L.M. Somerton

O Gato Sortudo


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também direcionou o abajur Anglepoise surrado que estava em um canto da caixa registradora em direção à mesa para dar um pouco mais de luz, porque Sr. Lao mantinha o lugar na penumbra na esperança de que alguns dos clientes não olhassem muito de perto o que estavam comprando.

      Havia algumas pessoas percorrendo os corredores e Landry registrou a compra de um jovem casal que havia encontrado um vaso art déco de vidro prensado para o aniversário do pai. Ele tinha acabado de embrulhá-lo, tomando cuidado para preservar a folha de papel com o número de Gage, quando Gage voltou carregando uma bandeja de papelão com café e um saco de papel. Landry olhou para eles, feliz em ver que vieram do café ao lado. Ele desejou felicidades aos clientes que iam embora e depois tentou agarrar o saco, enfiando o nariz lá dentro para encontrar dois brownies de tamanho considerável, dois cookies com lascas de chocolate e dois muffins de chocolate branco e mirtilos.

      “Considere-me impressionado,” Landry murmurou com a boca cheia de brownie. “Oh meu Deus, isso é tão bom.”

      “Qualquer um pensaria que você não tinha sido alimentado há uma semana.” Gage colocou os cafés sobre a mesa. Ele tirou o casaco e pendurou no encosto de uma das cadeiras.

      Landry não pôde deixar de admirar a maneira como a camisa se ajustava ao peito largo. O homem está em forma! Eu pagaria uma boa quantia para dar uma olhada por baixo daquele algodão. “Ei, não julgue. Acordei tarde porque esqueci de programar meu alarme e não tive tempo para tomar o café da manhã. Normalmente, eu escaparia sorrateiramente até a porta ao lado, mas Sr. Lao saiu antes que eu tivesse a chance e não posso deixar esse lugar abandonado. Ele tem espiões por toda a parte e ficaria sabendo, mesmo se eu trancasse a loja apenas por cinco minutos. Há uma chaleira na parte de trás, mas ele só guarda chá. Chá! O homem é louco. Ele acredita que café pertence aos rituais satânicos. Há algo seriamente errado com ele. Ele comprou a chaleira na Inglaterra quando esteve lá em uma viagem de compras e agora recebe o chá enviado a cada poucos meses porque se apaixonou por uma marca que não consegue comprar aqui.”

      “Você terminou?” Gage sentou-se, ajustando a cadeira para que pudesse esticar as pernas, cruzando-as nos tornozelos.

      “Ora, você tem algum lugar mais interessante para estar?” Landry fez beicinho.

      “Tenho certeza que poderia encontrar um lugar menos frustrante para passar o tempo.” Gage entregou um dos cafés. “Aqui está sua mistura.”

      “Imagino que você considere pouco viril beber qualquer coisa que não seja café preto forte.” Landry retirou a tampa do seu café e inspirou o aroma doce. “Você deveria experimentar isso. Poderia melhorar seu humor.”

      Gage tirou um dos cookies do saco. “Sou bastante doce para você.”

      “É mesmo? E o que faz você pensar que estou interessado em homens doces?”

      “Acho que isso é a última coisa em que você está interessado ou precisa. Um pirralho com você exige uma mão firme.”

      Pelo tom de Gage, Landry imaginou que ele ficaria mais do que feliz em fornecer essa mão. “E lá vai você de novo com os comentários inadequados. Você não tem algumas fotos para me mostrar?”

      “Podemos retomar a discussão sobre sua necessidade de disciplina mais tarde, quando eu estiver de folga.” Gage colocou seu telefone na mesa. “Deslize para a esquerda. Pare se você ver algo que reconhece. É um telefone de trabalho, não pessoal, então não fique empolgado.”

      Uma série de antiguidades dançava diante dos olhos de Landry enquanto ele percorria a extensa galeria de fotos de Gage. Pinturas a óleo foram seguidas por porcelana, que foram seguidas por móveis e joias. “Não reconheço nada…” Landry continuou deslizando, mas a maior parte do inventário era muito sofisticado para o Sr. Lao. “Algumas dessas coisas são absolutamente maravilhosas. O chefe produz algumas peças ótimas, mas isso está muito além do seu orçamento. Espere…” Landry voltou para a foto de um colar de ouro e ametista. Datado do início de 1900, parecia familiar. “Este… A iluminação não é boa, mas acho que podemos ter esse. Oh Deus, o chefe está em apuros?” Seu coração caiu. Sr. Lao tinha sido bom para ele.

