Maya Blake

Uma esposa para o príncipe


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as mesas.

      Maddie quase soltou a dúzia de garfos que tinha nas mãos.

      – O quê?

      Di, boquiaberta, apontou para a rua, à porta do café. E ali estava o homem em que tinha pensado durante demasiadas horas à noite, examinando o menu do café com o mesmo desdém que tinha mostrado pelo seu bairro na noite anterior.

      O sol de março abriu caminho por entre as nuvens nesse momento, sublinhando o seu altivo rosto. Estava convencida de ter exagerado ao considerá-lo perfeito na noite anterior. Agora, com o sol a acariciar-lhe as espetaculares feições, Maddie não tinha a menor dúvida de que o herdeiro do trono de Montegova era um magnífico exemplar masculino da cabeça aos pés.

      – Conhece-lo, Di? – perguntou, afastando o olhar daqueles traços cativantes.

      A sua colega arregalou os olhos.

      – Por favor! Todas as mulheres do mundo sabem quem ele é. O seu irmão Zak também é lindo. Mas nem imagino o que andará por aqui a fazer. Ai, meu Deus, que ele vai entrar!

      Maddie voltou-se, rezando para que Di estivesse enganada. Não estava ali por ela, não podia ser. Na discoteca, sendo a acompanhante do irmão dele, era fácil explicar o interesse fugaz de um príncipe por ela… mas ali, entre talheres de plástico e comida barata, era difícil entender por que o homem mais atraente do mundo a vinha procurar.

      Mas por que outra razão iria ali?

      Di continuou a dar à língua enquanto Maddie, de costas para a porta, fingia ocupar-se da arrumação dos talheres.

      Um momento depois fez-se silêncio no café e ouviu os firmes passos do homem que parecia pensar ser o dono do universo.

      – A menina Myers…

      «Ai, Deus». Não tinha imaginado o impacto da sua voz. E também não tinha imaginado o efeito no seu pulso.

      Tentou dissimular enquanto se virava, mas sem dar-se conta largou os talheres que tinha na mão e o estrondo foi chamativo.

      Com o rosto a arder, Maddie inclinou-se para recolhê-los apressadamente. Recusava-se a levantar os olhos, negava-se a reconhecer a existência do homem vestido com um fato que seguramente custava mais do que ela ganhava num ano.

      – A menina Myers?

      Maddie teve de levantar a cabeça e os seus olhos encontraram-se com os olhos prateados em que cintilava um brilho de troça.

      – Sim? – conseguiu dizer, com voz apertada. Era a vergonha que a tornava rouca, não o calor que sentiu na pélvis ao aperceber-se de que os seus olhos estavam à altura de entre as pernas dele.

      Ficou imóvel quando o príncipe Remirez lhe ofereceu a mão. Não podia recusar sem o ofender, por isso aceitou. Uma vez tinha lido uma novela em que a heroína descrevia uma sensação semelhante a uma descarga elétrica ao tocar a mão do homem dos seus sonhos. Então, tinha arregalado os olhos, incrédula. Agora enviou uma silenciosa desculpa à criticada personagem. O príncipe Remirez nunca seria o homem dos seus sonhos, mas nunca poderia tocar a mão de um homem sem recordar esse momento.

      Ele não parecia nada afetado com aquele toque, mas pareceu dar-se conta da expressão de dor que se lhe escapou quando lhe puxou o braço.

      Quando conseguiu voltar a respirar, Maddie olhou furtivamente à sua volta. Como suspeitava, toda a gente estava a observá-los. Incluindo o seu chefe, embora a sua curiosidade começasse a transformar-se em irritação.

      – Quer uma mesa… Alteza? – perguntou-lhe, sem saber se aquela era a forma correta de se dirigir a um príncipe. – Pode escolher a que quiser. Eu vou atendê-lo assim que acabe de…

      – Não vim cá para comer, menina Myers – interrompeu-a ele, sem se dar ao trabalho de baixar a voz ou dissimular o seu desdém.

      – Nesse caso, não sei em que posso ajudá-lo. Estou a trabalhar.

      – É no seu próprio interesse arranjar tempo para mim. Agora mesmo.

      Quase recusou logo, porque o seu coração enlouquecera e porque aquele homem era demasiado… tudo. Mas Maddie pensou um momento. Algo no seu tom de voz lhe dizia que não devia recusar.

      Recordou então que ele ordenara a Jules que fosse à sua suite naquela manhã. Teria Jules lhe contado a verdade sobre a relação deles? Era por isso que estava ali?

      Era uma da tarde. Dentro de meia hora o café estaria cheio de clientes.

      – Jim, posso fazer a minha pausa agora? Se for preciso, compenso-te mais tarde.

      O chef, que também era o dono do café, olhou para o príncipe Remirez tentando dissimular a sua irritação.

      – Está bem, pode ser.

      Maddie entrou no armazém para trocar de roupa e saiu uns minutos depois com a mala ao ombro. Havia gente à porta, todos dispostos a captar com os telemóveis a imagem do homem mais cativante do mundo.

      – Estaremos melhor no carro – disse o príncipe, pondo uma mão na sua cintura para empurrá-la em direção à porta aberta da limusina.

      A porta fechou-se e Maddie engoliu em seco, tentando controlar a louca urgência de afundar a cara no seu pescoço e afogar-se no seu aroma, letal e viciante para qualquer mulher.

      «Viciante».

      A palavra fê-la voltar à realidade.

      – Muito bem, Alteza. Tem quinze minutos.

      Ele puxou os punhos da camisa e apoiou as elegantes mãos sobre as coxas antes de cravar os olhos nela.

      – A sua relação com o Jules terminou – anunciou.

      Tentando não se assustar, Maddie tirou o telemóvel do bolso.

      – Se não se importa, prefiro que seja ele a dizer-mo pessoalmente.

      – Neste exato momento já está num avião para Montegova. Não voltará a vê-lo nem a falar com ele. O seu número foi bloqueado, portanto pode poupar-se a esse trabalho.

      Maddie sentiu um calafrio.

      – Por que está a fazer isto?

      Ele meteu uma mão no bolso do casaco e tirou um cartão cor de vinho com letras douradas.

      – Vim para dizer-lhe que estou disposto a ouvir a sua versão da história – disse-lhe, apontando para o cartão. – A minha morada e a o meu número privado estão atrás. Tem vinte e quatro horas para usá-lo. Depois disso, também não poderá pôr-se em contacto comigo.

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