imediatamente procura por Samantha, com medo em seus olhos.
"Samantha!" ele grita, "Por favor! Salve-me!".
Samantha não consegue evitar, e cai no choro. Não há nada, absolutamente nada que ela possa fazer.
Seis vampiros entram empurrando um enorme caldeirão de ferro borbulhante, colocado em cima de uma escada. Eles a posicionam corretamente, bem acima da cabeça de Sam.
Sam olha para cima.
E a última coisa que ele vê é o líquido que sai do caldeirão, borbulhante e chiando, em direção ao seu rosto.
QUATRO
Caitlin esta correndo. O campo de flores alcança sua cintura, e enquanto ela corre, abre um caminho entre elas. O sol, vermelho-sangue, assemelha-se a uma enorme bola no horizonte.
Em pé de costas para o sol, bem no horizonte, está seu pai. Ou, pelo menos, a sua silhueta. Seus traços estão irreconhecíveis, mas ela sabe que é ele.
Enquanto ela corre, desesperada para finalmente vê-lo, abraçá-lo, o sol se esconde rapidamente, rápido até demais. Tudo acontece muito rápido, e dentro de poucos segundos, o sol desaparece completamente.
Ela se vê correndo através do campo no meio da noite. Seu pai ainda esta lá, esperando por ela. Ela sente que ele gostaria que ela a corresse mais rápido, que ele gostaria de abraçá-la. Mas suas pernas não conseguem correr tão rápido, e não importa o quanto ela corra, ele parece apenas distanciar-se ainda mais.
Enquanto ela corre, uma lua surge de repente no horizonte – uma enorme lua vermelho-sangue, que preenche todo o céu. Caitlin pode enxergar todos os detalhes dela, os vales, as crateras. É tudo muito claro. O pai permanece em pé, uma silhueta contra a lua, e enquanto ela tenta correr mais rápido, é como se ela estivesse em direção à própria lua.
Mas não esta dando certo. De repente, suas pernas e pés não estão mais se movendo. Ela olha para baixo, e vê que as flores estão torcidas em torno dos suas pernas e tornozelos, e estão se transformando em videiras. Elas estão tão grossas e fortes, que logo ela não pode mais movê-las.
Enquanto ela assiste, uma enorme cobra rasteja em sua direção através do campo. Ela tenta lutar, tenta fugir, mas está impotente. Tudo o que pode fazer é assistir enquanto ela se aproxima. Conforme ela chega mais perto, a cobra salta no ar, investindo contra sua garganta. Ela vira, gritando, e sente suas longas presas atravessarem a sua garganta. A dor é insuportável.
Caitlin acorda sobressaltada, sentando-se na cama com a respiração ofegante. Ela alcança sua garganta, e sente duas pequenas cicatrizes. Por um momento, ela confunde sonho com realidade, vasculhando seu quarto atrás de uma serpente. Não há nada.
Ela esfrega a garganta. A ferida ainda dói, mas não tanto quanto no sonho. Ela respira profundamente.
Caitlin está suando frio, seu coração ainda acelerado. Ela enxuga o rosto massageando as têmporas, e sente seu cabelo molhado e gelado, pregado em seu corpo. Quanto tempo tinha se passado desde a última vez que havia tomado banho? Lavado seu cabelo? Ela não consegue se lembrar. Por quanto tempo ela tinha ficado deitada ali? E onde, exatamente, ela estava?
Caitlin olha tudo ao seu redor.
É o mesmo lugar que ela havia visto antes – seria em um sonho, ou ela já tinha estado ali, acordada, em algum momento do passado? O quarto era inteiramente feito de pedra, e tinha uma janela alta e arqueada através da qual era possível ver o céu, e a enorme lua cheia com sua luz iluminando o local.
Ela se senta na beira da cama esfregando a testa, esforçando-se para lembrar. Ao se movimentar, ela é tomada por uma terrível dor no lado direito de seu corpo. Procurando a origem da dor, seus dedos tocam uma ferida em cicatrização. Ela tenta se lembrar de onde havia se ferido. Será que alguém a tinha atacado?
Caitlin tenta se concentrar e, devagar, os detalhes do que havia acontecido ressurgem. Boston. A Freedom Trail. King's Chapel. A Espada. Então… sendo atacada. Em depois,…
Caleb. Ele estava lá, olhando para ela. Percebendo que estava perdendo os sentidos, ela tinha lhe pedido. Me transforme, havia implorado.…
Caitlin leva as mãos ao pescoço, sentindo as duas marcas no lado da garganta, e tem certeza que ele a tinha atendido.
