Washington neste momento. Terá que aguardar que ela regresse do Maryland.”
“E quando é que regressará?” Perguntou Riley.
“Não sei. Terá que ligar novamente.”
A rececionista terminou a chamada sem dizer mais uma palavra.
Ela está no Maryland, Pensou Riley.
Fez uma pesquisa rápida e descobriu que Hazel Webber vivia na zona rural de Maryland. Não parecia um lugar difícil de encontrar.
Mas antes que Riley arrancasse, o telemóvel tocou.
“Fala Hazel Webber,” Disse uma voz do outro lado da linha.
Riley ficou surpreendida. A rececionista deve ter entrado de imediato em contacto com a congressista depois de desligar a chamada. Não esperava ter notícias da própria Webber tão rapidamente.
“Em que posso ajudá-la?” Perguntou Webber.
Riley explicou novamente que queria falar sobre algumas pontas soltas relativamente à morte da filha.
“Será que podia ser um pouco mais específica?” Perguntou Webber.
“Preferia sê-lo pessoalmente,” Disse Riley.
Webber não falou durante alguns momentos.
“Lamento mas é impossível,” Disse Webber. “E agradecia que nem você nem os seus superiores voltassem a incomodar a minha família. Estamos agora a começar a encarar a tragédia de forma mais serena. Tenho a certeza que compreende.”
Riley ficou impressionada com o tom frio da mulher. Não detetou o mínimo traço de dor.
“Congressista Webber, se me puder dispensar apenas um pouco do seu tempo…”
“Eu disse não.”
Webber terminou a chamada.
Riley ficou perplexa. Não fazia ideia de como interpretar a estranha e concisa conversa.
Só sabia que tinha tocado num ponto sensível.
E precisava ir para o Maryland imediatamente.
*
Fora uma agradável viagem de duas horas. Riley seguiu uma rota que incluía a Ponte de Chesapeake Bay, pagando a portagem para apreciar a travessia pela água.
Rapidamente se encontrou na zona rural do Maryland onde belas vedações de madeira circundavam pastos e vias bordejadas de árvores conduziam a casas elegantes e celeiros afastados da estrada.
Parou junto ao portão da propriedade dos Webber. Um guarda de uniforme saiu de uma cabina e abordou-a.
Riley mostrou-lhe o distintivo e apresentou-se.
“Estou aqui para falar com a congressista Webber,” Disse ela.
O guarda afastou-se e falou para um microfone. Depois dirigiu-se novamente a Riley.
“A congressista diz que deve ter havido um equívoco,” Disse ele. “Ela não está à sua espera.”
Riley sorriu tão amplamente quanto possível.
“Oh, está muito ocupada de momento? Não há problema, a minha agenda não é apertada. Espero aqui mesmo até ela ter tempo.”
O guarda olhou-a com desconfiança, tentando parecer intimidante.
“Peço desculpa mas vai ter que se retirar, minha senhora,” Disse ele.
Riley encolheu os ombros e agiu como se não o compreendesse.
“Oh, a sério, não faz mal. Não me incomoda minimamente. Posso esperar aqui mesmo.”
O guarda afastou-se e falou novamente para o microfone. Depois de fitar Riley silenciosamente durante um instante, voltou para a sua cabina e abriu o portão. Riley atravessou-o.
Conduziu por um pasto amplo e coberto de neve onde alguns cavalos trotavam livremente. Era uma cena pacífica.
Quando chegou à casa, era ainda maior do que esperava – uma mansão contemporânea. Observou outros edifícios bem conservados.
Um homem Asiático foi ter com ela à porta sem proferir uma palavra. Era praticamente tão grande como um lutador de sumo o que tornava o seu fato de mordomo formal parecer grotescamente inapropriado. Conduziu Riley por um corredor com um chão de madeira vermelha-acastanhada de aspeto dispendioso.
Por fim, foi cumprimentada por uma mulher pequena e de aspeto sombrio que sem dizer uma palavra a conduziu para um gabinete assustadoramente limpo.
“Espere aqui,” Disse a mulher.
Ela saiu, fechando a porta atrás de si.
Riley sentou-se numa cadeira junto à secretária. Passaram-se vários minutos. Riley sentia-se tentada a espreitar materiais que se encontravam na secretária ou mesmo no computador. Mas ela sabia que cada um dos seus movimentos estava a ser gravado por câmaras de segurança.
Finalmente, a congressista Hazel Webber entrou no gabinete.
Era uma mulher alta – magra mas imponente. Não parecia suficientemente velha para estar no Congresso há tanto tempo quanto Riley pensara – Nem parecia suficientemente velha para ter uma filha com idade para ir para a faculdade. Uma certa rigidez à volta dos olhos podia ser normal ou induzida pelo Botox ou ambos.
Riley lembrava-se de a ver na televisão. Quando geralmente conhecia alguém que vira na televisão, ficava surpreendida pelo aspeto diferente que apresentavam na vida real. Estranhamente, Hazel Webber parecia exatamente a pessoa que vira na TV. Era como se ela fosse verdadeiramente bidimensional – um ser-humano anormalmente superficial de todos os ângulos.
O que vestia também intrigava Riley. Porque é que usava um casaco por cima da camisola leve? A casa era com certeza suficientemente quente.
Deve ser parte do seu estilo, Imaginou Riley.
O casaco dava-lhe um aspeto mais formal do que se se apresentasse apenas de calças e camisola. Talvez também representasse uma espécie de armadura, uma proteção contra qualquer contacto genuinamente humano.
Riley levantou-se para se apresentar, mas Webber falou primeiro.
“Agente Riley Paige, UAC,” Disse ela. “Já sei.”
Sem proferir mais nenhuma palavra, sentou-se à secretária.
“O que é que me quer dizer?” Disse Webber.
Riley sentiu-se alarmada. É claro que não tinha nada para lhe dizer. A sua visita era um bluff e de repente pareceu-lhe que Webber não era o tipo de mulher que fosse fácil de enganar. Riley já estava demasiado submersa para se safar.
“Na verdade estou aqui para lhe fazer perguntas,” Disse Riley. “O seu marido está em casa?”
“Sim,” Disse a mulher.
“Seria possível falar com ambos?”
“Ele sabe que está cá.”
O facto de não responder desarmou Riley, mas teve o cuidado de não o demonstrar. A mulher ficou os seus olhos frios e azuis nos de Riley. Riley não pestanejou. Limitou-se a devolver-lhe o olhar, esperando por uma subtil batalha de vontades.
Riley disse, “A Unidade de Análise Comportamental está a investigar o número pouco normal de aparentes suicídios em Byars.”
“Aparentes suicídios?” Disse Webber, arqueando uma única sobrancelha. “Não descreveria o suicídio de Deanna como ‘aparente’. Pareceu-nos bastante real a mim e ao meu marido.”
Riley juraria que a temperatura na sala descera alguns graus. Webber não demonstrava a mais pequena emoção ao referir o suicídio da filha.
Tem água gelada a correr-lhe nas veias, Pensou Riley.
“Gostava