será melhor quando me livrar desta tala, imagino.
– Passaste de estudar as instruções da máquina de costura a criar um vestido digno de uma passarela em três dias?
Tinha bastado ler o manual de instruções uma vez para entender a máquina. Cortar e montar as partes do vestido sobre o manequim tinha-lhe parecido fácil. Ainda que não soubesse o nome de todos os utensílios de costura, bastava-lhe olhar para eles e encontrar os que serviam para cada tarefa. Era como se tivesse passado a vida a fazer aquilo.
– Acho que valeu a pena seguir os meus instintos. Estou desejosa de fazer mais. Até estava a pensar fazer o meu vestido para a festa.
– Ah, pois – Will tirou o casaco e deixou-o no braço do sofá. – A notícia da festa da tua mãe já correu a cidade. Escolhe bem o modelo, porque pode acabar na capa de todas as revistas cor-de-rosa e páginas da Internet de fofocas sobre Manhattan.
Cynthia ficou imóvel, de boca aberta. Não tinha pensado nisso. Custava-lhe lembrar-se que estava sempre na mira. Na festa, haveria jornalistas e fotógrafos. Se queria ser desenhadora de moda, a festa podia ser a melhor rampa de lançamento.
E se não queria isso, ia ter de pensar em aceitar um cargo de direção, puramente decorativo, na empresa do pai.
– Tens de comprar um vestido novo ou fazê-lo tu. E eu acho que devias fazê-lo. Deixa que todos os convidados saibam que a nova Cynthia Dempsey chegou, mais divertida e mais fashion do que nunca.
– Dizes isso por simpatia – Cynthia corou.
– Não – Will pôs-se à frente dela e pôs as mãos na sua cintura estreita, realçada pelo corte do vestido. Ela ficou com a boca seca e com o peito arrebitado, desejosa de se colar ao peito dele.
Sempre que se aproximava tanto, sempre que a tocava, reagia da mesma maneira. Não percebia. Não podia ser nada de novo. Aliás, era uma atração química e hormonal primitiva que ela, simplesmente, não podia controlar. Era incompreensível que, se sentia aquilo com ele, tivesse tido uma aventura com outro homem.
Will aproximou-se mais e puxou-a. Ela ficou contente por ter calçado os sapatos de salto alto. Aqueles doze centímetros de altura punham-na ao mesmo nível, boca contra boca, peito contra peito.
– Pode dizer-se que tenho o meu primeiro fã – murmurou ela com voz entrecortada.
– Não tenhas dúvidas – inclinou-se sobre ela e capturou a sua boca com entusiasmo.
Cynthia aceitou o contacto com prazer. Nessa tarde não colocaria barreiras. A língua dele invadiu-a e as mãos percorreram o seu corpo como se explorassem território desconhecido. Ela agarrou-se ao seu pescoço e apertou o ventre contra a sua potente ereção.
Ao sentir o contacto, Will gemeu de prazer contra os seus lábios. Fê-la retroceder até à parede e colocou-lhe uma mão numa nádega, para aumentar a pressão. Percorreu a sua mandíbula com os lábios, tendo cuidado com as cicatrizes, e depois desceu para se deleitar com a doce curva do seu pescoço. Pousou a mão num dos seus peitos e esfregou o mamilo ereto com o polegar.
Will continuou a lamber e a mordiscar o seu pescoço, enquanto lhe desapertava o vestido. Pouco depois, o corpete estava aberto até à cintura e ele introduzia as mãos para lhe acariciar o peito sobre o sutiã de renda.
Ela ofegou quando ele traçou um caminho de beijos desde o seu pescoço à clavícula e desceu até ao vale do seu peito. Gemeu quando ele afastou a renda e capturou um mamilo com os lábios. Ela enrolou os dedos no seu cabelo.
Will deslizou a mão pela coxa, subindo-lhe o vestido. A tensão do corpo de Cynthia aumentava com cada centímetro explorado por ele. Todas as suas reservas com respeito a Will evaporaram-se instantaneamente. Nada importava, exceto estar nos seus braços, ali, naquele momento.
Quando a mão dele encontrou a humidade quente entre as suas coxas, achou que ia explodir de desejo por ele. Os dedos acariciavam-na por cima da seda das suas cuequinhas, mas não era suficiente.
– Will, por favor – sussurrou.
– Por favor, o quê? Diz-me o que queres, Cynthia.
Uma parte dela ficou tensa ao ouvi-lo dizer o seu nome. Dissera-o milhares de vezes, mas naquele momento voltou a enchê-la de dúvidas. Não queria que a chamasse por aquele nome. Mas quando sentiu a pressão do seu dedo no ponto mais sensível do seu corpo, a onda de prazer fê-la esquecer tudo.
– A ti – conseguiu dizer.
Will retirou a mão; ela já antecipava o que ia acontecer quando ouviu um zumbido e percebeu que ele tinha parado por causa do seu telefone. O ecrã mostrava o último número que teria querido ver. Não pôde esconder o pânico que sentiu naquele momento. Impossível fingir que desconhecia a identidade da pessoa que estava a ligar.
Will afastou-se e deu um passo para trás. Quando o olhou nos olhos, o desejo tinha desaparecido por completo e só viu neles a fria indiferença dos primeiros dias no hospital. Tinha a mandíbula tensa e o rosto vermelho pela ira contida.
Deu meia volta e saiu do quarto. Segundos depois, ouviu a porta da rua a bater.
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