Isso explicava tudo. Caitlin se levanta assustada com essa realização. Ela havia sido transformada. E tinha sido levada a algum lugar, provavelmente para se recuperar, e provavelmente sob o olhar vigilante Caleb. Ela mexe os braços e as pernas, virando o pescoço, testando seu corpo…
Ela está diferente, disso ela tem certeza. Ela não se sente mais como ela mesma. Ela sente uma força incalculável cursando todo seu ser. Um desejo de correr, sair em disparada, passando através de paredes, para saltar no ar. Ela também sente outra coisa: duas pequenas protuberâncias nas costas, acima das omoplatas. Bem sutis, mas ela sabia que elas estavam lá. Asas. Caitlin sabe, ela pode sentir que se quisesse voar, elas se abririam para ela.
E fica inebriada por sua recém-adquirida força. Ela quer desesperadamente testá-la. Ela sente-se tão presa, ela não tem a menor ideia de quanto tempo tinha ficado ali, e quer ver como será esta nova vida. Ela também sente outra coisa totalmente nova: certo sentimento de imprudência. Uma sensação de que ela não pode morrer. De que pode cometer erros estúpidos, a sensação de que tem infinitas vidas com que brincar. Ela quer ir até o limite das coisas.
Caitlin se vira e olha para fora da janela, para a noite lá fora. A janela tinha o formato de um grande arco, sem vidro, e era exposta aos elementos. O tipo de coisa que se esperaria encontrar em um convento antigo.
A Caitlin humana de antes teria hesitado, perderia tempo pensando sobre o que ela estava prestes a fazer, e ficaria duvidando de si mesma. Mas a nova Caitlin não sente a menor hesitação. Praticamente um segundo depois de ter pensado, ela sai em disparada, na direção da janela.
Com apenas alguns poucos passos, Caitlin salta no parapeito da janela e mergulha no ar.
Alguma parte dela, algum instinto, lhe dizia que uma vez que estivesse suspensa no ar, suas asas brotariam. Se estivesse errada, significaria uma grande queda, centenas de metros, até o chão. Mas a nova Caitlin não acha que jamais pudesse estar errada.
E não estava. Enquanto Caitlin salta em direção à noite escura, suas asas brotas de suas costas, e ela sente a excitante emoção de voar, deslizando pelo ar. Ela se espanta com o comprimento e amplitude das suas asas, alegre em sentir o ar fresco da noite em seu rosto, cabelo e corpo. É noite, mas a lua está tão cheia e tão grande, que ilumina a noite quase como se fosse dia.
Caitlin olha para baixo e tem uma visão ampla do lugar. Ela havia pressentido água, e tinha estado certa. Estava em uma ilha. Em torno dela, em todas as direções, havia um enorme e belo rio, suas águas muito calmas, iluminadas pelo luar. Era o maior rio que ela já tinha visto. E lá, no meio dele, estava a pequena ilha onde ela havia dormido. Era uma ilha pequena, com pouco mais de alguns hectares, com um lado dominado por um castelo escocês destruído, meio em ruínas. O resto da ilha era totalmente tomado por uma densa floresta.
Caitlin voa no ar, voando para cima e para baixo nas correntes de ar, com giros, piruetas e mergulhos, e circula a ilha mais uma vez. O castelo era enorme e magnífico. Algumas partes estavam caindo aos pedaços, mas outras partes, escondidas da vista exterior, dentro dele, estavam perfeitamente intactas. Havia pátios internos e pátios externos, muralhas, torres, escadarias sinuosas, e muitos hectares de jardins. Era grande o suficiente para esconder um pequeno exército.
Enquanto mergulha, ela vê que o interior do castelo está iluminado com tochas. E aquelas não eram pessoas dando mole por ali. Vampiros? Seus sentidos lhe dizem que sim. A sua própria espécie. Eles estavam andando pra lá e pra cá, interagindo uns com os outros. Alguns deles estavam treinando, lutando com espadas, jogando. A ilha estava borbulhando de atividades. Quem eram aquelas pessoas? Por que estavam ali? Eles a tinham acolhido?
Quando Caitlin termina sua volta, ela vê o quarto de onde havia saltado. Ela estava ficando no topo da torre mais