aceleramos.
“Quão longe atrás de nós você acha que eles estão?” pergunto.
Ele olha para o horizonte, sério. Finalmente, dá de ombros.
“Difícil dizer. Depende do tempo que levaram para reunir as tropas. A neve está pesada, o que é bom para nós. Talvez três horas? Seis, se tivermos sorte? Uma coisa boa é que essa belezinha aqui é rápida. Acho que podemos continuar na frente enquanto tivermos combustível.
“Mas não teremos,” eu falo, ressaltando o óbvio. “Nós saímos com um tanque cheio – agora ele está na metade. Ficaremos vazios em algumas horas. O Canadá está bem distante. Como acha que podemos encontrar combustível?”
Logan olha para a água, pensativo.
“Não temos escolha.” ele diz. “Precisamos encontrar. Não há alternativa. Não podemos parar.”
“Precisaremos descansar em algum momento,” eu falo. “Precisaremos de comida e de algum tipo de abrigo. Não podemos ficar a essa temperatura dia e noite.”
“Melhor passar fome e frio do que ser pego por comerciantes de escravos,” ele fala.
Penso na casa de meu pai, rio acima. Vamos passar bem ao lado dela. Lembro-me da minha promessa à minha cachorra, Sasha, de enterrá-la. Também penso em toda a comida que havia lá, na casinha de pedra – poderíamos pegá-la, iria nos sustentar por dia. Penso nas ferramentas na garagem de papai, em todas as coisas que seriam úteis. Sem falar das roupas extras, lençóis e fósforos.
“Quero fazer uma parada.”
Logan se vira e olha para mim como se eu fosse louca. Posso ver que ele desaprova minha ideia.
“Do que você está falando?”
“Sobre a casa de meu pai. Em Catskill. Cerca de uma hora ao norte daqui. Quero passar por lá. Há muitas coisas que podemos resgatar. Coisas que iremos precisar. Como comida. E…” eu pauso, “eu quero enterrar minha cachorra.”
“Enterrar sua cachorra?” ele pergunta, sua voz ficando mais alta. “Você enlouqueceu? Você quer que todos nós sejamos mortos por isso?”
“Eu lhe prometi,” eu digo.
“Prometeu?” ele retruca. “A sua cachorra? Morta? Você está brincando.”
Eu o encaro e ele percebe rapidamente que não estou.
“Se eu prometo algo, eu cumpro. Eu enterraria você se eu prometesse.”
Ele balança a cabeça.
“Ouça,” eu falo seriamente. “Você queria ir para o Canadá. Poderíamos ter ido para qualquer lugar. Esse era o seu sonho. Não meu. Quem sabe se essa cidade realmente existe? Estou seguindo você por um capricho seu. E este barco não é só seu. Eu só quero passar na casa de meu pai. Pegar algumas coisas que precisamos e enterrar minha cachorra. Não vai demorar muito. Estamos bem à frente dos comerciantes de escravos. Sem mencionar que temos uma pequena vasilha de combustível lá. Não é muito, mas vai ajudar.”
Logan lentamente balança sua cabeça.
“Prefiro não pegar esse combustível e não correr tanto risco. Você está falando das montanhas. Está falando de uns trinta quilômetros terra adentro, não é? Como acha que chegaremos lá após pararmos nas docas? Escalando?”
“Eu sei que tem um caminhão velho. Uma picape surrada. É só uma carcaça enferrujada, mas anda e tem combustível suficiente para nos levar e nos trazer de volta. Está escondida próxima à beira do rio. O rio nos levará até lá. O caminhão nos levará e nos trará de volta. Será rápido. E então continuaremos nossa longa jornada para o Canadá. Será o melhor para nós.”
Logan observa a água silenciosamente por um longo tempo, seus punhos fechados firmemente em volta do timão.
Por fim, ele diz, “Tanto faz. É a sua vida em risco. Mas eu vou ficar no barco. Você terá duas horas. Se não voltar a tempo, irei embora.”
