Блейк Пирс

Razão para Salvar


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foi esse prego que a matou - Connelly disse, – com certeza foi o que entrou por debaixo da mandíbula. Entrou por debaixo da boca, atravessou a passagem nasal e chegou até o cérebro.

      A violência envolvida parece mesmo coisa de Howard Randall, Avery pensou. Não tem como negar isso.

      Ainda assim, havia outros elementos na foto que não fechavam com o que ela sabia sobre Howard Randall. Ela estudou as imagens, percebendo que mesmo com todos os casos que já tinha visto, essas fotos estavam entre as mais sangrentas e mais perturbadoras.

      - Então, o que exatamente o que vocês precisam de mim?

      - Como eu disse... Você conhece esse cara muito bem. Baseado no que você sabe, quero saber onde ele poderia estar. Acho que é seguro pensar que ele ficou aqui na cidade baseado nesse assassinato.

      - Não é perigoso apenas assumir que isso foi feito por Howard Randall?

      - Duas semanas depois dele escapar da prisão? – Connelly perguntou. – Não. Eu diria isso com todas as letras, gritaria Howard Randall. Você precisa voltar lá atrás e revisar as fotos das cenas dos crimes dele?

      - Não – Avery disse um pouco maldosa. – Estou bem.

      - Então o que você pode nos dizer? Estamos procurando ele há duas semanas e não conseguimos nem uma pista.

      - Achei que você tinha dito que não me queria nesse caso.

      - Preciso do seus conselhos e sua assistência – Connelly disse.

      Algo naquela história quase a insultava, mas Avery não via razão para argumentar. Além disso, ela teria algo para pensar além do estado de Ramirez.

      - Todas as vezes que falei com ele, ele nunca me deu uma resposta direta. Era sempre algum tipo de enigma. Ele fazia isso para me irritar—para me fazer pensar na resposta. Ele também fazia para se divertir no fim das contas. Eu acho, honestamente, que ele me via como um tipo de conhecida. Não amiga, na verdade. Mas alguém com quem ele poderia falar em um certo nível intelectual.

      - E ele nunca se ressentiu por todo aquele drama quando você era advogada?

      - Por que ele se iria se ressentir? – Ela perguntou. – Eu livrei ele... um homem livre. Lembre, ele basicamente se entregou depois. Ele matou novamente para mostrar quão incompetente eu era.

      - Mas essas visitas que você fez para ele na prisão... Ele aceitava?

      - Sim. E honestamente, eu nunca entendi isso. Acho que era algo a ver com respeito. E por mais que soe estúpido, acho que tem uma parte dele que sempre se arrependia do último assassinato—de ter feito eu me sentir tão mal no processo.

      - E ele alguma vez falou em escapar durante suas visitas? – O’Malley perguntou.

      - Não. Parecia que ele estava confortável lá. Ninguém mexia com ele. Todo mundo tinha esse tipo estranho de respeito por ele. Medo, talvez. Mas ele era praticamente o rei daquele lugar.

      - Então por que ele sairia? – Connelly perguntou.

      Avery sabia onde ele queria chegar, o que ele estava tentando dizer. E o pior é que aquilo fazia sentido. Howard só sairia se ele tivesse algo para fazer aqui fora. Algum trabalho não terminado. Ou talvez ele estava só entediado.

      - Ele é um homem esperto – Avery disse. – Assustadoramente esperto. Talvez ele queria ser desafiado novamente.

      - Ou queria matar novamente – Connelly disse com desgosto, apontando para as fotos.

      - Possivelmente – ela concordou. Depois olhou novamente para as imagens. – Quando ela foi encontrada?

      - Três horas atrás.

      - O corpo ainda está lá?

      - Sim, acabamos de chegar de lá. Os legistas vão chegar em cerca de quinze minutos. Os peritos estão lá com o corpo até eles chegarem.

      - Ligue e diga para eles esperarem. Não toquem o corpo. Quero ver a cena.

      - Eu disse que você está fora dessa – Connelly disse.

