Морган Райс

Um Sonho de Mortais


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sempre uma maneira," diz Ario, mostrando-se determinado. Ele se vira para Merek.

      Todos os olhos se voltam para Merek e ele franze a testa.

      "Eu não sou especialista em vingança," Merek diz. "Eu mato homens quando eles me incomodam. Eu não espero pela oportunidade de vingança."

      "Mas você é um ladrão," declara Ario. "Você passou toda a sua vida em uma cela de prisão, como você mesmo já admitiu. Certamente você pode nos tirar daqui?"

      Merek se vira e examina a cela, as barras, as janelas, as chaves e os guardas – tudo isso com o olhar apurado de um especialista. Ele considera a situação e, então, volta a olhar para eles com uma expressão séria no rosto.

      "Esta não é uma cela de prisão comum," ele explica. "Deve ser uma célula Finiana, um trabalho muito caro. Não vejo pontos fracos ou alguma saída, por mais que eu gostaria de dizer o contrário."

      Godfrey, sentindo-se sobrecarregado e tentando ignorar os gritos dos outros prisioneiros no corredor, caminha até a porta da cela, pressiona a testa contra o ferro frio e pesado e fecha os olhos.

      "Traga-o aqui!" Dispara uma voz do fundo do corredor de pedra.

      Godfrey abre os olhos, vira a cabeça e, ao olhar para o corredor, vê vários guardas do Império arrastando um prisioneiro. O prisioneiro usa uma faixa vermelha por cima do ombro, atravessando o seu peito, e é carregado nos braços dos soldados sem relutar, sem ao menos tentar resistir. Na verdade, quando ele se aproxima, Godfrey percebe que eles o estão arrastando enquanto ele parece estar inconsciente. Algo claramente está errado com ele.

      "Você está me trazendo outra vítima da peste?" O guarda grita com desdém. "O que você espera que eu faça com ele?"

      "Isso não é problema nosso!" Os outros guardas respondem.

      O guarda de plantão demonstra uma expressão de medo e começa a erguer as mãos.

      "Eu não vou colocar minhas mãos nele!" Ele diz. "Coloquem-no poço com as outras vítimas da peste."

      Os guardas olham para ele interrogativamente.

      "Mas ele ainda não está morto," eles respondem.

      O guarda de plantão faz uma careta.

      "Você acha que eu me importo com isso?"

      Os guardas trocam um olhar e, em seguida, seguem as ordens do guarda, arrastando o prisioneiro para o outro lado do corredor da prisão e jogando o homem dentro de um grande poço. Godfrey vê que o poço está cheio de corpos, todos eles cobertos com a mesma faixa vermelha.

      "E se ele tentar fugir?" Os guardas perguntam antes de se virar.

      O guarda comandante sorri um sorriso cruel.

      "Você não sabe o que a peste faz a um homem?" Ele pergunta. "Este homem estará morto ao amanhecer."

      Os dois guardas se viram e vão embora, e Godfrey olha para a vítima da peste, deitado ali sozinho naquele poço subterrâneo, e de repente têm uma ideia. É um plano tão louco que é provável que ele funcione.

      Godfrey olha para Akorth e Fulton.

      "Deem-me um soco" Ele pede.

      Akorth e Fulton trocam um olhar intrigado.

      "Eu estou pedindo para que vocês batam em mim!" Repete Godfrey.

      Eles balançam a cabeça.

      "Você está louco?" Pergunta Akorth.

      "Eu não vou lhe dar um soco," Fulton entra na conversa, "por mais você possa merecê-lo."

      "Eu estou lhes ordenando que me deem um soco!" Godfrey exige. "Com força, no rosto. Quebrem o meu nariz! AGORA!"

      Mas Akorth e Fulton se viram.

      "Você ficou louco" Eles dizem.

      Godfrey olha para Merek e Ario, mas eles também recuam.

      "Não quero saber o que aconteceu," Merek diz, "Mas eu não quero participar disso."