Eu lhe dou as costas e olho para a água, furiosa. Queria que ele fosse comigo. Sinto que ele só pensa nele mesmo e isso me deixa desapontada. Pensei que ele fosse melhor que isso.
“Então, você só se importa consigo mesmo, é isso?” eu pergunto.
Também me preocupa que ele não queira me acompanhar até a casa de meu pai; Não havia pensado nisso. Sei que Ben não vai querer ir eu gostaria de ter um pouco de proteção. Que seja. Eu ainda estou determinada. Fiz uma promessa e irei cumpri-la. Com ou sem ele.
Ele não responde e posso ver que está aborrecido.
Contemplo a água, evitando olhá-lo. À medida que a água se agita em meio ao constante barulho do motor, percebo que estou brava não somente porque estou decepcionada com ele, mas também porque eu comecei a gostar dele, a contar com ele. Eu não dependia de ninguém havia muito tempo. É um sentimento assustador depender de alguém de novo, me sinto traída.
“Brooke?”
Meu coração se alivia com o som de uma voz familiar e eu me viro para ver minha irmãzinha acordar. E Rose também. As duas são como ervilhas de uma vagem, extensões de uma única pessoa.
Eu ainda mal consigo acreditar que Bree está aqui, novamente comigo. É como um sonho. Quando ela foi sequestrada, uma parte de mim estava certa de que eu jamais a veria de novo. Cada momento em que estou com ele, sinto como se tivesse recebido uma segunda chance, estou mais determinada do que nunca a cuidar dela.
“Estou com fome,” Bree fala, esfregando seus olhos com a parte de trás de suas mãos.
Penélope senta-se no coo de Bree. Ela não pára de tremer e então levanta seu olho bom em minha direção, como se dissesse que também está faminta.
“Estou congelando,” Rose ecoa, esfregando seus ombros. Ela veste apenas uma fina camiseta e eu me sinto muito mal por ela.
Eu compreendo. Estou com fome e com frio também. Meu nariz está vermelho e eu mal posso senti-lo. Essas guloseimas que encontramos eram deliciosas, mas pouco nutritivas – especialmente em um estômago vazio. E isso aconteceu horas atrás. Penso de novo no baú de comidas, no pouco que restou e me pergunto em quanto tempo ele ficará vazio. Sei que deveria racionar a comida. Por outro lado, estamos todos passando fome e não suporto ver Bree desse jeito.
“Não sobrou muita comida,” eu digo a ela, “mas posso dar a vocês um pouquinho agora. Temos alguns biscoitos e biscoitos água e sal.”
“Biscoitos!” elas gritam em uníssono. Penélope late.
“Eu não faria isso,” ouço a voz de Logan ao meu lado.
Olho para o lado e o vejo com um olhar de desaprovação.
“Precisamos racionar.”
“Por favor!” Bree grita. “Preciso de alguma coisa. Estou com fome.”
“Eu preciso dar a ela alguma coisa,” digo firmemente a Logan, entendo sua opinião, mas fico aborrecida com sua falta de compaixão. “Eu vou dar apenas um biscoito para cada um de nós.”
“E quanto à Penélope?” Rose pergunta.
“O cachorro não vai pegar nenhuma comida nossa,” Logan retruca. “Ela tem que se virar sozinha.”
Sinto-me, mais uma vez, aborrecida com Logan, apesar de entender que ele está sendo racional. Mesmo assim, quando vejo o olhar cabisbaixo em Rose e em Bree e ouço o latido de Penélope mais uma vez, não conseguirei o deixá-la passando fome. Eu disfarçadamente lhe darei um pouco de comida da minha própria parte.
Abro o baú e dou uma olhada em nosso estoque de comida. Vejo duas caixas de biscoitos, três pacotes de biscoitos água e sal, vários sacos de ursinhos de gelatina e meia dúzia de barras de chocolate. Gostaria que houvesse alguma comida mais nutritiva, não sei como faremos para isso durar, como isso será suficiente para três refeições por dia para cinco pessoas.
Eu tiro os biscoitos e dou