Морган Райс

Arena Dois


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aos poucos, fazendo a curva para nos levar à margem.

      Inquieta, eu olho ao meu redor com cautela quando alcançamos a orla da península. Nós deslizamos junto a ela, fazendo uma curvatura para dentro da ilha. Estamos perto da margem agora, após passarmos por uma torre de água desmoronada. Continuamos em frente e logo passamos perto das ruínas de uma cidade, em direção ao seu centro. Catskill. Há prédios queimados em ambos os lados, parece que foram atingidos por um bombardeio.

      Estamos todos atentos à medida que abrimos nosso caminho lentamente pela enseada, indo terra adentro, a costa está a poucos metros de distância, cada vez mais estreita. Estamos expostos a uma emboscada e eu percebo que, inconscientemente, estou com minha mão sobre meu quadril, segurando minha faca. Percebo que Logan faz o mesmo.

      Olho por cima de meu ombro para ver Ben; mas ele ainda se encontra em estado catatônico.

      “Onde está o caminhão?” Logan pergunta, há nervosismo em sua voz. “Eu não irei terra adentro, digo-lhe isso desde já. Se qualquer coisa acontecer, precisaremos voltar ao Hudson, e rápido. É uma armadilha mortal,” ele fala, olhando com receio para as margens.

      Eu faço o mesmo. Mas a orla está vazia, desolado, congelada, sem ninguém à vista, até onde consigo enxergar.

      “Vê ali?,” eu falo, apontando. “Aquele galpão enferrujado? Está dentro dele.”

      Logan percorre mais uns trinta metros e então vira em direção ao galpão. Há um cais velho e destruído, onde Logan consegue atracar o barco, a apenas alguns metros da margem. Ele silencia o motor, pega a âncora e a atira para fora do barco. Depois, pega uma corda, faz um laço em uma ponta e o atira em um poste de metal enferrujado. O laço se fixa e Logan puxa a corda, apertando o nó, para que possamos alcançar o cais.

      “Nós vamos sair?” Bree pergunta.

      “Eu, sim,” respondo. “Espere por mim, aqui, no barco. É muito perigoso para você ir. Eu voltarei logo. Vou enterrar Sasha. Eu prometo.”

      “Não!” ela grita. “Você prometeu que nunca mais iríamos nos separar. Você prometeu! Você não pode me deixar aqui sozinha! NÃO PODE!”

      “Eu não irei deixá-la sozinha,” eu digo, meu coração se partindo. “Você vai ficar aqui com Logan, Ben, e Rose. Você estará perfeitamente segura. Eu prometo.”

      Mas, para minha surpresa, Bree se levanta, salta por cima da corda, passando pela margem de areia e aterrissa, na neve.

      Ela fica em pé na terra, com as mãos nos quadris, me encarando, desafiante.

      “Se você for, eu vou também,” ela exige.

      Eu respiro fundo ao ver que ela está determinada. Sei que, quando ela quer, ela é teimosa.

      Será muita responsabilidade levá-la comigo, mas, tenho que admitir, uma parte de mim se sente bem em tê-la ao meu lado o tempo todo. Se eu tentar convencê-la do contrário, só irei gastar mais tempo.

      “Tudo bem,” eu falo. “Mas fique perto de mim o tempo inteiro. Promete?”

      Ela assente com a cabeça. “Prometo.”

      “Eu tenho medo,” Rose fala, olhando de olhos arregalados para Bree. “Eu não quero sair do barco. Prefiro ficar aqui com a Penélope. Pode ser?”

      “Eu quero que você fique,” eu lhe respondo, silenciosamente recusando-me a levá-la junto.

      Eu me viro para Ben e ele me encara com seus olhos melancólicos. Seu olhar me faz querer olhar para outro lugar, mas eu me forço a não fazê-lo.

      “Você vem?” eu pergunto. Queria que dissesse que sim. Estou chateada por Logan preferir ficar aqui, por me decepcionar, eu certamente precisarei de ajuda.

      Mas Ben, ainda claramente em choque, apenas me encara de volta. Ele me olha como se não entendesse. Pergunto-me se ele realmente compreende o que está acontecendo ao seu redor.

