Dawn Brower

Chocado Pela Minha Megera


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De fato, está fazendo alguma coisa — ela admitiu.

      Scarlett pegou a mão dele e apertou. Ela não entendia por que sentia a necessidade, mas também não questionou. Ele olhou para suas mãos, então encontrou o olhar dela.

      — Se você queria segurar minha mão, deveria ter dito isso antes — disse ele em tom de flerte.

      — Oh, fique quieto — ela o repreendeu, então estendeu a mão e tocou o espelho. As ondas circularam como se estivessem em um lago depois que uma pedra é jogada. Ela se encolheu com a textura macia, sem esperar por isso. — Você viu isso?

      — Eu não acho que você deveria fazer isso de novo — Christian respondeu, sua voz tensa.

      As ondas clarearam, e uma imagem se formou no espelho, não mostrando mais o reflexo de ambos. Em vez disso, mostrava... seu futuro. Scarlett não esperava por isso. Uma versão mais velha deles estavam em um abraço apaixonado dentro de uma sala que ela não reconheceu. Ele a beijava como se sua vida dependesse disso, e provocou coisas estranhas em seu interior enquanto testemunhava a cena. As sensações se espalharam sobre ela, e ela quase gemeu. Scarlett quase podia sentir o que seu eu do futuro, sentia.

      — Isso... — A voz dele estava rouca enquanto falava. — Isso não pode ser verdade.

      — Não? — Ela se virou para ele e ergueu uma sobrancelha. — Você me acha tão desagradável, então?

      — Eu não disse isso — respondeu ele, na defensiva. Então olhou para suas mãos entrelaçadas e puxou a sua. — É... não é isso. O espelho deve estar pregando uma peça em nós.

      — Com quê fim? — Ela estava enojada. Scarlett quis cutucá-lo algumas vezes e xingá-lo, mas se conteve. Ele não merecia respirar o mesmo ar que ela. — Você está sugerindo que o espelho é autoconsciente? — Ela bufou. — Não seja ridículo.

      Scarlett se afastou dele e começou a sair da sala, mas parou quando ele a chamou de volta.

      — Você pode ver o futuro, não pode? Você honestamente acha que isso vai acontecer?

      Ela manteve as costas retas e não se virou para encontrar o seu olhar. Mas o tom de incredibilidade dele aumentara. Scarlett não falou sobre seus dons, então como ele poderia saber?

      — Meu futuro não tem nada a ver com você. — Depois que falou, ela continuou saindo da sala.

      Ela não explicou que não conseguia ver seu próprio futuro e não tinha como saber se a visão no espelho era verdadeira ou não, mas esperava que fosse como ele disse, algum tipo de brincadeira. Ela odiava pensar que iria desejá-lo e permitir que ele a beijasse daquela maneira.

      Scarlett, pelo menos, na atual conjuntura de sua vida, não tinha planos de se casar com ninguém. Beijar geralmente conduzia uma lady a esse caminho, e o caminho em direção a Christian vinha com deveres e responsabilidades que ela não conseguia se ver cumprindo. Um dia ele seria o duque, e ela não tinha aspirações de ser sua duquesa, ou mais importante, a esposa de que ele precisaria ao seu lado.

      No fundo, porém, ela acreditava que era verdade. Mesmo quando queria negar até seu último suspiro. Scarlett o queria, sempre foi atraída por ele, mas dizia a si mesma que ele não era para ela. E iria repetir esse mantra até que um dia, realmente acreditasse.

      Ele merecia uma lady que pudesse se entregar totalmente a ele. Scarlett nunca seria essa mulher, porque ela nunca se permitiria amá-lo. Dar seu coração, no seu ponto de vista, era equivalente à miséria. Não, ela não iria se apaixonar, agora ou no futuro. Era o melhor.

      CAPÍTULO UM

       Dez anos depois…

      Scarlett olhou pela janela da carruagem enquanto percorriam o longo caminho que levava à Weston Manor. De certa forma, era algo surreal. Durante a sua última visita, teve uma experiência bizarra, que esperava nunca repetir, com Christian Kendall, o marquês de Blackthorn. Ela o esteve evitando tanto quanto possível desde aquele dia.

