Кейт Хьюит

Resgatada pelo xeque


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rosados e a pele suave. Não usava maquilhagem, pelo menos, ele nunca a vira maquilhada. Também não precisava, sobretudo, naquele momento, em que corara desde o pescoço até à testa. Ela abanou a cabeça e cerrou os dentes.

      – Não sei se entendi, Majestade, mas, seja o que for, é impossível.

      – Para começar, lembra-te de que deves chamar-me Aziz.

      Um brilho de cólera apareceu nos olhos de Olivia. Aziz alegrou-se por conseguir zangar-se, já que, com frequência, se questionara quanta paixão escondia por trás da sua fachada contida.

      Há seis anos que a conhecia, embora só a visse algumas vezes por ano. No entanto, só algumas vezes é que mostrara que tinha sentimentos profundos: Um lenço vermelho e arroxeado que usava um dia; uma gargalhada que ouvira procedente da cozinha; vê-la a tocar piano na sala e a sua expressão ao fazê-lo, como se estivesse a verter a sua alma na peça. Aziz pensara que era uma alma que conhecia a angústia e até a tortura.

      Fora-se embora silenciosamente antes de o descobrir, já que sabia que ela se horrorizaria se soubesse que estivera a ouvi-la. Contudo, interrogou-se que segredos escondia por trás da sua fachada.

      E, no entanto, fora essa impassibilidade que o induzira a escolher Olivia Ellis para o trabalho. Era inteligente, discreta e muito competente. Era o que precisava.

      – Vou dizer-to de outro modo – indicou Aziz, enquanto observava como a indignação fazia com que o peito dela subisse e descesse com força. Usava uma blusa branca, com o cabelo apanhado, como sempre, e umas calças pretas e sapatos rasos. Sabia que tinha vinte e nove anos, mas vestia-se como uma mulher de meia-idade, embora com estilo. A roupa era de boa qualidade e bom corte.

      – Diz-me, então. – Olivia dominara a cólera. Aziz voltou a ver a Olivia de sempre, serena e controlada.

      – Quero que sejas a minha noiva de forma temporária. A substituta da rainha Elena até a encontrar.

      – E para que precisas de uma substituta?

      – Porque quero dissipar os rumores que possam correr sobre o seu desaparecimento. Dentro de uma hora vou dar uma conferência de imprensa e devemos aparecer juntos na varanda do palácio.

      – E depois?

      Aziz hesitou levemente.

      – Será só isso.

      – Só isso? – Observou-o com os olhos semicerrados. – Se só precisas de uma mulher para que apareça contigo na varanda, com certeza que poderias ter encontrado uma daqui.

      – Queria alguém que conhecesse e em quem pudesse confiar. Já te disse que há muitos anos que não vinha a Kadar. Há poucas pessoas em quem possa confiar.

      – Nem sequer me pareço com a rainha. Ela tem o cabelo escuro e não temos a mesma altura. Eu sou um pouco mais alta.

      – Sabes quanto mede a rainha Elena? – perguntou ele, arqueando as sobrancelhas.

      – Sei o que meço. Vi fotografias dela.

      – Ninguém vai preocupar-se com uns centímetros a mais ou a menos.

      – E o cabelo?

      – Podemos pintá-lo.

      – Numa hora?

      – Se for necessário.

      Olhou para ele durante uns segundos e ele percebeu que a tensão crescia no seu interior. Sabia que estava a pedir-lhe algo fora do comum. Também que tinha de a convencer a aceder. Não queria ameaçá-la, mas precisava dela. Não conhecia outra mulher tão competente e discreta. E, nesse momento, a única coisa que o preocupava era obter o seu objetivo: Garantir a coroa do reino que lhe correspondia governar por herança, embora muitos não acreditassem.

      – E se me recusar? – perguntou Olivia.

      – Porque haverias de o fazer?

      – Porque é uma loucura? – replicou, sem humor. – Porque qualquer paparazzi com uma teleobjetiva conseguiria perceber que não sou a Elena e publicá-lo? Acho que nem sequer usando todo o teu encanto conseguirias livrar-te de semelhante desastre.

      – Se isso acontecer, eu serei o único responsável. Toda a culpa recairá sobre mim.

      – E achas que não serei objeto de falatórios, que todos os aspetos da minha vida não serão dissecados na imprensa sensacionalista? – O rosto de Olivia irritou-se como se semelhante possibilidade lhe causasse dor.

      – Se te descobrirem, coisa que não acontecerá, ninguém saberá quem és.

      – Achas que não descobrirão?

      – Possivelmente, mas estamos a falar por falar. Não há nenhum jornalista de fora daqui. O país está fechado para a imprensa estrangeira há anos. Tenho de mudar esse decreto.

      – A imprensa de Kadar.

      – Sempre esteve ao serviço da Coroa. Pedi que, desta vez, não se tirem fotografias e acederam. Não aprovo como as coisas estão aqui, mas era a forma de governar do meu pai, que continua.

      – Vais fazer as coisas de outro modo agora que és xeque? – perguntou ela, num tom levemente incrédulo, o que Aziz entendeu, embora não achasse graça.

      Só demonstrara que era um prodígio com os números e que gostava de ir a festas por toda a Europa. Olivia vira o seu estilo de vida hedonista e limpara os seus excessos. Não podia reprová-la por se sentir cética quanto à sua capacidade de governar bem.

      – Vou tentar.

      – E vais começar com esta farsa ridícula.

      – Receio que seja necessário. – Voltou a sorrir, mas ela não se alterou. – É por uma boa causa, Olivia: A estabilidade do país e a segurança do povo.

      – Porque é que o Khalil raptou a rainha Elena? Como o fez? Não tinha proteção?

      Aziz sentiu que a raiva crescia no seu interior, mas não sabia para quem dirigi-la: Para Khalil ou para os seus próprios empregados por não se terem apercebido da ameaça até já ser demasiado tarde. No entanto, percebeu que estava zangado consigo próprio, embora soubesse que não teria conseguido evitar o sequestro. Enfurecia-o não o ter impedido, não conhecer o país ou o seu povo para poder exigir lealdade e obediência ou para que procurassem Elena no seu deserto interminável.

      – O Khalil é o filho ilegítimo da primeira esposa do meu pai. Criou-o como seu filho durante sete anos, até se descobrir a verdade. Então, foi desterrado, juntamente com a mãe, mas Khalil insiste que tem direito ao trono.

      – Que horror! – exclamou Olivia. – Banido.

      – Acabou por viver rodeado de luxos com a tia, nos Estados Unidos. Não deves compadecer-te.

      – É evidente que não o fazes.

      Aziz limitou-se a encolher os ombros. O que sentia por Khalil era difícil de explicar, até a si próprio: Raiva e inveja; tristeza e amargura. Uma mistura de sentimentos potente e insana.

      – Reconheço-o. Não o acho muito simpático, tendo em conta que tenta desestabilizar o país e que raptou a minha noiva.

      – Porque achas que pensa que tem direito ao trono?

      «Porque todos pensam que sim. Porque o meu pai o adorava, mesmo quando soube que não era o seu filho; mesmo contra a sua própria vontade», pensou Aziz.

      – Não sei se acha que tem direito. Talvez se trate apenas de uma vingança contra o meu pai, que considerou o pai dele durante boa parte da sua infância. – «E uma vingança contra mim por ocupar o seu lugar», pensou. – O meu pai não era um homem justo. O seu testamento extraordinário prova-o de forma incontestável.

      – Então, o Khalil raptou a Elena para evitar que se casem – concluiu Olivia, enquanto ele assentia.

      Aziz odiava pensar que Elena estaria sozinha