Lynne Graham

A herdeira e o amor


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embora dois braços poderosos a impedissem.

      – És um canalha… um canalha absoluto! – gritou, chorando. – Como te atreves a insultar a Tania assim quando está morta?

      – Também lho disse na cara. O homem casado por quem deixou o Paulu não era o primeiro amante nem foi o último que teve durante o seu casamento – informou Alissandru. Soltou-a e afastou-a com firmeza, como se o repugnasse tê-la tão perto. – A Tania ia para a cama com outros homens com mais frequência do que com o marido. Não podes esperar que santifique a sua memória agora que morreu.

      Isla empalideceu e afastou-se dele com desgosto. Seria verdade? Como podia saber? Tania sempre fizera o que queria, sem se importar com a moralidade ou a lealdade. Isla percebera isso na sua irmã e recusara-se a pensar demasiado porque preferira procurar semelhanças entre elas em vez de se concentrar em tudo o que as separava.

      – Sei que o Paulu me teria dito – murmurou, com desespero.

      – O Paulu não sabia tudo o que ela fazia, mas eu sabia. Não vi motivos para o humilhar com a verdade – confessou Alissandru, com dureza. – Sofreu o suficiente com ela e não queria aumentar ainda mais a agonia.

      A raiva abandonou Isla. O que faziam a discutir por um casal com problemas quando ambos tinham morrido? Era uma loucura. Recordou que Alissandru sofria e que lhe causava amargura que o irmão tivesse precisado de Tania quando era evidente que, no seu lugar, a teria deixado à primeira oportunidade. Não era um homem indulgente, um homem que conseguisse ignorar a fragilidade moral dos outros.

      – Pega no teu casaco – disse, com impaciência. – Vamos beber chá, mas, se quiseres ficar por baixo deste teto, não voltarás a insultar a minha irmã. Está claro? Tens a tua opinião sobre ela, mas eu tenho a minha e não permitirei que manches as poucas lembranças que tenho da Tania.

      Alissandru observou o rosto sério dela. Tinha forma de coração e mostrava determinação e exasperação. Uma mulher nunca olhara para ele como ela fazia naquele momento. Como se estivesse farta dele e fosse a mais controlada e pragmática dos dois. Alissandru pegou no seu casaco. Afinal de contas, estava frio, mesmo dentro da casa.

      Pensou que ela era uma criaturinha estranha. Não o seduzia nem o lisonjeava. E ele não bebia chá. Era siciliano. Bebia café do melhor e grappa da mais pura. Admitiu para si que era possível que tivesse sido mais indelicado do que era inteligente naquelas circunstâncias. Tinha muito mau feitio. Todos sabiam isso, mas ela não. Falava com ele como se fosse um menino furioso e incontrolável. Alissandru dirigiu-se da porta para o fogo, mas, pelo caminho, algo lhe mordeu o tornozelo e baixou-se com uma blasfémia siciliana para afastar o bichinho que lhe cravara os dentes na perna.

      – Não! – gritou Isla. Aproximou-se para pegar no cão estranho, mas só depois de lhe pôr um dedo na boca para o fazer soltar a meia de seda de Alissandru e a carne por baixo. – O Puggle é apenas um cachorrinho, não sabe o que faz.

      – Mordeu-me! – protestou Alissandru.

      – Merecias. – Isla embalou o bichinho estranho contra o seu peito como se fosse um bebé. – Não te aproximes dele.

      – Não gosto de cães – informou Alissandru, com secura.

      A jovem lançou-lhe um olhar de irritação.

      – Diz-me alguma coisa que me surpreenda – comentou.

      O Puggle olhou para a sua vítima com os seus olhos escuros e grandes da segurança dos braços de Isla e Alissandru teria jurado que o animal sorria.

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