Johannes Biermanski

A Bíblia Sagrada - Vol. III


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ser o representante de Cristo (do Messias). Por meio de pagãos semiconversos, ambiciosos prelados e eclesiásticos amantes do mundo, realizou ele seu propósito. Celebravam-se de tempos em tempos vastos concílios aos quais do mundo todo concorriam os dignitários da igreja. Em quase todos os concílios o Sábado que YAHWEH havia instituído era rebaixado um pouco mais, enquanto o domingo era em idêntica proporção exaltado. Destarte a festividade pagã veio finalmente a ser honrada como instituição divina, ao mesmo tempo em que se declarava ser o Sábado bíblico relíquia do judaísmo, amaldiçoando-se seus observadores.

      O grande apóstata conseguira exaltar-se “contra tudo o que se chama Elohim (D-us), ou se adora.” (2Tessalonicenses 2:4.) Ousara mudar o único preceito da lei divina que inequivocamente indica a toda a humanidade o Deus verdadeiro e vivo. No quarto mandamento YAHWEH é revelado como o Criador do céu e da Terra, e por isto Se distingue de todos os falsos deuses. Foi para memória da obra da criação que o sétimo dia foi santificado como dia de repouso para o homem. Destinava-se a conservar o Deus vivo sempre diante da mente humana como a fonte de todo ser e objeto de reverência e culto. Satanás esforçase por desviar os homens de sua aliança para com Deus e de prestarem obediência à Sua lei; dirige seus esforços, portanto, especialmente contra o mandamento que aponta a YAHWEH como o Criador.

      Os protestantes hoje insistem em que a ressurreição do Messias no domingo fê-lo o Sábado cristão. Não existe, porém, evidência escriturística para isto. Nenhuma honra semelhante foi conferida ao dia pelo Messias ou Seus apóstolos. A observância do domingo como instituição cristã teve origem no “mistério da injustiça” (2Tessalonicenses 2:7) que, já no tempo de Paulo, começara a sua obra. Onde e quando adotou YAHWEH este filho do papado? Que razão poderosa se poderá dar para uma mudança que as Escrituras não sancionam?

      No século sexto tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se ser o bispo de Roma a cabeça de toda a igreja. (Ver Apêndice.)

      Apêndice: DATAS PROFÉTICAS. - Os fatos históricos e cronológicos em conexão com os períodos proféticos de Daniel 8 e 9, incluindo muitas evidências que indubitavelmente indicam o ano 457 A. C. como o tempo exato donde começar a contar esses períodos, têm sido claramente esboçados por muitos estudiosos das profecias. Ver Stanley Leathes: Old Testament Prophecy, conferências 10 e 11 (Conferências de Warburton, para 1876-1880); W. Good, Fulfilled Prophecy, sermão 10, incluindo nota A (Conferências de Warburton para 1854-1858); A. Thom, Chronology of Prophecy, págs. 26-106 (ed. de Londres 1848); Sir Isaac Newton, Observations upon the Prophecies of Daniel, and the Apocalypse of St. John, cap. 10 (ed. de Londres, 1733, págs. 128-143); Uriah Smith, Thoughts on Daniel and the Revelation, parte 1, cap. 8, 9. Quarto à data da crucifixão ver William Hales, Analysis of Chronology, Vol. I, págs. 94-101; Vol. III, págs. 164-258 (2a ed. de Londres, 1830).

      O paganismo cedera lugar ao papado. O dragão dera à besta “o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.” (Apocalipse 13:2.) E começaram então os 1260 anos da opressão papal preditos nas profecias de Daniel e Apocalipse. (Daniel 7:25; Apocalipse 13:5-7.) Os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e culto papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelo instrumento de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo. Cumpriam-se as palavras de Yahshua: “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. E, de todos sereis odiados por causa de Meu nome.” (Lucas 21:16 e 17.)

      Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a assembleia do Messias encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: “A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Elohim (D-us), para que ali fosse alimentada durante mil e duzentos e sessenta dias.” (Apocalipse 12:6.)

