Johannes Biermanski

A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2)


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especialmente aos judeus. Mas, separadas de quê? Como os 2.300 dias foram o único período de tempo mencionado no capítulo oito, devem ser o período de que as setenta semanas se separaram; estas devem ser, portanto, uma parte dos 2.300 dias, e os dois períodos devem começar juntamente. Declara o anjo datarem as setenta semanas da saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém. Se se pudesse encontrar a data desta ordem, estaria estabelecido o ponto de partida do grande período dos 2.300 dias.

      No sétimo capítulo de Esdras acha-se o decreto. (Esdras 7: 12-26). Em sua forma completa foi promulgado por Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 antes de Cristo. Mas em Esdras 6:14 se diz ter sido a casa de YAHWEH em Jerusalém edificada "conforme o mandado [ou decreto, como se poderia traduzir] de Ciro e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia." Êstes três reis, originando, confirmando e completando o decreto, deram-lhe a perfeição exigida pela profecia para assinalar o início dos 2.300 anos. Tomando-se o ano 457 antes de Cristo, tempo em que se completou o decreto, como data da ordem, viu-se ter-se cumprido tôda a especifcação da profecia relativa ás setenta semanas.

      "Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas" - a saber, sessenta e nove semanas ou 483 anos. O decreto de Artaxerxes entrou em vigor no outono de 457 antes de Cristo. A partir desta data, 483 anos estendem-se até o outono do ano 27 de nossa era. (...) Naquele tempo esta profecia se cumpriu. A palavra "Messias" significa o "Ungido." No outono do ano 27 de nossa era, o Messias foi batizado por João, e recebeu a unção do Espírito. O apóstolo S. Pedro testifica que "YAHWEH ungiu a Yahshua de Nazaré com o Espírito santo e com virtude." Atos 10:38. E o próprio Salvador declarou: "O Espírito de YAHWEH é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres." S. Lucas 4:18. Depois de Seu batismo Êle foi para a Galiléia, "pregando o evangelho do reino de YAHWEH, e dizendo: O tempo está cumprido." S. Marcos 1:14 e 15.

      "E Êle firmará concêrto com muitos por uma semana." A "semana," a que há referência aqui, é a última das setenta, são os últimos sete anos do período concedido especialmente aos judeus. Durante êste tempo, que se estende do ano 27 ao ano 34 de nossa era, o Messias, a princípio em pessoa e depois pelos Seus discípulos, dirigiu o convite do evangelho especialmente aos judeus. Ao saírem os apóstolos com as boas novas do reino, a recomendação do Salvador era: "Não ireis pelos caminhos das nações, nem entrareis em cidades de samaritanos; mas ide às ovelhas perdidas da casa de Israel." S. Mateus 10:5 e 6.

      "Na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares." No ano 31 de nossa era, três anos a meio depois de Seu batismo, nosso Senhor foi crucificado. Com o grande sacrifício oferecido sôbre o Calvário, terminou aquêle sistema cerimonial de ofertas, que durante quatro mil anos haviam apontado para o Cordeiro de Deus. O tipo alcançou o antítipo, e todos os sacrifícios e ofertas daquele sistema cerimonial deveriam cessar.

      As setenta semanas, ou 490 anos, especialmente conferidas aos judeus, terminaram, como vimos, no ano 34. Naquele tempo, pelo ato do sinédrio judaico, a nação selou sua recusa do evangelho, pelo martírio de Estêvão e perseguição aos seguidores do Messias. Assim, a mensagem da salvação, não mais restrita ao povo escolhido, foi dada ao mundo. Os discípulos, forçados pela perseguição a fugir de Jerusalém, "iam por tôda a parte, anunciando a Palavra." Filipe desceu à cidade de Samaria e pregou ao Messias. S. Pedro, divinamente guiado, revelou o evangelho ao centurião de Cesaréia, Cornélio, que era temente a Deus; e o ardoroso S. Paulo, ganho à fé cristã, foi incumbido de levar as alegres novas "a as nações de longe." Atos 8:4 e 5; 22:21.

      de: "A Grande Controvérsia", de Ellen G. White, pág. 205, ISBN 978-3-939979-23-4

      Até aqui, cumpriram-se de maneira surpreendente tôdas as especificações das profecias a fixa-se o início das setenta semanas, inquestionàvelmente, no ano 457 antes de Cristo, a seu têrmo no ano 34 de nossa era. Por êstes dados não há dificuldade em achar-se o final dos 2.300 dias. Tendo sido as setenta semanas - 490 dias - separadas dos 2.300 dias, ficaram restando 1.810 dias. Depois do fim dos 490 dias os 1.810 dias deveriam ainda cumprir-se. Contando do ano 34 de nossa era, 1.810 anos se estendem a 1844. Conseqüentemente, os 2.300 dias de Daniel 8:14 terminam em 1844. Ao expirar êste grande período profético, "o santuário será purificado," segundo o testemunho do anjo de Deus. Dêste modo foi definitivamente indicado o tempo da purificação do santuário, que quase universalmente se acreditava ocorresse por ocasião do segundo advento.

