Barbara Cartland

Duelo De Corações


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CORAÇÕES

      Barbara Cartland

      Barbara Cartland Ebooks Ltd

      Esta Edição © 2016

      Título Original: "A Duel of Hearts"

      Direitos Reservados - Cartland Promotions 2016

      Capa & Design Gráfico M-Y Books

       m-ybooks.co.uk

      CAPÍTULO I 1821

      Caroline açoitou os cavalos para que o faetonte ganhasse maior velocidade.

      —Que horas são?— perguntou.

      Sir Montagu tirou do bolso do colete o relógio de ouro. Havia luar, mas as árvores que sombreavam a estrada e os balanços da carruagem impediram-no de ver os ponteiros imediatamente.

      —Três minutos para as nove— informou alguns segundos depois—, estamos indo melhor do que eu esperava!

      —Não seja tão otimista, sir. Você escolheu o trajeto mais longo, embora haja menos tráfego nesta estrada.

      —Engana-se. Uso muito este caminho e asseguro-lhe que ganhamos algumas milhas seguindo por aqui. Lady Rohan deve ter ficado intrigada quando nos perdeu de vista.

      —Acha que chegaremos à casa de sua irmã antes de lady e lorde Rohan?

      —Não tenho a menor dúvida. Enquanto aqueles dois se julgam na dianteira, nós estamos quase chegando à casa de minha irmã.

      —Vai ser divertido ver a expressão de espanto dos dois quando, ao chegarem à casa de sua irmã, nos encontrarem esperando por eles— disse Caroline, muito eufórica—, quantas milhas ainda faltam?

      —Quatro, suponho. Logo adiante retomaremos a estrada principal— informou sir Montagu.

      —E estaremos bem adiante da carruagem de lady Rohan!— Caroline acrescentou com entusiasmo.

      Avistando uma curva ela refreou um pouco os cavalos. A viagem já durava quase duas horas e os alazães não se mostravam cansados. Vibrando de alegria, Caroline reconheceu que sir Montagu não havia exagerado ao afirmar que aqueles belos puros- sangues eram os mais velozes de Londres.

      Após a curva uma vila surgiu à vista, banhada pelo luar. Ao redor de um terreno gramado viam-se algumas casinhas. Mais além estava uma estalagem toda iluminada. Sobre a porta da frente uma tabuleta balançava produzindo estalidos. Vendo que mais adiante se estendia a estrada principal, Caroline ergueu o chicote mas o cavalariço, sentado no banquinho traseiro do faetonte, gritou, alertando-a:

      —Desculpe, milady, mas há alguma coisa errada com o eixo da roda esquerda.

      —O que poderia ser?— Caroline indagou, consternada—, nada notei de errado.

      —Ouvi um barulho esquisito, milady— o rapazinho insistiu.

      —Se parar um pouco posso dar uma olhada nessa roda.

      —Oh, isto é de acabar com a paciência de um santo!— Caroline desabafou, estacionando diante da estalagem—, depressa, garoto, veja o qual é o problema. Posso jurar que você está imaginando coisas.

      O cavalariço saltou agilmente do banquinho, sir Montagu também desceu da carruagem e ambos foram examinar a roda em questão.

      —Está tudo em ordem, não é mesmo?— Caroline perguntou, ansiosa.

      —Lamento dizer, mas o rapaz tem razão. O eixo está rachado—, sir Montagu respondeu—, será perigoso continuarmos a viagem.

      —Que falta de sorte!— Caroline reclamou.

      —Acalme-se. Por que não esperamos na estalagem, enquanto alguém conserta a roda?— sir Montagu sugeriu.

      —Logo agora que estamos quase chegando, tinha de acontecer uma coisa aborrecida como esta?— Caroline protestou ao descer.

      —Pode ser que o conserto não demore mais que alguns minutos. Vamos, Caroline eu a acompanho ao interior da estalagem. Já estive aqui algumas vezes e afirmo que é um lugar agradável. Podemos tomar um pouco de vinho. Minha garganta está seca.

      —Está bem— Caroline suspirou—, mas, por favor, exija que consertem a roda o mais rapidamente possível.

      Sir Montagu voltou-se para cavalariço e ordenou-lhe:

      —Vá depressa, rapaz, conduza o faetonte até as cavalariças, veja o que pode ser feito e volte para nos dizer quanto tempo devemos esperar.

      O interior da estalagem era bem limpo. No salão, o fogo ardia na grande lareira, criando uma atmosfera de aconchego. Apenas um homem se achava sentado diante do fogo, com as pernas esticadas, tomando vinho.

      Assim que viu o casal entrando empertigou-se na cadeira, e ergueu as sobrancelhas numa expressão de espanto.

      Ao vê-lo, Caroline notou que era jovem, tinha olhos e cabelos negros, estes penteados no último estilo. Vestia-se no rigor da moda e no elegante casaco verde-oliva os botões dourados brilhavam. Era, sem dúvida, um dândi. As grossas sobrancelhas, quase se unindo sobre o nariz, comprometiam um pouco sua beleza, emprestando-lhe um ar de permanente carranca. Os lábios cheios, ligeiramente caídos nos cantos da boca, davam a quem o observasse a impressão de que ele encarava a vida de modo zombeteiro.

      —Sente-se perto da lareira— sir Montagu sugeriu a Caroline—, vou pedir uma garrafa de vinho.

      Nesse instante o jovem dândi levantou-se.

      —Reversby!— exclamou—, o que faz aqui?

      O tom de voz e sua expressão indicaram que a presença do recém-chegado não lhe era agradável.

      —Não vejo razão para responder à sua pergunta— disse sir Montagu secamente— por acaso você comprou este lugar?

      Caroline sentiu-se constrangida. Lembrando-se de que não ficava bem estar àquela hora numa estalagem, com um homem, abaixou a cabeça, esperando que o chapéu lhe esconde sse o rosto.

      Ficou aliviada ao ouvir uma voz feminina às suas costas, perguntando-lhe:

      —Vossa Senhoria não deseja subir e aguardar lá em cima?

      —Sim, obrigada.

      A proprietária, senhora de aparência agradável, pegou uma vela e conduziu Caroline ao primeiro andar.

      —Aqui ficará à vontade, milady. E o melhor quarto que temos. Raramente é usado, mas quando recebemos a mensagem de sir Montagu, esta manhã, fizemos questão de deixar o quarto bem limpo, impecável, além de arejado. As plumas de ganso do colchão foram trocadas na última festa de São Miguel.

      A mulher aproximou-se da enorme cama com dossel para exibir o colchão confortável e volumoso. Da porta, Caroline a observava com os olhos arregalados e cheios de espanto.

      —A senhora disse que recebeu a mensagem de sir Montagu pela manhã?

      —Sim, milady. Um cavalariço chegou por volta das onze dizendo que sir Montagu passaria a noite aqui com a esposa. Ele é um cliente antigo, mas não sabíamos que se havia casado. Oh, seu marido é um autêntico cavalheiro. Aceite minhas felicitações, milady.

      —Obrigada…

      O tom de voz quase inaudível de Caroline fez a mulher dizer depressa:

      —Oh, está cansada, milady e eu aqui, tagarelando, quando afinal devia estar a providenciar-lhes o jantar. Por favor, descanse um pouco. Quando estiver pronta para descer, toque a campainha e virei buscá-la.

      —Obrigada— Caroline repetiu.

      Assim que a proprietária saiu, fechando a porta, Caroline ficou alguns segundos parada, trêmula, tentando refletir. Então, sir Montagu havia planejado tudo! A história do eixo quebrado não passara de uma encenação e ela, idiota, se deixara enganar.

      De