reino. O empregado que se chamava Assis disse que conhecia alguém esperto o bastante, seu próprio filho. Mesmo sem acreditar, o rei permitiu que o trouxesse em sua presença a fim de conhecê-lo. Ao encontrá-lo, perguntou como sair da crise que se instalara no estado. O jovem pensou um pouco e deu uma solução: —Use o tesouro do reino, a metade para amenizar a fome do povo e as despesas públicas e quando passar a seca use a outra metade para fomentar a agricultura e a reforma agrária. O ano que vem promete ser muito bom. A fim de alcançar sucesso, nunca desampare os pobres pois são estes que sustentam as suas regalias. Impressionado com a resposta, Arthur refletiu um pouco, aprovou a sugestão, e resolveu tomar uma atitude drástica: Entregou seu cargo de Rei aquele jovem pois este sim era digno dele, pois sabia compreender as necessidades dos súditos e falou com sabedoria e ciência sobre uma questão relevante. “Ter ciência é conhecer, entender e compreender não só os sinais da natureza, como a tecnologia, mas também aplicá-los com sabedoria no momento certo.”
A visão termina. O homem encapuzado se afasta, e de um solavanco eu e Renato voltamos aos nossos corpos físicos. Despertamos, levantamos, saímos de cima da pedra e reencontramos Angel. O mesmo retoma o diálogo.
—E aí? O que sentiram nesta experiência?
—Senti que estamos muito perto. Por pouco, não obtemos êxito na co-visão tendo apenas a visão sobre o dom de ciência. Tudo se encaminha para a revelação. (O vidente)
—É verdade. Conseguimos vencer nossos adversários internos. Agora, só falta um pouco mais de entrosamento. (Renato)
—Muito bem. Parabéns. Aproveitem o momento e tentem absorver a maior quantidade de informação possível referente a este dom. Será muito útil para vocês. Agora, retornemos a trilha. Conversaremos depois, em casa. (Angel)
Obedecemos o nosso mestre atual e começamos a fazer o percurso de volta. Agora, estávamos a um passo da primeira revelação e quando tivéssemos a segunda, poderíamos chegar ao objetivo final: “O encontro entre dois mundos”. Porém, tínhamos consciência de que havia muita água a rolar por baixo desta ponte. Evolução era a palavra chave da vez.
No caminho, entramos em contato novamente com os animais, a vegetação, o ar puro e o clima agreste local. Desta vez, andamos sem pressa e sem maiores preocupações pois tínhamos cumprido mais uma etapa. Agora, nos restavam mais uma naquela região. Será que continuaríamos a ter sucesso? Se dependesse de nossa dedicação e empenho, esperávamos que sim. Além do mais, estava ao nosso lado um guerreiro secular que com sua experiência nos fizera evoluir muito e obter todas as conquistas até o presente momento. Tudo estava ao nosso favor.
Continuamos seguindo em frente, acompanhando Angel, que nos dá todas as explicações necessárias. Fala da vida, do nosso futuro, do projeto e como evitar o fracasso, o medo e o desespero. Mentalmente, anotamos tudo e usaríamos isto quando fosse necessário. Aproveitamos a ocasião e sanamos algumas dúvidas pertinentes. Quando tudo está esclarecido, o silêncio impera, avançamos ainda mais e logo ultrapassamos a metade do percurso.
Um pouco mais adiante, passamos perto do local onde os mutantes se manifestaram e isto me provoca arrepios. O que os tinha impulsionado a se manifestar tão claramente? Analisando a situação, concluo que o fato deles ainda não encontrarem a tão esperada paz devia estar os sufocando e eles, ante minha presença, aproveitaram para nos pressionar e vencer todos os obstáculos. Isto aumentava ainda mais a nossa responsabilidade perante o mundo e os leitores. Mas “se estávamos na chuva era para nos molhar” e faríamos o possível e o impossível a fim de satisfazer todas as expectativas.
Continuamos a caminhar com Angel ao nosso lado, aparentemente alheio a tudo que está ao seu redor. Aproveito para observá-lo um pouco e constato um homem misterioso,introspectivo,experiente,desbravador de preconceitos, que amou e foi amado, um homem além do seu tempo. Desde quando o conheci, aprendi a admirá-lo pelo seu exemplo e por um pouco de sua história de vida que chegara aos meus ouvidos.Com o seu auxílio, já compreendíamos cinco dons e aprendemos a valorizar as coisas boas da vida. Certamente, depois que tudo acabasse, não o esqueceríamos jamais. Continuamos na nossa saga.