      Miller e seus companheiros a princípio creram que os 2.300 dias terminariam na primavera de 1844, ao passo que a profecia indicava o outono daquele ano. (...) A compreensão errônea dêste ponto trouxe desapontamento e perplexidade aos que haviam fixado a primeira daquelas dates para o tempo da vinda do Senhor. Isto, porém, não afeto nem de leve a fôrça do argumento que mostrava terem os 2.300 dias terminado no ano 1844, e que o grande acontecimento representado pela purificação do santuário deveria ocorrer então.

      Devotando-se ao estudo das Escrituras, como fizera, a fim de provar serem else uma revelação de Deus, Miller não tinha a princípio a menor expectativa de atingir a conclusão a que chegara. A custo podia êle mesmo dar crédito aos resultados de sua investigação. Mas a prova das Escrituras era por demais clara e forte para que fôsse posta de parte.

      Dois anos dedicara êle ao estudo da Biblia, quando, em 1818, chegou à solene conclusão de que dentro de vinte e cinco anos, aproximadamente, o Messias apareceria para redenção de Seu povo. "Não necessito falar," diz Miller, "do júbilo que me encheu o coração em vista da deleitável perspectiva, nem do anelo ardente de minha alma para participar das alegrias dos remidos. A Bíblia era então para mim um livro novo. Considerava-a verdadeiramente um festim para a razão; tudo que, em seus ensinos, fôra ininteligível, místico ou obscuro para mim, dissipara-se-me do espírito ante a clara luz que ora raiava de suas páginas sagradas; e oh, quão brilhante e gloriosa se me apresentava a verdade! Tôdas as contradições e incoerências que eu antes encontrara na Palavra, desapareceram; e pôsto que houvesse muitas partes de que eu não possuía uma compreensão que me satisfizesse, tanta luz, contudo, dela emanara para a iluminação de meu espírito antes obscurecido, que senti, em estudar as Escrituras, um prazer que antes não supunha pudesse ser delas derivado." - Bliss.

      "Solenemente convencido de que as Santas Escrituras anunciavam o cumprimento de tão importantes acontecimentos em tão curto espaço de tempo, surgiu com fôrça em minha alma a questão de saber qual meu dever para com o mundo, em face da evidência que comovera a meu próprio espírito." - Bliss. Não pôde deixar de sentir que era seu dever comunicar a outros a luz que tinha recebido. Esperava encontrar oposição por parte dos ímpios, mas confiava em que todos os cristãos se regozijariam na esperança de ver o Salvador, a quem professavam amar. Seu único temor era que, em sua grande alegria ante a perspectiva do glorioso livramento, a consumar-se tão breve, muitos recebessem a doutrina sem examinar suficientemente as Escrituras em demonstração de sua verdade. Portanto, hesitou em apresentá-la, receando que estivesse em êrro, a fôsse, assim, o meio de transviar a outros. Foi levado, desta maneira, a rever as provas em apoio das conclusões a que chegara, e a considerar cuidodosamente tôda dificuldade que se lhe apresentava ao espírito. Viu que as objeções se desvaneciam ante a luz da Palavra de Deus [YAHWEH], como a névoa diante dos raios do Sol. Cinco anos despendidos desta maneira, deixaram-no completamente convicto da correção de suas opiniões.

      E agora o dever de tornar conhecido a outros o que cria sér ensinado tão claramente nas Escrituras, impunha-se-lhe com nova fôrça. "Quando me achava em minha ocupação," disse êle, "soava contìnuamente em meu ouvido: 'Vai falar ao mundo sôbre o perigo que o ameaça.' Ocorria-me constantemente esta passagem: 'Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares para desviar o ímpio de seu caminho, morrerá êsse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando to tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dêle, e êle se não converter de seu caminho, êle morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma.' Ezequiel 33:8 e 9. Compreendi que, se os ímpios pudessem ser devidamente advertidos, multidões dêles