controlada, onde se observava o desempenho de uma pessoa em uma tarefa de resolução matemática, um Sudoku, e logo tiveram que avaliar se essa pessoa poderia resolver outro, mas em um período limitado de três minutos. Foram manipuladas as variáveis correspondentes a dificuldade da segunda tarefa, a possibilidade ou não de ganhar dinheiro por acertar segundo seu nível de confiança na resposta, e a introdução ou não de uma tarefa distrativa entre as duas tarefas.
Os participantes tiveram que preencher uma prova online sobre Inteligência Emocional chamada Teste de Inteligência Emocional Mayer-Salovey-Caruso (Mayer, Salovey, & Caruso, 2002) onde o desempenho dos participantes foi comparado de acordo com a pontuação no M.S.C.E.I.T., como com alta ou baixa Inteligência Emocional. Os resultados mostram que não existiram diferenças nas previsões de desempenho da tarefa dos demais em função da Inteligência Emocional dos participantes.
É necessário levar em consideração o limitado número de participantes, e que se trata de uma manipulação experimental com baixa validade ecológica, com a qual é provável que em uma situação real o fenômeno de previsão esperado possa ser observado. Apesar das limitações do estudo tem de se destacar a abordagem inovadora desta pesquisa, que busca conhecer como a Inteligência Emocional possibilita que a pessoa tenha um melhor desempenho social. Embora não pareça que uma maior Inteligência Emocional tenha a ver com acertar as previsões de desempenho de um terceiro em uma tarefa matemática concreta, isso não descarta que não dê à pessoa essa qualidade para outras tarefas, de natureza mais emocional; ou seja, conhecer os pontos fortes e fracos de um interlocutor não significa saber exatamente como vai atuar em todas as tarefas, mas sim que tipo de compromisso e comportamento geral esperar dessa pessoa.
Algo que sim se consegue comprovar mediante pesquisas posteriores estaria informando que aquelas pessoas com altos níveis de Inteligência Emocional estão melhor preparadas para a hora de conhecer aos demais, daí a vantagem observada nas interações sociais. Um último ponto sobre a Inteligência Emocional é que, ao contrário de outras inteligências, esta se pode melhorar com um treinamento adequado, ou seja, uma vez conhecidas as muitas vantagens que possui sobre o trabalho e o mundo social, pode-se encontrar uma forma de reforçar as próprias habilidades e com isso melhorar a Inteligência Emocional.
Com o exposto, na medida que seja útil a aplicação da inteligência emocional entre as corporações e forças de segurança na redução das condutas de risco, seria de se esperar que as taxas de suicídio também reduzissem, onde estão incluídos estes acidentes.
Levando em consideração que o suicídio é, em última análise, um drama para as famílias que sobrevivem, mas também para a corporação que perde um companheiro e agente preparado. Embora as causas associadas ao estresse e a pressão social procurem “justificar” esta conduta entre os agentes das corporações e forças de segurança, deve-se levar em consideração que o ingresso a estas corporações é restritivo e muito exigente, devendo ser submetidos a testes psicológicos específicos e um intenso treinamento posterior tanto físico como psicológico, mas apesar disso, as taxas de suicídio são extremamente elevadas.
Referências
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Capítulo 2. Características dO suicÍdio NO Âmbito policial
Conforme indicado na seção anterior, nem todo suicídio vai ser considerado como tal, uma vez que acidentes por condutas de risco teriam que ser descartados, além disso, vale a pena distinguir vários termos que às vezes são empregados de forma indistinta, mas que possuem diferenças importantes, portanto, de acordo com relatório publicado pela Comissão de Saúde Mental do Ministério da Saúde Pública do Governo do Canadá (Mental Health Commission of Canada, 2018) é possível falar de:
–Suicídio como ato fatal de autoagressão com intenção de tirar a própria vida.
–Comportamento suicida que inclui desde pensamentos suicidas, tentativas de suicídio e a morte por suicídio.
–Tentativa de suicídio, que é um comportamento potencialmente autoagressivo associado à intenção de morrer.
–Pensamentos ativos de suicídio que podem levar a tirar a própria vida, o que pode incluir: identificar um método, ter um plano e/ou ter a intenção de agir.
–Pensamentos passivos de suicídio, pensamentos sobre a morte ou de querer estar morto, sem ter nenhum plano nem realizar nenhuma tentativa de suicídio.
–Automutilação não suicida, condutas sem a intenção de morrer.
–Eventos suicidas com o aparecimento ou agravamento de pensamentos suicidas ou com tentativas reais de suicídio.
–Automutilação