Морган Райс

Um Sonho de Mortais


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cordas em cada uma de suas extremidades. Alguém diante dela está puxando as cordas e, a cada puxão, a plataforma sobe um pouco mais. Ela está sendo levada pela lateral de penhascos íngremes que parecem não ter fim, os mesmos penhascos que ela se lembra de ter visto antes de desmaiar, falésias coroadas por parapeitos e cavaleiros reluzentes.

      Gwen se esforça para esticar o pescoço e, ao olhar para baixo, ela imediatamente se sente tonta. Eles estão a dezenas de metros acima do chão do deserto e continuam subindo.

      Gwendolyn volta a olhar para cima e vê os parapeitos a trinta metros de distância, sua visão obscurecida pelo sol, e os cavaleiros olhando para baixo, chegando mais perto a cada puxão das cordas. Gwen imediatamente se vira e, ao examinar a plataforma, é inundada de alívio ao ver que todo o seu povo ainda está com ela: Kendrick, Sandara, Steffen, Arliss, Aberthol, Illepra, a bebê Krea, Stara, Brant, Atme, e vários cavaleiros da Prata. Todos eles estão na plataforma, sendo atendido por nômades que derramam água em suas bocas e rostos. Gwen sente uma onda de gratidão para com aquelas estranhas criaturas que haviam salvado as suas vidas.

      Gwen fecha os olhos novamente, deita a cabeça sobre a madeira dura com Krohn aninhado ao seu lado e tem a sensação de que sua cabeça pesa centenas de quilos. Ao seu redor, um silêncio confortável preenche o ar, sem qualquer som ali em cima exceto o do vento e das cordas rangendo. Ela já tinha viajado muito, por um longo tempo, e começa a se perguntar quando tudo aquilo chegará ao fim. Logo eles chegarão ao topo e ela só torce para que os cavaleiros, quem quer que fossem, sejam tão hospitaleiros como aqueles nômades do deserto.

      A cada puxão, os sóis ficam mais fortes e mais quentes, sem sombra sob a qual eles possam se esconder. Ela tem a sensação de estar queimando, como se estivesse sendo içada até o núcleo do próprio sol.

      Gwendolyn abre os olhos ao sentir um solavanco final e percebe que tinha caído no sono novamente. Ela sente um movimento repentino e percebe que está sendo cautelosamente carregada pelos nômades, que colocam ela e seu povo de volta nas lonas, tirando-os da plataforma, e sendo levada até os parapeitos. Gwendolyn sente-se finalmente sendo suavemente colocada em um chão de pedra e olha para cima, piscando várias vezes contra a claridade do sol. Ela está exausta demais para levantar seu pescoço e não tem certeza se ela ainda está acordada ou se está sonhando.

      Dezenas de cavaleiros vestindo cotas de malha e lindas armaduras brilhantes começam a surgir, aproximam-se dela e se reúnem ao seu redor, olhando-a com curiosidade. Gwen não consegue entender como aqueles cavaleiros podem estar ali, naquele grande deserto no meio do nada, como eles podem estar montando guarda na parte superior daquele imenso cume, sob a constante presença dos dois sóis. Como eles sobrevivem ali? O que eles estão protegendo? Onde eles haviam conseguido armaduras reais? Aquilo tudo seria apenas um sonho?

      Até mesmo o Anel, com a sua antiga tradição de grandeza, tem poucas armaduras a altura das armaduras que aqueles homens estão usando. Aquela é a armadura mais intrincada que ela já tinha visto, forjada em prata, platina e algum outro metal que Gwen não consegue reconhecer, exibindo marcações intrincadas e com armamentos de igual qualidade. Aqueles homens são claramente soldados profissionais. A visão faz Gwen recordar os dias em que ela ainda era uma jovem menina e tinha o costume de acompanhou seu pai em campo; ele tinha tido o hábito de mostrar-lhe os soldados e ela havia gostado da oportunidade de vê-los alinhados com tal esplendor. Gwen se pergunta como tal beleza pode existir e como aquilo tudo pode ser possível.

      Ela pensa que talvez ela tenha morrido e aquela seja a sua versão do céu, mas então ela ouve um deles dar um passo à frente, ficando na frente dos outros, remover seu capacete e olhar para ela, seus brilhantes olhos azuis cheios de sabedoria e compaixão. Ele parece ter trinta anos e sua aparência é assustadora, sua cabeça é completamente calva e ele exibe uma barba loura. Claramente, ele é o oficial no comando.

