ele, caso ela começasse com perguntas.
“E aí, ficou com medo?”, disse Toya para mexer com ela, ganhando em troca um olhar furioso que mostrava seu aborrecimento. Então, essa garota pensou que poderia manobrá-lo. Bem, ia ser divertido vê-la olhando daquele jeito para Kyou. Ele já tinha visto o medo que Kyou era capaz de instilar instantaneamente em alguém sem ter que dizer uma palavra.
“Ótimo, eu levarei você assim que estiver pronta”, disse Toya, lançando o desafio para ver se el mordia a isca.
A raiva de Kyoko diminuiu um pouco ao ouvir isso. Empurrando o prato ela disse que sim com a cabeça, satisfeita por desmascarar o blefe dele. “Estou pronta quando você estiver”. Ela arqueou uma sobrancelha para ele.
“Qual é a pressa?” Toya ficou de pé com um sorriso. “É melhor você abafar seu temperamento com uma tampa ou ele vai perceber”, disse rindo, pois ela não tinha ideia de onde estava se metendo.
Kyoko semicerrou os olhos para ele e levantou-se encarando Suki e Shinbe. “Falo com vocês depois que tiver terminado, se vocês vierem me apanhar. Estarei em meu quarto esperando e poderemos fazer planos para hoje à noite”. Ela piscou para Suki e olhou de novo para Toya, acrescentando com uma voz inexpressiva. “Isto é, se eu decidir ficar”.
Ele se afastou dela zangado e ela, observando sua retirada, acenou para os outros por cima do ombro enquanto o seguia. Rapidamente ela notou como os outros estudantes saíam apressadamente do caminho de Toya e se afastavam com ar pensativo. “O que ele era?” O valentão da escola?”
Kyoko não ia lhe dar a satisfação de sair correndo para se emparelhar com ele, foi andando no seu próprio passo, propositalmente ficando para trás. Ligeiramente zangada ainda, ela quase corou quando se surpreendeu mirando o traseiro de Toya. A visão do cabelo dele roçando o assento de suas calças e dando-lhe um vislumbre da nádega firme que estava por baixo, só a deixava mais irritada. Irritante e atraente não passava de uma péssima combinação.
Sacudindo a cabeça mentalmente, ela continuou a segui-lo maldizendo seus olhos errantes. “Só mesmo um completo idiota poderia imaginar que alguém que você não suporta pode ser atraente! Murmurou entredentes. “Irritante... Hostil e, talvez arrogante, mas nunca atraente”, pensou ela sorrido e já se sentindo melhor.
A conscientização de algo estanho subiu por sua espinha e seu olhar disparou para um ponto acima dela ficando preso em olhos escuros que perfuravam os seus. O sujeito estava se apoiando na parede no topo da escada observando-a. Seus cabelos de ébano desciam pelos seus ombros e costa em ondas e seus olhos negros meia-noite eram intensos. Ele parecia muito atraente, mas, ela se sentiu ameaçada.
Desviou o olhar dele. ´Kyoko, controle-se. Pare de analisar todo o mundo que você vê´─ disse para si mesma severamente, embora tentasse olhar para cima para encará-lo com seus olhos verde-esmeralda.
“Aí está a garota mais bonita do campus”.
Kyoko sentiu um braço forte em torno de seus ombros e virou-se para olhar, reconhecendo a voz de quem tinha mostrado qual quarto era o seu na parte da manhã. Percebeu as pontas de seu cabelo novamente fazendo cócegas no rosto e uma brisa vinda de parte alguma pareceu acariciar suas bochechas.
Ela lhe deu um sorriso caloroso, mas ao mesmo tempo deu um jeito de escapulir e tirou o braço dele. “Kotaro, é bom vê-lo de novo. Obrigado pela sua ajuda de manhã, falou Kyoko com voz nervosa querendo que ele agisse com menos familiaridade com ela. Ela o achava legal, mas nunca disse que ele podia pôr o braço no seu ombro.
Kotaro agia naturalmente e, tomando a mão dela entre as suas, disse: “Posso acompanha-la a algum outro lugar, Kyoko?” Olhou fundo em seus olhos verde-esmeralda sabendo que eles os tinha visto antes, em algum lugar. E tinha uma vaga lembrança de ter mergulhado com muita alegria neles.
Kyoko olhou para cima e viu que Toya tinha parado e estava olhando irritado para trás. Ela poderia jurar que o tinha ouvido resmungar para ela ou para Kotaro, estava na dúvida para quem.
