E agora já nunca o estariam, o que podia ser dececionante, mas não era o fim do mundo. Teria sido muito pior se ela e Gerard tivessem avançado mais na relação antes de descobrir a identidade do seu primo.

      Em qualquer caso, tudo aquilo terminaria dentro de quarenta e oito horas e ficaria livre para seguir com a sua vida.

      E não tinha necessidade de perguntar-se quem era Lili. Seria decerto a mais recente mulher a partilhar a cama de Zandor. Pois podia ficar com ele.

      – Cá estás tu, querida – Gerard foi ao seu encontro assim que entraram na sala, puxou-a para si e, para surpresa dela, deu-lhe um beijo demorado na boca.

      Quando levantou a cabeça, Alanna afastou-se, consciente de que tinha corado, não de prazer, mas de vergonha, e também de raiva por causa daquela segunda demonstração de um comportamento muito pouco característico nele.

      Dispunha-se a perguntar-lhe o que raio estava a fazer quando viu que Zandor os olhava com os seus olhos prateados brilhantes e uma cara que parecia talhada em pedra escura.

      Alanna atirou o cabelo para trás e forçou os lábios num sorriso sedutor. Zandor virou-se bruscamente e afastou-se.

      Gerard pegou-lhe na mão.

      – Anda cumprimentar a minha mãe.

      – Está melhor? – perguntou Alanna.

      O seu tom era forçado. Enquanto cruzavam a sala, era consciente dos olhares e encolhimentos de ombros que os presentes trocavam, como se a família de Gerard estivesse tão surpreendida com aquele beijo como ela.

      – Ela não tinha problema nenhum – comentou Gerard com um sorriso triste. – Ela e a avó tiveram sempre uma relação tensa. Ela costuma alegar sofrer enxaquecas quando está aqui.

      – Oh! – murmurou Alanna, concluindo que a Abadia Whitestone parecia albergar muitas tensões e a diferentes níveis.

      Meg Harrington estava instalada num cadeirão, esbelta e elegante com calças brancas de seda e uma camisa larga em tons de azul, ferrugem e ouro. O seu cabelo loiro ostentava um corte moderno e caro e a sua maquilhagem era impecável.

      Quando Gerard as apresentou, sorriu com amabilidade a Alanna e depois agarrou um copo de pé alto da mesa que estava ao lado do seu cadeirão e estendeu-o ao seu filho.

      – Enche-mo, por favor – disse. – Não sabia que o meu filho trazia uma amiga – comentou quando ele se afastou. – Já se conhecem há muito tempo, menina Beckett?

      – Há apenas umas semanas.

      A mulher arqueou as sobrancelhas.

      – E aceitou acompanhá-lo aqui? É incrivelmente corajosa.

      Alanna encolheu os ombros.

      – Sou filha única. Por isso, uma reunião familiar como esta diz-me muito – fez uma pausa, esperando que a mentira não soasse tão ridícula quanto lhe parecia a ela. – A avó do Gerard foi muito simpática.

      – Não duvido – retorquiu Meg Harrington, secamente.

      – E a casa é incrível – acrescentou Alanna. – Tem uma história muito interessante.

      – Uma ruína – respondeu a mãe de Gerard. – Na última fase da decadência. Estava a pensar sair, mas eis que chega a minha bebida.

      Mas não era Gerard quem a trazia.

      – Estás a afogar as tristezas, tia Meg? – perguntou Zandor, estendendo-lhe o copo.

      – A anestesiá-las – respondeu a senhora. – E perguntando-me que mais surpresas nos esperam – fez uma pausa. – Presumo que tenhas vindo sozinho?

      Ele apertou os lábios.

      – Claro. E mais por negócios do que por prazer.

      – Nada de novo, portanto. Desejo-te sorte – a mulher ergueu o seu copo. – Saúde. Porque não trazes algo de beber à amiga de Gerard? – perguntou. A sua voz soava divertida. – Parece que a pobre rapariga precisa de uma.

      – Não – apressou-se Alanna a responder. – Obrigado. Estou bem. A sério.

      Voltou-se e afastou-se, só para descobrir que Zandor caminhava ao seu lado.

      – Andas novamente a fugir, Alanna? – perguntou calmamente.

      Ela olhou em frente, consciente de que estava com a pulsação acelerada e tinha corado.

      – Estou à procura do Gerard.

      – E certamente esperas outro encontro amoroso – ele parecia divertido. – No entanto, convocaram-no para a biblioteca para uma conversa privada com a avó Niamh e não quererão que os interrompam – fez uma pausa. – Porque não nos servimos um copo e o tomamos no terraço enquanto conversamos um pouco? Acho que deveríamos ter uma conversa. Não achas?

      Alanna respirou fundo.

      – Pelo contrário, não temos nada para conversar – disse com frieza. – E já não bebo álcool. Certamente não preciso explicar-te porquê.

      – Se tem algo a ver com o nosso encontro anterior, tens sim. A não ser que queiras insinuar que acabaste na cama comigo porque estavas bêbada.

      – Adivinhaste – ela apertou os punhos atrás das costas. – E esse foi o meu primeiro erro. Felizmente, não foi fatal.

      – Não acredito – retorquiu ele. – Após mais alguns copos de champanhe, eu ter-me-ia considerado agradavelmente relaxado.

      – Certamente que sim – replicou ela. – E eu não tenho mais nada a dizer. Portanto, deixa-me em paz, por favor.

      – Como tu me deixaste a mim? Mas eu deixei-te em paz quase um ano. E queres saber uma coisa? Descobri que isso já não me interessa. Muito menos agora que voltei a ver-te, e numas circunstâncias tão interessantes.

      Zandor sorriu, mas o sorriso não lhe chegou aos olhos.

      – E antes que te lembres de outra réplica desagradável, lembra-te que esta sala está cheia de gente que acha que nos conhecemos hoje e talvez