      O homem volta sua atenção para os nômades.

      "Eles estão vivos?" Ele pergunta.

      Um dos nômades, em resposta, estende seu longo cajado e gentilmente cutuca Gwendolyn, que começa a se mover no mesmo instante. Ela quer mais do que qualquer coisa poder se sentar e conversar com eles para descobrir quem eles são, mas ela está muito cansada e com a garganta seca demais para responder.

      "Incrível," diz outro cavaleiro, dando um passo adiante com as esporas tilintando à medida que cada vez mais cavaleiros se aproximam, reunindo-se em torno deles. Claramente, eles são todos objetos de grande curiosidade.

      "Não é possível," afirma um deles. "Como eles podem ter sobrevivido ao Grande Deserto?"

      "Eles não fizeram isso," responde outro cavaleiro. "Eles devem ser desertores e devem ter de alguma forma atravessado a cordilheira, se perdido no deserto e decidido voltar."

      Gwendolyn tenta responder para dizer-lhes tudo o que havia acontecido, mas ela ainda está exausta demais para conseguir pronunciar as palavras.

      Depois de um breve silêncio, o líder dá um passo adiante.

      "Não," ele responde com confiança. "Olhe para as marcas nas armaduras dele," ele pede, cutucando Kendrick com o pé. "Esta não é a nossa armadura e também não é a armadura do Império."

      Todos os cavaleiros se aglomeram ao redor, parecendo atordoados.

      "Então, de onde eles são?" Pergunta um deles, claramente perplexo.

      "E como é que eles sabem onde nos encontrar?" Pergunta outro.

      O líder se vira para os nômades.

      "Onde vocês os encontraram?" ele indaga.

      Os nômades guincham sua responde e Gwen vê o líder arregalar os olhos.

      "Do outro lado do muro de areia?" Ele pergunta. "Você tem certeza?"

      Os nômades guincham de volta.

      O comandante se vira para o seu povo.

      "Eu não acho que eles sabiam que estávamos aqui. Eu creio que eles tiveram sorte, os nômades os encontraram e, em busca de uma recompensa, os trouxeram até aqui, confundindo-os com um de nós."

      Os cavaleiros se entreolham e fica claro que eles nunca haviam se deparado com uma situação como aquela antes.

      "Nós não podemos acolhê-los," afirma um dos cavaleiros. "Você conhece as regras. Se você os deixar entrar, deixaremos um rastro. Não devemos deixar rastros. Nunca. Nós temos que mandá-los de volta para o Grande Deserto."

      Um longo silêncio se segue, interrompido por nada, exceto o uivo do vento, e Gwen pode sentir que eles estão debatendo o que fazer com eles. Ela não gosta de quanto tempo eles permanecem em silêncio.

      Gwen tenta se sentar para protestar, para dizer-lhes que eles não podem mandá-los embora. Ela sabe que eles simplesmente não sobreviverão – não depois de tudo pelo qual eles haviam passado.

      "Se nós fizermos isso," explica o líder, "significará a morte de todos eles. Nosso código de honra exige que ajudemos os desamparados."

      "E, no entanto, se nós os acolhermos," responde um cavaleiro, "todos nós poderemos morrer. O Império seguirá o rastro deles e descobrirão o nosso esconderijo. Nós estaremos colocando em risco todo o nosso povo. Você prefere que alguns estranhos morram ou que todo o nosso sofra as consequências?"

      Gwen pode ver o líder pensando, dilacerado pela angústia diante de uma decisão difícil. Ela entende qual é a sensação de enfrentar decisões difíceis. Ela está muito fraca para resignar-se a qualquer coisa, exceto permitir-se ficar à mercê da bondade de outras pessoas.

      "Pode ser que sim," diz finalmente o líder com um tom de resignação em sua voz, "mas eu não condenarei pessoas inocentes a morte. Eles ficarão conosco."

      Ele se vira para seus homens.

      "Levem eles para o outro lado", ele ordena com a voz firme, demonstrando toda a sua autoridade. "Vamos levá-los para o nosso Rei e ele decidirá o destino dessas pessoas."

      Os homens ouvem a ordem e começam a partir para a ação, preparando a plataforma