      Depois de sua visão compartilhada, ela o evitara a todo custo. O que vira naquele espelho fora o mais próximo de um pesadelo que poderia imaginar. Ela não acreditava no amor e esperava que fosse isso que o espelho estava refletindo para eles.

      Ela deveria amar Christian, mas não podia. O amor era algo para outras pessoas, não para uma garota que via mais do que deveria. Suas premonições lhe mostraram muito e ao mesmo tempo tão pouco. Em suma, lhe mostravam tudo, exceto o que ela queria ver. Um futuro que não envolvia lorde Blackthorn.

      Ele não poderia ser seu futuro, mesmo que, às vezes, ela desejasse que pudesse e doía mais do que gostaria de aceitar isso como um fato. Eles eram opostos completos. Ela não queria amá-lo ou desejá-lo. Scarlett acreditava, bem no fundo, que nunca se casaria e estava determinada a permanecer firme nessa convicção.

      Ela havia conseguido de alguma forma manter distância de lorde Blackthorn e continuaria fazendo isso pelo tempo que pudesse. Às vezes, o destino tinha outros planos, e ela temia que o dela finalmente decidiu forçá-la a seguir o caminho que ela estava destinada.

      Não gostaria de ter ido a essa festa. Sua prima, lady Hyacinth Barrington, queria perseguir algum príncipe estrangeiro ali. Ela desejava ser uma princesa. Claro que ela não seria, mas dizer isso a sua teimosa prima era como falar com uma pedra muito grande. Ela estava impassível, mas assim que percebesse o erro que estava cometendo, se sentiria incrivelmente estúpida. Havia um homem para Hyacinth, e era o Conde de Carrick. Eles estavam destinados a ficar juntos.

      — Eu sei que já disse isso — sua tia, lady Havenwood, disse enquanto falava com Hyacinth. — Mas eu realmente estou feliz que você decidiu vir à festa. Será sua última chance de garantir um partido antes de nos retirarmos para o interior.

      — Talvez eu esteja condenada a permanecer uma solteirona — disse Hyacinth. Seu tom se encheu de amargura enquanto falava. — Pode ser o melhor. Eu prefiro Havenwood de qualquer maneira. Tenho certeza de que, quando chegar a hora, Elijah me permitirá permanecer na residência.

      — Não seja dramática — Lady Havenwood disse e então suspirou. — Você está longe de se tornar uma solteirona. Tente ser um pouco mais... amável. Permita-se gostar de alguém e veja onde isso leva.

      Scarlett teve vontade de bufar. Sua tia tinha boas intenções, mas não se importava com as necessidades e desejos da filha. De certa forma, Scarlett teve sorte. A empatia de sua mãe permitiu que ela visse mais do que a maioria das mães veria. Ela entendia Scarlett como ninguém jamais o faria. Talvez um dia, sua querida tia se conectasse com Hyacinth, e elas teriam um relacionamento melhor. Scarlett esperava que sim. Ambas significavam muito para ela.

      Acima de tudo, Hyacinth queria amor, mas havia possibilidade de ela fazer uma escolha da qual poderia se arrepender. O futuro não era definido em pedra. O homem que amava era lorde Carrick, mas ela acreditava que queria algo tão frio quanto o título de princesa.

      Hyacinth encontrou o olhar de lady Havenwood e disse:

      — Mãe, você encontrou o amor e espera que todos consigam também. A maioria dos indivíduos não tem tanta sorte. Deixe-me encontrar meu próprio caminho e, por favor, pare com os conselhos indesejáveis.

      — Não há necessidade de ser rude — sua mãe bufou as palavras.

      — Não se preocupe, prima — disse Scarlett. Ela tinha que tentar guiar sua prima para uma direção diferente. Uma que ela mesma deveria estar seguindo, se pudesse deixar de lado suas próprias ambições. — O amor já está com você. Logo será inegável. — Isso soou um pouco vago para seus próprios ouvidos e Scarlett duvidou que Hyacinth fosse acreditar.

      Hyacinth torceu o nariz.

      — Acho que não quero tentar discernir o significado disso. — Ela olhou para Scarlett. — E quanto a você? Você tem amor em sua vida?

      Ela franziu o cenho.

      —