      - Você disse. Mas se você quer que eu te diga o que se passa na mente de Howard Randall—se ele cometeu mesmo esse crime—então só olhar para as imagens não vai ser suficiente. E mesmo correndo risco de parecer arrogante, você sabe que eu sou a melhor investigadora de cenas de crime que você tem.

      Connelly a xingou rapidamente sem dizer uma palavra. Sem falar mais nada, ele virou-se e pegou seu celular. Discou um número e, segundos depois, alguém atendeu.

      - É o Connelly – ele disse. – Olhe só. Não mexam o corpo já. Avery Black está a caminho.

      CAPÍTULO TRÊS

      Estranhamente, Connelly mandou Finley ir com Avery até a cena do crime. Finley não falou muito no caminho, e olhou pela janela pensativo na maioria do percurso. Ela sabia que Finley nunca havia se aprofundado em nenhum caso muito importante. Se aquele fosse o primeiro, ela teria pena dele.

      Acho que eles estão se preparando para o pior—alguém precisa assumir a bronca caso Ramirez não resista. Finley é bom como qualquer outro. Talvez até melhor.

      Quando chegaram à cena do crime, era claro que os peritos e investigadores já tinham terminado suas tarefas. Eles estavam matando tempo, a maioria deles atrás da fita que separava a cena, olhando através da entrada do beco. Um deles tinha um café na mão, fazendo Avery perceber que já era de manhã. Ela olhou o relógio e viu que eram 8:45.

      Meu Deus, ela pensou. Eu perdi seriamente todo o conceito de tempo nos últimos dias. Poderia jurar que eram pelo menos nove da manhã quando cheguei no apartamento.

      Aquele pensamento a fez sentir-se muito cansada naquele momento. Mas deixou o sentimento para trás quando ela e Finley se aproximaram dos investigadores. Avery automaticamente mostrou seu distintivo e Finley assentiu educadamente com a cabeça a seu lado.

      - Você tem certeza de que está pronta para isso? – Finley perguntou.

      Ela apenas assentiu e eles entraram no beco, passando por baixo da fita. Eles caminharam pela via estreia por vários metros e depois viraram à esquerda, quando o beco se tornava uma pequena área cheia de poeira, detritos e grafite. Havia algumas latas de lixo velhas na esquina, abandonadas. Não tão longe delas estava a mulher que Avery havia visto nas fotos do crime. As imagens não haviam a preparado totalmente para vê-la na vida real.

      O sangue, na verdade, estava, de alguma maneira, muito pior agora. Sem o acabamento das fotos, parecia mudo e mortal. A natureza surpreendente do assassinato a trouxe rapidamente de volta à realidade, afastando seus pensamentos quase que completamente do quarto de hospital de Ramirez.

      Ela chegou o mais perto que pode sem pisar no sangue e deixou sua mente trabalhar.

      O sutiã e a calcinha não são nem um pouco provocantes, ela pensou. Não era uma garota que estava na rua procurando bons momentos. Se a calcinha diz isso, há grandes chances da roupa dela não ser nada reveladora também.

      Ela circulou pelo corpo devagar, com sua mente pensando em pequenos detalhes mais do que nunca. Viu um ferimento por perfuração onde o prego havia entrado na parte de baixo da mandíbula. Mas depois viu muitos outros ferimentos, todos exatamente iguais—todos feitos com uma pistola de pregos. Um entre os olhos. Outro acima da orelha esquerda. Um em cada joelho, um na base do peito, um na mandíbula e um na parte de trás da cabeça. O fluxo de sangue e a breve descrição que Connelly fizera sugeriam que também havia ferimentos similares na parte de trás do corpo da garota, que agora estava pressionado contra a parede de tijolos como uma boneca.

      Aquilo era brutal, excessivo e violento.

      A cereja do bolo era o fato de que ela estava sem a mão esquerda. O braço, ainda sangrando, sugeria que a mão fora cortada menos de seis horas antes.

      Ela chamou os pesquisadores por cima do ombro da garota.

      -