      De repente, um dos prisioneiros se aproxima de Godfrey.

      "Não pude deixar de ouvir sua conversa," ele diz, exibindo um sorriso banguela e soltando um bafo horrível na direção de Godfrey. "Eu ficarei mais do que feliz em bater em você, nem que seja para fazê-lo calar essa boca! Você não tem que me pedir duas vezes."

      O prisioneiro dá um golpe certeiro no nariz de Godfrey com os nós de seus dedos ossudos e Godfrey sente uma dor aguda atravessar seu crânio ao mesmo tempo em que ele grita, levando as mãos ao nariz. O sangue esguicha por todo o seu rosto e escorre pela sua camisa. A dor é tão intensa que Godfrey perde temporariamente a visão.

      "Agora eu preciso daquela faixa," diz Godfrey, voltando-se para Merek. "Você pode pegá-la para mim?"

      Merek, intrigado, segue a direção dos olhos de Godfrey e vê o prisioneiro deitado inconsciente no poço.

      "Por quê?" Ele pergunta.

      "Faça o que eu estou lhe pedindo," Ordena Godfrey.

      Merek franze a testa.

      "Se eu amarrar algo, talvez eu possa alcançá-la" Explica ele. "Alguma coisa comprida e fina."

      Merek estende a braço, coloca as mãos na gola de sua camisa e extrai um pedaço de arame dela; então, ele o desdobra e percebe que o arame é longo o suficiente para suas necessidades.

      Merek se inclina contra as grades da prisão, com cuidado para não alertar o guarda, e estende a mão com o arame, tentando pescar a faixa. Ele começa a arrastá-la pelo chão, mas ela logo cai.

      Ele tenta várias outras vezes, mas o cotovelo de Merek fica preso nas barras da cela. Seus braços não são magros o suficiente.

      O guarda se vira na direção deles e Merek rapidamente recolhe o braço antes que possa ser visto.

      "Deixe-me tentar," Pede Ario, dando um passo à frente quando o guarda lhes dá as costas novamente.

      Ario segura o arame, estica o braços através das barras e, por ser muito magra, ele consegue enfiá-lo através das barras da cela até o ombro.

      Aqueles centímetros a mais são exatamente do que eles precisam. O arame alcança o fim da faixa vermelha e Ario começa a puxá-la em sua direção. Ele para quando o guarda, cochilando de costas para eles, levanta a cabeça e olha em sua direção. Todos eles esperam, suando e rezando para que o guarda não veja o que eles estão fazendo. Eles esperam pelo que parece uma eternidade, até que finalmente o guarda começa a cochilar novamente.

      Ario puxa a faixa cada vez mais perto, deslizando-a pelo chão da prisão, até que, finalmente, ele consegue puxá-la para dentro da cela.

      Godfrey estende o braço e veste a faixa, e todos eles se afastam dele com medo.

      "Que diabos você está fazendo?" Pergunta Merek. "A faixa está contaminada com peste. Você pode infectar todos nós."

      Os outros presos na cela também recuam.

      Godfrey olha para Merek.

      "Eu vou começar a tossir e não vou parar," Ele diz enquanto veste a faixa e seu plano vai tomando forma em sua mente. "Quando o guarda se aproximar, ele verá o meu sangue e esta faixa, e você vai dizer a ele que eu estou com a peste e que eles cometeram um erro em não me separar do grupo."

      Godfrey não perde tempo. Ele começa a tossir violentamente, espalhando o sangue em seu rosto para ficar com a pior aparência possível. Ele tosse mais alto do jamais havia tossido antes até que, finalmente, ele ouve a porta da cela se abrir e os passos do guarda.

      "Façam seu amigo calar a boca," Diz o guarda. "Vocês estão entendendo?"

      "Ele não é meu amigo," Responde Merek. "Apenas um homem que nós conhecemos. Um homem contaminado com a peste."

      O guarda, perplexo, olha para baixo, nota a faixa vermelha e seus olhos se arregalam.

      "Como ele entrou aqui?"