Toya não sabia que Kotaro também estava a fim, mas não gostou do jeito tão amigável dele com Kyoko. Rosnou do fundo do peito enquanto dizia: “Deixe por minha conta Kotaro, a menos que você queira levá-la até Kyou”. Olhou firme para Kotaro, sabendo que ele nunca chegaria perto de Kyou salvo se fosse por alguma aula ou se fosse chamado.
Kotaro soltou a mão de Kyoko: “Espero que tudo esteja bem, Kyoko”. Deu a Toya uma olhar de desaprovação e virou-se para ela: “Cuidado para não ter queimaduras de frio aqui”. Se você não puder controlá-lo, eu dou um jeito nele para você”. Kotaro deu um olhar presunçoso para Toya, assentiu com a cabeça para Kyoko e desceu a escada.
Kyoko ouviu Toya resmungando e ficou olhando enquanto ele se afastava pelo corredor, percorrendo o mesmo caminho que ela tinha feito de manhã.
Dessa vez ela se apressou e emparelhou com ele bem a tempo de vê-lo entrar pelas portas com o aviso NÃO ENTRE. Kyoko ficou imaginando para onde eles teriam ido. Enquanto ela seguia seu marchar militar, lhe ocorreu que ele a levava outra vez para seu próprio quarto. Quando ele por fim parou em frente de sua porta, Toya virou-se para ela que retribuiu encarando-o com raiva até que ele acenou para a porta em frente e bateu com o nó dos dedos.
Kyoko estava chocada. O proprietário estaria na sala bem em frente dela? Ela lembrou-se novamente das palavras de seu irmão. “Incrível!” Sem esperar por uma resposta, Toya abriu a porta e a empurrou para a frente.
Imediatamente, Kyoko voltou-se para ele. “Não sei qual é o seu problema, mas você poderia parar de me empurrar” ─ falou para espantá-lo ─,”ou de encostar em mim. Não te fiz nada!” Sentiu os cabelos da nuca ficarem arrepiados quando percebeu que Toya a encarava.
Kyoko murchou, vendo o que tinha feito. Será que tinha sempre que perder a calma sem pensar ou considerar quem podia estar olhando?
Toya viu Kyoko ficar tensa e deu um risinho baixando os olhos para a garota que lhe parecia ser tão pequena de repente. “Você não queria falar com alguém?”. Quando Kyoko não respondeu, Toya olhou para Kyou e semicerrou os olhos quando viu que Kyou estava encostado na porta da sala, olhando Kyoko como se estivesse em transe.
“O que será isso?” Pensou Toya consigo mesmo. Por que Kyou olhava para ela com se estivesse vendo um fantasma? De certa maneira, ele não queria admitir a inveja que aquilo lhe causava. A cena lhe dava uma sensação de arrepio fazendo-o querer ficar entre eles e bloquear Kyoko da visão de Kyou. Ele queria protegê-la.
Kyou ficou momentaneamente sem palavras, vendo Kyoko de tão perto e pela primeira vez depois de mais de mil anos. Até mesmo o ar em torno dela zumbia tão forte como ele se lembrava, a mesma força inegável que o atraíra no passado e que não desaparecera.
Seus olhos dourados examinaram o guardião atrás dela meio com marcada indiferença. “Toya, deixe-nos.” Podia-se ouvir o tom ameaçador de sua voz.
Um grunhido se formou na parte de trás da garganta de Toya e seus punhos se cerraram com raiva enquanto um sentimento cada vez mais forte se apoderava dele vindo de algum lugar desconhecido, escondido profundamente dentro de sua memória. Sem dizer mais nada, Toya virou-se e saiu bruscamente pela porta, batendo-a atrás dele,
Kyoko observou Toya partir enquanto por sua mente passavam pensamentos caóticos sem cessar. De repente sentiu o impulso de correr atrás dele. Resolvendo não ser covarde ergueu o queixo, encontrou coragem e virou finalmente o corpo apenas para não acreditar no que via.
Em vez do idoso em terno engomado que esperava ver, encontrava-se frente a frente com um par de olhos dourados que a queimavam e a faziam sentir impotente para desviar o olhar. Seu cabelo prateado cobria seus ombros naquela corpo perfeitamente esculpido. Ele era alto, belo, com um toque de arrogância em torno de um corpo verdadeiro e de um rosto que só poderia ser um presente do céu.
Kyoko fechou os olhos instantaneamente. “O que houve com ela?” Ela veio aqui para fazer perguntas, não para salivar de encantamento. Quando ela abriu os olhos de novo ele estava bem mais próximo. Ela