      “Você consegue colocar suas mãos nele?” Gage perguntou.

      “Claro. Apenas me dê um minuto.” Landry empurrou a cadeira para trás. A maior parte das joias decentes era mantida em um armário trancado no canto mais distante da loja, atrás de duas estantes repletas de primeiras edições. Sr. Lao sempre armazenava estoque que poderia incitar roubo por arrombamento nas partes menos acessíveis da loja. Abrindo caminho entre as pilhas de moveis oscilantes, Landry pegou a chave do armário do bolso. O colar estava na prateleira de baixo, aninhado no forro de veludo preto da caixa revestida de couro. Ao vê-lo novamente, Landry sabia que era idêntico ao da foto. Ele o tirou de seu lugar, trancou novamente o armário e depois arrastou os pés um pouco enquanto voltava para Gage. “Aqui está.”

      “É esse mesmo.” Gage empurrou a caixa de volta para Landry antes de dar uma mordida enorme no muffin. “Estes não são ruins.”

      “Não são ruins? Sobre o que você está falando? Acabei de expor meu chefe como um ladrão de joias e tudo em que você está interessado é em um muffin.” Landry pegou seu café e tomou um longo gole, desejando que contivesse um pouco de rum.

      “Um pequeno teste da sua honestidade.”

      “Você não está fazendo nenhum sentido.” Landry sentiu vontade de bater o pé, mas se contentou em fazer uma careta.

      “Semeei as fotos com itens legais das diversas lojas que tenho visitado. Se você não tivesse escolhido, eu teria suspeitado dos seus motivos. Um colega meu tirou uma foto do colar há alguns dias.”

      Landry ofegou. “Seu… Seu… Pé no saco! Você poderia ter me causado um ataque cardíaco.”

      Gage riu. “Valeu a pena para ver seu rosto. Você sabia que seus lóbulos ficam rosados quando você fica nervoso?”

      “Eles não ficam!” Landry puxou um lóbulo macio. “E pare de olhar para as minhas orelhas, sua aberração.” Ele sentou-se, tateando o saco de papel por um cookie. “Depois disso, você me deve um café e produtos assados todos os dias desta semana.”

      “Quer me ver de novo, hein?”

      “Você pode simplesmente deixá-los.” Desacostumado com a sensação de timidez e constrangimento que estava experimentando, Landry pegou as lascas de chocolate em seu cookie.

      “Acho que não. Precisamos sair em um encontro para que eu possa explicar como relacionamentos entre Dominantes e submissos funcionam.”

      “Eu não o vi na cena local… Como você descobriu?”

      “Pesquisa. Você ficaria surpreso com o quanto eu sei sobre você.”

      “Você esteve me seguindo?”

      “De vez em quando nas últimas semanas. O departamento tem ficado de olho nos funcionários das lojas de antiguidades em toda a cidade. Eu me interessei em especial por você após ouvir falar sobre alguns dos lugares que você frequenta. Gosta de couro e látex, não é?” Gage levantou seu café em um brinde.

      “Eu… Talvez?” Landry esfregou a ponta do tênis no piso de parquete. “Você é realmente um Dom, ou só está brincando?”

      “Da cabeça aos pés, o artigo genuíno.”

      Landry imaginou Gage em trajes de couro completo. Sua boca secou e seu pênis contraiu. Ele não sabia onde se colocar.

      “Que horas você fecha no sábado?”

      “Você é o detetive. Você decifra isso.”

      “Espero que você goste de ficar de pé, porque quando eu terminar com sua bunda rebelde, você não vai querer se sentar nela. Eu o buscarei aqui na hora de fechar.” Gage empurrou a cadeira para trás, sem esperar por uma resposta. Ele caminhou pela loja como se fosse dono do lugar.