      “Você vem?” eu pergunto com mais firmeza. Não tenho paciência para isso.

      Aos poucos, ele balança a cabeça, recusando. Ele está fora de si, eu tento perdoá-lo – mas é difícil.

      Viro-me para sair do barco e saltar para a margem. É uma sensação boa ter os pés em terra firme.

      “Esperem!”

      Vejo Logan se levantar do assento do motorista.

      “Eu sabia que alguma coisa assim iria acontecer,” ele fala.

      Ele anda pelo barco, recolhendo suas coisas.

      “O que você está fazendo?” eu pergunto.

      “O que você acha?” ele retruca. “Não vou deixar vocês duas irem sozinhas.”

      Meu coração se enche de alívio. Se eu fosse sozinha, não estaria tão preocupada – mas estou muito feliz de ter outra pessoa para me ajudar a tomar conta de Bree.

      Ela salta do barco para a margem.

      “Estou te falando agora que isto é uma ideia estúpida,” ele diz, ao ficar ao meu lado. “Deveríamos continuar indo em frente. Logo irá anoitecer. O Hudson pode congelar. Poderíamos ficar presos aqui. Sem falar dos comerciantes de escravos. Você tem 90 minutos, entendeu? 30 minutos para ir, 30 minutos para ficar lá e 30 minutos para voltar. Sem exceções de qualquer tipo. Ao contrário, partirei sem você.”

      Olho de volta para ele, impressionada e grata.

      “Fechado,” eu falo

      Penso em todo esse sacrifício que ele fizera, e começo a sentir algo a mais. Por trás de toda sua postura, começo a sentir que Logan realmente gosta de mim. Ele não é tão egoísta quanto eu havia pensado.

      Quando estamos quase partindo, ouço uma movimentação no barco.

      “Esperem!” Ben grita.

      Eu me viro para encará-lo.

      “Você não podem me deixar aqui sozinho com Rose. E se alguém vier? O que eu deveria fazer?”

      “Tome conta do barco,” Logan responde, virando-se para ir embora.

      “Eu não sei pilotá-lo!” Ben berra. “Eu não tenho nenhum arma!”

      Logan se vira mais uma vez, aborrecido, pega uma de suas pistolas da faixa em sua coxa e arremessa na direção de Ben, atingindo-o em cheio no peito, deixando-o confuso.

      “Talvez você aprenda como utilizá-la,” Logan fala com desdém ao dar suas costas.

      Fico observando Ben, parado ali, parecendo tão indefeso e assustado, segurando uma arma que ele sequer sabe manejar. Parece completamente apavorado.

      Gostaria de confortá-lo. Dizer-lhe que tudo ficará bem e que voltaremos logo. Mas, quando olho para a vasta montanha que nos espera, pela primeira vez, não estou tão certa de que vai ser assim.

      D O I S

      Enquanto caminhamos rapidamente pela neve, olho ansiosamente para o céu escurecendo, sentindo o tempo pressionar. Dou uma olhada para trás por cima de meu ombro e vejo minhas pegadas na neve, além delas, vejo Ben e Rose em pé, balançando com o barco, nos observando de olhos arregalados. Rose segura Penélope, igualmente assustada. Penélope late. Eu me sinto mal pelos três ali, mas sei que nossa missão é necessária. Sei que vamos pegar suprimentos e alimentos que serão úteis para nós, também sinto que temos uma boa vantagem sobre os comerciantes de escravos.

      Eu corro em direção ao galpão enferrujado, coberto de neve e abro sua porta retorcida com um baque, rezando para que o caminhão escondido ali, há anos, ainda esteja lá. Era uma picape velha e oxidada, em péssimo estado, mais sucata do que um carro realmente, com apenas um oitavo do tanque de combustível restando. Eu a encontrei um dia por acaso, andando pela Rota 23 e decidi escondê-la aqui, perto do rio, caso um dia precisasse dela. Lembro-me de ter ficado surpresa ao ver que ainda dava para dirigi-la.

      A porta do galpão se abre com um rangido e ali está ela, escondida exatamente onde eu a deixei, ainda