Um tempo depois, finalmente nos aproximamos do nosso destino (a residência de Angel). Impulsionados pela fé, força e coragem completamos o trajeto restante, abrimos a porta, entramos, fechamos a porta, e nos dirigimos a pequena sala para conversarmos um pouco mais. Sentamos nas cadeiras disponíveis, ficamos de frente uns aos outros e Angel toma a palavra:
—Poderiam me falar um pouco da experiência anterior e sobre o que aprenderam com ela?
—Eu começo. Surpreendi-me muito com esta etapa no tocante ás revelações. Nunca poderia imaginar os perigos impostos, as lutas internas que tivemos que enfrentar e a nossa importância em tudo isso. Tudo o que aprendi me ajudou a entender com profundidade a ciência, dom fundamental que nos faz descobrir a natureza, a nossa condição, e nos proporciona até realizar milagres. Em conjunto com a sabedoria, podemos resolver problemas substanciais. (O vidente)
—Além disso, melhoramos o nosso entrosamento, vencemos nossos inimigos e com um pouco mais de esforço poderemos chegar a tão sonhada co-visão. (Complementou Renato)
—Muito bem. Mas não contem vitória antes do tempo. Muitos se perderam no sexto dom. Por isto, todo cuidado é pouco. Vocês têm mais alguma observação a fazer? (O mestre)
—Nenhuma. Obrigado por tudo. (O vidente)
—Eu tenho. Estou morrendo de fome. (Renato)
Todos riem com a declaração de Renato e resolvemos de comum acordo nos alimentar. Dirigimo-nos a cozinha, preparamos o alimento, nos servimos e comemos na santa paz de Deus. Planejamos o restante do dia, terminamos de comer, e descansamos um pouco nos nossos leitos. Quando acordamos, limpamos a casa, escutamos um pouco de música no rádio de pilha, saímos para tomar um pouco de sol. Assim a tarde avança, chega a noite e nos ocupamos em outras atividades. Quando nos sentimos exaustos, vamos dormir finalmente pensando no outro dia. Que outras aventuras instigantes nos esperavam? Continue acompanhando, leitor.
A última etapa no sítio
A noite passa, a madrugada chega e um pouco de tempo depois finalmente amanhece mais uma vez. Auxiliados pela claridade natural da manhã e pela brisa aconchegante, despertamos, levantamos, nos espreguiçamos, nos dirigimos como de costume a parte de trás da casa a fim de nos banhar (Um por vez).Vamos ao quarto, trocamos de roupa, e nos dirigimos à cozinha a fim de preparar nosso café. Neste processo, aproveitamos os alimentos disponíveis e fazemos alguns pratos saborosos. Dentre eles, a tapioca, panquecas e cuscuz nordestino com charque. Um verdadeiro banquete por bem dizer. Sentamos a mesa, começamos a nos alimentar e em dado momento o mestre Angel puxa conversa.
—Hoje é um dia fundamental em sua busca.Com nossos esforços, dominaremos o sexto dom, terão a visão respectiva e a co-visão. É assim que espero. (Angel)
—O que nos aconselha neste momento crucial? (O vidente)
—Como posso ajudar? (Renato)
—Primeiramente, Cultivem a humildade, garra, coragem, força, fé, persistência e paciência.Com estes elementos, poderão conquistar qualquer objetivo na vida. Renato, sua ajuda é fundamental ,especialmente na co-visão. (Angel)
—Especificamente sobre o sexto dom, poderia nos dar detalhes? (o vidente)
—Precisamos saber direção, local, obstáculos, entre outras coisas importantes. (Renato)
—O sexto dom é o da piedade. Um grande desafio se mostra a frente mas tudo é possível. Desta vez, seguirão o caminho sozinhos e esta etapa realizar-se no sul, no local em que ,no passado, encontramos os cangaceiros. Lá, terão a oportunidade de terem a primeira parte da revelação. No entanto, terão que superar os obstáculos que ocorrerem no caminho. (Explicou Angel)
—Entendi. Quando devemos partir? (O vidente)
—Depois do café. Aproveitemos o tempo restante para conversar um pouco mais e nos distrair