      O acesso da Igreja de Roma ao poder assinalou o início da escura Idade Média. Aumentando o seu poderio, mais se adensavam as trevas. Do Messias, o verdadeiro fundamento, transferiu-se a fé para o papa de Roma. Em vez de confiar no Filho de YAHWEH para o perdão dos pecados e para a salvação eterna, o povo olhava para o papa e para os sacerdotes e prelados a quem delegava autoridade. Ensinava-selhe ser o papa seu mediador terrestre, e que ninguém poderia aproximar-se de Deus senão por seu intermédio; e mais ainda, que ele ficava para eles em lugar de Deus e deveria, portanto, ser implicitamente obedecido. Esquivar-se de suas disposições era motivo suficiente para se infligir a mais severa punição ao corpo e alma dos delinqüentes. Assim, a mente do povo desviava-se de Deus para homens falíveis, que erram e são cruéis, e mais ainda, para o próprio príncipe das trevas que por meio deles exercia o seu poder. O pecado se disfarçava sob o manto de santidade. Quando as Escrituras são suprimidas e o homem vem a considerar-se supremo, só podemos esperar fraudes, engano e aviltante iniqüidade. Com a elevação das leis e tradições humanas, tornou-se manifesta a corrupção que sempre resulta de se pôr de lado a lei de YAHWEH.

      Dias de perigo foram aqueles para a assembleia do Messias. Os fiéis porta-estandartes eram na verdade poucos. Posto que a verdade não fosse deixada sem testemunhas, parecia, por vezes, que o erro e a superstição prevaleceriam completamente, e a verdadeira religião seria banida da Terra. Perdeu-se de vista o evangelho, mas multiplicaram-se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de severas exigências.

      Ensinava-se-lhes não somente a considerar o papa como seu mediador, mas a confiar em suas próprias obras para expiação do pecado. Longas peregrinações, atos de penitência, adoração de relíquias, ereção de igrejas, relicários e altares, bem como pagamento de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram ordenados para aplacar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como se Deus fosse idêntico aos homens, encolerizando-Se por ninharias, ou apaziguando-Se com donativos ou atos de penitência!

      Apesar de que prevalecesse o vício, mesmo entre os chefes da Igreja de Roma, sua influência parecia aumentar constantemente. Mais ou menos ao findar o oitavo século, os romanistas começaram a sustentar que nas primeiras épocas da igreja os bispos de Roma tinham possuído o mesmo poder espiritual que assumiam agora. Para confirmar essa pretensão, era preciso empregar alguns meios com o fito de lhe dar aparência de autoridade; e isto foi prontamente sugerido pelo pai da mentira. Antigos escritos foram forjados pelos monges. Decretos de concílios de que antes nada se ouvira foram descobertos, estabelecendo a supremacia universal do papa desde os primeiros tempos. E a igreja que rejeitara a verdade, avidamente aceitou estes enganos (Ver Apêndice).

      Apêndice: ESCRITOS FORJADOS. - Entre os documentos que no presente se admitem geralmente como falsificações, a Doação de Constantino e as Decretais Pseudo-isidorianas são de primeira imprtância.

      Citando fatos relativos à questão - quando e por quem foi forjada a Doação de Constantino, o Sr. Gosselin, diretor do Seminário de São Sulpício (Paris), diz:

      “Posto que este documento seja inquestionavelmente espúrio, seria difícil determinar com precisão a data em que foi produzido. M. de Marca, Muratori, a outros ilustrados críticos, são de opinião que foi composto no oitavo século, antes dó reinado de Carlos Magno. Muratori julga ainda provável que possa ter induzido aquele monarca e Pepino a serem tão generosos para com a Santa Sé.” - Gosselin, Pouvoir des Papes au Moyen Âge (Paris, 1845), pág. 717.

      Sobre a data das Decretais Pseudo-isidorianas, ver Mosheim em Historiae Ecclesiasticas, liv. 3, século 9, parte 2, cap. 2, sec. 8. Conforme o Dr. Murdock, tradutor, indica em nota à margem, o ilustrado historiador católico M. L’Abée Fleury, em sua Histoire Ecclesiastique, diz a respeito destas decretais que “elas se arrastaram para a luz perto do final do século VIII”. Fleury, escrevendo perto do fim do século XVII, diz mais que essas falsas decretais foram consideradas autênticas durante o espaço de oitocentos anos; e foi com muita dificuldade que foram abandonadas no último século. É verdade que presentemente é difícil haver alguém, ainda que medianamente instruído nestes assuntos, que não reconheça que essas decretais sâo falsas.” - Fleury, Histoire Ecclesiastique, vol. 9, pág. 446 (Paris, 1742). Ver também Gibbon: Histoire de la Décadence et de la Chute de L’Empire Romain, cap. 49, pág. 16 (Paris, 1828, vol. 9, págs. 319-323).